30/11/2004

Até que enfim, sr. Presidente

Após mês e meio sem escrever neste blogue, por motivos de excesso de trabalho e desânimo perante o nosso País, volto a deixar aqui algumas palavras, na esperança de que, agora, com mais ânimo, o ritmo volte a ser o normal.
E as palavras são estas:

"Até que enfim, Sr. Presidente da República".

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12/10/2004

Toy no Iraque

Recebi um mail a informar-me que o cantor pimba Toy vai partir para o Iraque. A notícia continua referindo que a presença do músico português irá moralizar as tropas da Guarda Nacional Republicana, que estão colocadas no território em missão de paz.
No entanto, tenho uma dúvida. Qual é a real intenção desta viagem? Será realmente moralizar as tropas? Ou Santana Lopes quer dar graxa a George Bush e provar que Portugal também sabe ser cruel e torturar os iraquianos?

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03/10/2004

Diego

Não sei como é que o FC Porto consegue. Qualquer brasileiro que vá para os azuis e brancos prova o seu valor e encanta. Nos outros grandes portugueses, as grandes estrelas brasileiras são quase sempre fiascos.
Diego é uma maravilha. Tenho a certeza de que vai fazer rapidamente a genialidade de Deco pertencer a um passado distante. O passe para o último golo de McCarthy é qualquer coisa de inesquecível.
Não sei como é que o FC Porto consegue. Sinceramente, não sei.

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26/09/2004

Mystic River

Não tive oportunidade de o ver em cinema. Vi-o ontem em DVD. E arrependi-me de não ter conseguido vê-lo no grande écrã.
"Mystic River" é um filme excepcional. A prova de que um thriller pode ser contado de uma forma profundamente subtil e onde os pormenores e a intimidade das personagens ultrapassa até o interesse do "quem matou quem". Cada uma das personagens tem dilemas internos profundos, segredos por contar, traumas a ultrapassar durante o desenrolar do enredo. É uma história de amor e de medo, de traição e de ironia.
Sean Penn foi brilhante, mas todo o elenco é excepcional. A fotografia é de uma beleza extrema, com um ambiente eternamente sombrio e cinzento. Os diálogos brilhantes, com alguns momentos a merecerem ser recordados.
Vou evitar falar mais de "Mystic River" para não contar pormenores que estragem a sua visualização a quem não o tiver visto. Mas deixo um conselho a quem o fizer: não entre no filme com o objectivo de descobrir quem é o criminoso. Porque, mesmo que, por alguma razão estranha o consiga, nunca vai conseguir descobrir o enredo por trás do acontecimento, de tão irónico e envolvente com todas as outras personagens. Até porque, mesmo o desfecho que é sugerido como o mais evidente, ainda encerra muitas dúvidas de ter sido a realidade.
Encoste-se e aceite o que está perante si. É um daqueles filmes em que vale a pena ser um simples espectador que apenas ouve e vê o que lhe estão a contar, em vez de se armar em detective.
Imperdível. Dentro do género, com "Memento", "Seven", "Os Suspeitos do Costume" e "Clube de Combate", um dos melhores filmes de sempre. Só não ganhou mais do que dois óscares da Academia (melhor actor para Sean Penn e melhor actor secundário para Tim Robins (Os Condenados de Sawshank")) porque a academia tinha, nesse ano, que premiar a triologia de "O Senhor dos Anéis".

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21/09/2004

Entrevista em Cascais

Tarde excelente passada em Cascais, na belíssima Casa da Guia, na companhia da simpática Paula Pinto, promotora musical, e do artista brasileiro Maurício Mattar. Entrevista excelente, que comprova o que já pensava dele. É muito mais do que uma cara bonita que fazia de galã nas telenovelas e faz suspirar as adolescentes. É um homem com um pensamento profundo e objectivos concretos. Sabe o que quer e como quer, e tem até, pasme-se, uma forte ligação esotérica. É budista e não tem problemas em falar do assunto.
E é um grande autor da Música Popular Brasileira. Djavan, Caetano Veloso, Toquinho e Carlinhos Brown já o afirmaram. Eu, que não sou nada ao pé desses monstros da música, afirmo o mesmo.
Sem dúvidas. Espero agora que a entrevista que lhe fiz fique à altura do que merece.

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20/09/2004

Surpreendido

Já tinha ficado surpreendido com os dois avançados que Trapattoni colocou a jogar contra os eslovacos na primeira mão da eliminatória da Taça UEFA. Hoje, o técnico italino voltou a mostrar arrojo, ao colocar fazer entrar dois pontas de lança na equipa na segunda parte, para combater o empate a zero que se verificava então. Em ambas as ocasiões, a coragem foi recompensada e o Benfica, após o desastre na Liga dos Campeões, promete outros feitos.
A continuar assim, terei que retirar completamente o que disse anteriomente sobre a inadequação de Trapattoni à realidade do Benfica.
Aliás, espero bem ter que o fazer.

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19/09/2004

Visita mais do que obrigatória

Mais do que obrigatória a visita ao blogue http://doportugalprofundo.blogspot.com/, onde o seu autor fala em pormenor do processo Casa Pia, com excertos de declarações dos envolvidos no processo, com considerações e pormenores de grande importância. Excelente trabalho para quem quer tentar perceber um pouco melhor a porcaria que se passa neste País e que ainda está muito longe de ser totalmente revelada.

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31/08/2004

Frutos de Sombra

Passamos pelas coisas sem as ver,
gastos, como animais envelhecidos:
se alguém chama por nós não respondemos,
se alguém nos pede amor não estremecemos,
como frutos de sombra sem sabor,
vamos caindo ao chão, apodrecidos.

Eugénio de Andrade

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30/08/2004

Barco do aborto

O "Barco do Aborto" foi impedido pela marinha portuguesa de entrar nas águas territoriais nacionais, responsabilidade dos ultra-conservadores por trás da manutenção da falsa moral e bons costumes que minam a hipócrita sociedade portuguesa.
Correndo o risco de ser mal educado e ordinário, acredito que, se este barco tivesse vindo a Portugal há alguns anos e tivesse cumprido a sua função, esta situação não seria possível agora.

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24/08/2004

Trapattoni

Evitei fazer comentários após a derrota do Benfica frente ao Porto, na esperança de estar errado. Mas agora não tenho dúvidas. Há um grande responsável pelos resultados vergonhosos conseguidos pelo Benfica nos últimos jogos. E esse responsável é Luís Filipe Vieira.
O presidente do Benfica tem que assumir as responsabilidades da má escolha que fez ao trazer Trapattoni para o Benfica. Não está aqui em causa o profissionalismo, nem a competência da "Velha Raposa". Trata-se de perceber que nem todas as peças encaixam em todas as máquinas. Trapattoni é um excelente treinador se tiver jogadores capazes de praticar o seu futebol cerebral e calculista. Acontece que o Benfica não é uma equipa inteligente. É uma equipa emotiva. Os jogadores portugueses não são cerebrais, são virtuosos. Por isso é que a fúria espanhola de Camacho funcionava para melhorar o jogo do Benfica, porque dava ainda mais força a essa qualidade encarnada. Não a frieza de Trapattoni. Essa não cabe no Benfica, não funciona. E, sinceramente, nem quero vê-la no meu clube.
O Benfica que eu amo é a equipa emotiva, imprevisível, capaz do melhor e do pior, mas cujos espectáculos são um hino ao desporto. Não é uma equipa de jogadores cinzentos e calculistas, que preferem empatar a zero do que arriscar perder o jogo. Não é uma equipa que, a perder por três a zero, coloca mais um defesa em campo.
Mas Trapattoni também errou em termos técnicos contra o Anderlecht. Ricardo Rocha, o melhor central da equipa, e Zahovic, o jogador em melhor forma, não podiam ficar no banco. Mas a verdade é que o Benfica foi um enorme, um gigante zero. Foi vergonhoso e humilhante. Como já tinha sido contra o Porto. Aliás, para mim, a derrota contra o Porto ainda foi pior do que esta contra o Anderlecht. É que os belgas são uma equipa construída. O Porto é um grupo de jogadores a tentar construir uma equipa, depois da razia em relação à época anterior.
O que Luís Filipe Vieira tem que perceber é que um grande homem é aquele que consegue admitir os erros que comete e os corrige. Trapattoni não pode ficar no Benfica, porque não é homem para perceber o clube ou para dar-lhe o fogo necessário, pelo contrário, arrefece-o. Repito: não é uma questão de competência, é uma questão de adequação. Uma equipa de futebol é um grupo de homens. E cada grupo de homens tem que ser entendido e ter um método adequado a si. Mourinho percebe isso e, como tal, cria motivações e níveis de confiança inacreditáveis nos seus jogadores. Trapattoni não, prefere fiar-se na disciplina e na inteligência táctica.
Para o Benfica não fazer a pior época da história, só há duas soluções. Ou sai Trapattoni, ou Luís Filipe Vieira manda embora noventa por cento dos jogadores actuais e compra outro tipo deles, mais calculistas, mas sem o coração que caracteriza o meu Benfica.

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18/08/2004

Liber Mundi

Tenho passado grande parte do meu tempo livre a pesquisar e escrever sobre metafísica e o progresso espiritual. Não querendo misturar esses assuntos neste espaço, uma vez que não são bem aceites por toda a gente, muitas vezes por mero receio infundado do que ainda não conhecem ou por superstições tolas, criei um novo blogue, chamado Liber Mundi.
Nesse outro espaço irmão, colocarei os posts relacionados com essa temática, desde meros pensamentos, contos e parábolas, a estudos mais profundos sobre temas específicos como Tarot, Astrologia, estudos cabalísticos, etc, passando pelas palavras dos grandes mestres da humanidade. O objectivo é apenas partilhar a informação com quem se interesse pelos mesmos temas.
Fica já convidado a visitar esse novo espaço. Mesmo que "não acredite". Conhecer algo nunca fez mal a ninguém.

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Poemário

O Universos Desfeitos tem uma lista de poetas portugueses que vale a pena consultar. Está bastante actualizada e é extensa.
Um excelente trabalho a bem da cultura portuguesa.

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17/08/2004

Primeira medalha

Logo nos primeiros dias mdos Jogos Olímpicos de Atenas, um português alcançou uma brilhante medalha de prata, quase como que dizendo aos gregos que também somos capazes de conseguir bons resultados no “campo do adversário”. Sérgio Paulinho foi o autor do feito, na modalidade que elegeu há vários anos, o ciclismo.
Para mim, esta medalha teve um sabor algo especial, uma vez que acompanhei durante algum tempo a sua carreira, na altura em que colaborava na secção de desporto de um semanário regional e ele corria numa modesta equipa da zona de Alcobaça. Depois, o atleta deu o salto e acabei por perder-lhe o rasto. Agora, com surpresa e agrado, vejo-o ganhar uma medalha de prata na mais importante competição desportiva de todas.
Percebo que ganhar uma medalha olímpica deve ser um sentimento único. Ver a bandeira subir o mastro e ouvir os acordes do hino, ainda mais numa altura em que todos esses símbolos ganharam nova força junto do coração dos portugueses, deve provocar um momento de grande realização pessoal. É a noção clara de que toda uma nação está orgulhosa, embebida de um estranho e comovente amor comum, de que, por breves momentos, mais de doze milhões de pessoas, espalhadas pelo mundo, se emocionam e ovacionam um determinado feito.
Parabéns ao Sérgio Paulinho. Parabéns a Portugal.

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Fábrica de Sonhos

A Catarina Paramos, colega de escritas e pensamentos, pede-me para trocar o anterior link do blogue onde participava pelo novo, que se chama Fábrica de Sonhos.
Missão cumprida. Toca a visitar o novo blogue.

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13/08/2004

MPB

Na pesquisa que tenho andado a fazer sobre Música Popular Brasileira, encontro poemas de uma riqueza extraordinária, sempre com a simplicidade que caracteriza o povo brasileiro (voltarei a esse tema mais tarde). Quero, nos próximos dias, partilhar convosco alguns deles.
O primeiro, uma verdadeira obra-prima, é de um dos meus cantores brasileiros preferidos, Oswaldo Montenegro.

Metade

Que a força do medo que tenho não me impeça de ver o que anseio.
Que a morte de tudo que acredito não me tape os ouvidos e a boca.
Porque metade de mim é o que eu grito, mas a outra metade é silêncio.
Que a música que eu ouço ao longe seja linda, ainda que triste.
Que a mulher que eu amo seja sempre amada, mesmo que distante.
Porque metade de mim é partida e a outra metade é saudade.
Que as palavras que eu falo não sejam ouvidas como prece nem repetidas com fervor,
Apenas respeitadas como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimento.
Porque metade de mim é o que eu ouço, mas a outra metade é o que calo.
Que essa minha vontade de ir embora se transforme na calma e na paz que eu mereço,
Que essa tensão que me corroe por dentro seja um dia recompensada.
Porque metade de mim é o que eu penso e a outra metade é um vulcão.
Que o medo da solidão se afaste, que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável
Que o espelho reflita em meu rosto o doce sorriso que eu me lembro de ter dado na infância.
Porque metade de mim é a lembrança do que fui, a outra metade eu não sei...
Que não seja preciso mais do que uma simples alegria para me fazer aquietar o espírito.
E que o teu silêncio me fale cada vez mais.
Porque metade de mim é abrigo, mas a outra metade é cansaço.
Que a arte nos aponte uma resposta, mesmo que ela não saiba, e que ninguém a tente
Complicar porque é preciso simplicidade para fazê-la florescer.
Porque metade de mim é a platéia e a outra metade, a canção.
E que minha loucura seja perdoada.
Porque metade de mim é amor e a outra metade também.

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09/08/2004

Sonho III

Encontro continuamente um profundo pensamento metafísico nas lojas que se chamam "O meu sonho" (e há delas em todas as terras do País, pois por todo o lado existem sonhadores).
Agora, encontrei novo papel afixado na porta da dita loja, dizendo: "O Meu Sonho. Volto já"
Não é o que acontece muitas vezes? Termos que esperar pelos nossos sonhos e ganhar forças apenas das suas promessas de regresso?

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30/07/2004

Os incêndios

Continuo chocado e sem perceber como é possível que, ano após ano, aconteçam calamidades como a vaga de incêndios no nosso País. Quais são afinal as causas de todos estes incêndios? Falta de atenção das pessoas? Fogo posto? Mera subida do calor? Ou, como diz o Correio da Manhã hoje, falta de planeamento e de criação de planos de acção para a prevenção dos incêndios?
É muito complicado para mim perceber toda esta situação, ainda mais quando fico completamente arrasado com as imagens que nos chegam pela televisão dia após dia, do sofrimento das pessoas, dos bens perdidos, das vidas destruídas.
Lembro-me, como já tive oportunidade de referir em algumas crónicas que escrevi, que, quando em 2002, participei na Gala Nacional dos Bombeiros Voluntários com um poema escrito especificamente para a ocasião, os avisos eram muitos, as promessas de criação de planos de prevenção e aumento de fundos governamentais para o combate a este flagelo também.
No entanto, todos nos lembramos da desgraça que aconteceu no ano anterior. Neste, caminhamos para uma equivalente. Será que não há maneira de se traçar um plano realmente efectivo para, pelo menos, diminuir o problema?
Já agora, convido-os a lerem a crónica que escrevi no dia 6 de Agosto de 2003 sobre o tema, e que, infelizmente, continua a ser terrivelmente actual.

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28/07/2004

Visita obrigatória

O Atelier Arte e Expressão é uma associação que comemora agora quinze anos e de cuja direcção tenho a honra de ser Presidente. Muitas são as actividades culturais e sociais que levamos a cabo, e brevemente poderei colocar aqui um linque para a nova página na internet, onde poderão conhecê-la melhor.
No entanto, agora, gostava de vos convidar a visitar esta página: http://www.geocities.com/polypus2003/
Trata-se da página elaborada por jovens em risco, entre os 15 e os 21 anos, que o Atelier, através de um projecto com a colaboração da União Europeia, chamado Polypus, tenta reintegrar e formar. Visitem a página e participem nos jogos que eles criam.
É importante para saberem que a sua página é popular e que vale a pena fazer coisas construtivas. É importante o apoio de todos.

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Tempo escasso

O tempo anda escasso, entre saídas para visitar eventos, como o Mercado Medieval de Óbidos, que foi excelente e demonstra o que uma autarquia pequena pode fazer desde que tenha arrojo, imaginação e qualidade, saídas nocturnas, trabalho a dobrar para compensar o Agosto passado em férias e a obrigatória quota de horas dispensada para os amigos e família.
Mas prometo compensar aqueles que, teimosamente, ainda vão visitando esta página para ler os meus posts. É só mais dois ou três dias e terei outra vez disponibilidade consonante com a necessidade de um blogue pessoal.

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18/07/2004

Agustina

Mais vale tarde do que nunca. Leio a entrevista que Agustina Bessa-Luís deu ao Público e à Renascença e retenho um excerto que gostaria de partilhar.
"Lembro-me do meu irmão dizer, quando comecei a escrever, que se estivesse na América seria rapidamente célebre. E eu dizia que felizmente isso não acontece. Porque é muito importante a dificuldade. É preciso sentir que não é fácil escrever - como não é, de resto, fácil viver. O [escritor] Ferreira de Castro dizia que era preciso ter cuidado com o êxito fácil. E é um bom conselho. "
É, de facto, um óptimo conselho para qualquer momento da vida.

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16/07/2004

Barrabás

Muitos dias de ausência por excesso de afazeres e alguma falta de inspiração para posts curtos. Pelo meio, o recomeço de um romance que estava parado a meio há mais tempo do que devia, e o regresso à leitura de bons romances.
Reconciliado com a leitura (há alguns meses que simplesmente não me conseguia concentrar em qualquer livro), em dez dias, três excelentes obras, que todas aconselho: "A Cartuxa de Parma", de Stendhal, "Barrabás", de Par Lagerkvist, e "Seara de Vento", de Manuel da Fonseca.
"Barrabás", particularmente, é impressionante. Lagerkvist conseguiu encarnar na personagem bíblica, neste criminoso que foi libertado da cruz para que Jesus fosse crucificado, toda a humanidade, os seus anseios, as dúvidas, a vontade de ter fé e de acreditar, os medos, as fraquezas e as forças. Barrabás é uma personagem fascinante, com o seu drama cruel de tentar perceber por que razão é que a justiça o libertou, sendo culpado de vários crimes, deixando um homem inocente, que pregava o amor e a paz, ser castigado. Sempre tive vontade de me debruçar sobre esta figura para um romance. Mas, agora, depois de ler este livro, percebo que não vale a pena. Não poderia nunca criar uma obra que dignificasse mais a excelência desta figura do que a que acabei de ler.

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03/07/2004

Sophia

Não há nada a fazer quando a morte chama o nome dos Homens. Não há nada que se possa fazer para impedir essa viagem, dolorosa para os que ficam, incógnita para os que partem.
Sophia de Mello Breynner Andresen foi chamada e deixou mais pobre um País que, ainda que pouco dado à leitura e poesia, sabia reconhecer o seu talento, a forma límpida como escrevia a natureza e o amor, a magia das crianças e as pequenas coisas do dia a dia.
É sempre fácil fazer homenagens quando alguém parte. Nessas alturas, todos são recordados pelo bem e pelo talento. No meu caso, sinto-me absolvido. Prestei-lhe homenagem cada vez que me emocionei com os seus poemas. E, mais singelamente na altura, mas agora de uma importância acrescida, quando dei o seu nome a uma gata branca e de olhar azul e sonhador que veio parar a minha casa.
E essa ainda aqui está, ao meu lado, deitada confortavelmente a dormir, como se lhe nascesse no sonho algum novo poema.

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01/07/2004

PP

É impressão minha ou ninguém ficou espantado com o facto de, no meio de toda esta polémica com a saída de Durão Barroso para a Europa, o Partido Popular, normalmente tão inflamado e crítico, apoiar sem reservas qualquer decisão do PSD a respeito da sucessão do ex-primeiro-ministro?
O que alguns lugares no Governo não fazem...

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A universalidade de Portugal

A coisa bonita de ser português é esta universalidade que nos acompanha. Neste momento, quase todo o mundo, incluindo os adeptos dos países que foram eliminados por Portugal, estão a torcer pela nossa vitória na final do Europeu.
As manifestações de alegria e os festejos no Brasil, em Timor, em Moçambique, em Angola, as crianças holandesas que gritavam por Portugal no final do encontro, tudo isso demonstra bem essa magia que acompanhou sempre o nosso povo ao longo das eras.
Nunca fomos conquistadores nem guerreiros. Fomos sempre colonizadores e companheiros de cultura e vida, pelo que não temos inimigos nem vendettas. E essa universalidade está também patente na criatividade que nos acompanha, que choca muito com a eficiência e método que a vida por vezes exige, mas que é a maior de todas as qualidades, se for utilizada com confiança e sem complexos.
Seria tão bom que esta fase de optimismo, de alegria e de confiança na nossa genialidade enquanto povo não terminasse com o euro, com o seu sucesso desportivo e organizativo. Que se mantenha sempre.

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28/06/2004

Durão na Europa

Compreendo que os portugueses estejam indignados com a partida de Durão Barroso para a Europa, até porque a alternativa apresentada para primeiro-ministro português é Pedro Santana Lopes (que assim sobe mais um degrau na sua escada do poder).
No entanto, olhando para trás e para a governação feita até agora, Portugal só pode ganhar com a saída de Durão. Primeiro, ganhamos uma voz importante na União Europeia e mais poder dentro da organização, ainda que a reboque da administração Bush e dos favores que fez a todo esse eixo de poder. Segundo, sem Barroso, haverá uma remodelação grande no Governo, que nunca poderá mudar para pior.
A saída de Durão só representa uma coisa: Afinal o PPD-PSD não mentiu. A retoma está mesmo a começar.

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24/06/2004

A loucura de Portugal

Finalmente o que se espera dos portugueses. Uma atitude fantástica, uma luz enorme.
Não vou falar do jogo, que foi brilhante. Não vou falar do golo de Rui Costa, que vale um Europeu inteiro.
Falo apenas da loucura. Portugal ganhou o jogo porque se relembrou do poder da loucura. Postiga, em pressão insuportável, em vez de marcar um penalty de maneira normal, picou a bola para um golo de belo efeito, mas de grande risco, que poderia crucificá-lo, caso falhasse, que podia colocar um país inteiro em lágrimas. A seguir, Ricardo tirou as luvas para defender a bola, numa atitude de louca determinação. E conseguiu. Depois, quis ser ele a marcar e deu a vitória a Portugal.
A loucura é o caminho do Português, o divino improviso, a genialidade, a ligação com o que não pode ser explicado. Assim, Portugal não poderá perder nunca. Da mesma maneira que, no passado, não perdeu batalhas em que estava em grande inferioridade numérica. Da mesma maneira que, munido de alguns marinheiros e barcos, resolveu andar pelos perigosos mares e descobriu novos mundos. A genialidade da loucura é o trunfo de Portugal e é preciso assumi-lo.
É que não se pode perder nunca aquele que não sabe qual o caminho a seguir.

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21/06/2004

Considerações

Agora, com mais calma, penso na vitória portuguesa sobre a Espanha e chego a algumas conclusões.

- Temos que agradecer parte da vitória ao nosso agente infiltrado, Carlos Queirós. Fez um excelente trabalho em Madrid, ao destruir a equipa galática do Real, desmoralizando assim os seus atletas, que foram achincalhados e humilhados pela comunicação social espanhola e mundial. Curiosamente, o único jogador do Real que escapou às críticas foi Figo. De resto, bem se viu, por exemplo, a sombra que Raul, eventualmente o melhor avançado do mundo, foi de si próprio neste Europeu. Em compensação, José António Camacho, não percebendo o duelo ibérico, chegou a Portugal e devolveu a mística ao Benfica, ajudando a que, por exemplo, Nuno Gomes estivesse confiante e moralizado no momento em que desferiu o golpe mortal no peito espanhol.

- A eliminação da Espanha acaba por ser algo prejudicial em termos económicos, pois os milhares de turistas espanhóis irão, com certeza, para casa, e não deixarão, com toda a certeza, os seus euros por cá. No entanto, temos mesmo é que rezar para que não nos calhe a Inglaterra na próxima ronda. Porque, já se sabe, iríamos "marchar contra os canhões", dar uma coça nos ingleses e enviá-los para casa e, com isso, perderíamos os muitos milhares de euros que a Sra. Beckham gasta por cada dia que passa em Portugal. E, numa altura em que estamos tão necessitados de verbas que nos permitam aumentar o PIB nacional, não podemos perder a sua estadia no nosso País. É que Vitória Beckham, sozinha, vale por muitos espanhóis. Com ou sem dinheiro, obviamente.

-

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20/06/2004

Até que enfim

Agora sim, Portugal mostrou qualidade. Foi um bom jogo da equipa das quinas frente à Espanha. Ricardo Carvalho e Nuno Valente foram enormes e mostraram por que razão foram campões europeus pelo Futebol Clube do Porto. No meio campo, Deco, Figo e Cristiano Ronaldo jogaram a grande nível. Figo finalmente arrancou uma grande exibição neste europeu. Maniche surpreendeu-me pela intensidade com que encarou o jogo, pela disponibilidade.
No ataque, já se sabe. Nuno Gomes é melhor que Pauleta, joga mais para o colectivo e é mais inteligente. Tinha sido outra das grandes sugestões que eu fiz após o jogo com a Grécia. Assim temos uma equipa.
Tivemos alguma sorte, é verdade. Os espanhóis enviaram duas bolas ao poste. Mas Portugal também teve boas oportunidades para aumentar a vantagem, que poderiam ter aumentado ainda mais a vergonha espanhola.
Mas os falhanços, assim como os golos, são coisas do futebol. E agora só há uma coisa realmente importante para dizer: Viva Portugal!

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16/06/2004

Esperança de estar errado

Depois da derrota com a Grécia, escrevi um post impiedoso sobre a selecção. Porque fiquei magoado, porque vi erros, porque partilhei da dor de um País que esperava um pouco de alegria. E que a merecia.
Mas agora, a poucas horas do jogo com a Rússia, quase que me esqueci do que aconteceu naquele jogo. E só passaram 3 dias desde então.
Agora já não me lembro da Grécia, nem dos erros infantis da equipa portuguesa. Só espero que os jogadores nacionais me façam engolir tudo o que escrevi há três dias. Que o Paulo Ferreira mostre que é um jogador de grande classe e que o Pauleta marque dois golos.
Espero ter errado. Tenho esperanças de que venha a ter que pedir desculpas pelas minhas palavras.

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Eleições

Evitei fazer comentários aos resultados eleitorais do passado domingo. Há muitos especialistas a fazê-lo. No entanto, agora que já passaram alguns dias, posso congratular-me com o resultado. O PSD foi castigado sim. Não vale a pena falar dos dias de praia, do 10 de Junho ou do Euro. A abstenção pode ter sido grande, o que é pena e vergonhoso, mas os que votaram não deixam de saber o que estão a fazer. A coligação tem feito um mau trabalho à frente do País e os portugueses estão fartos.
Não foi apenas um resultado de europeias. De certeza que o actual governo será penalizado nas próximas legislativas.
E atenção ao Bloco de Esquerda. Não me admiro nada que, nas próximas eleições, atinja os seis ou sete por cento dos votos.

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12/06/2004

Vergonha

Não concordo quando ouço dizer que os jogadores portugueses tiveram uma excelente atitude no primeiro encontro do Europeu. O pressing final é perfeitamente natural. Mal seria se uma equipa, a perder, ainda por cima em casa e num Europeu, não tentasse dar a volta ao resultado que lhe é adverso. Para mim, a atitude não se vê nesses momentos. Vê-se na concentração, na coragem, na forma como os jogadores encaram o encontro desde o primeiro minuto.
A equipa portuguesa jogou muito mal e a Grécia foi uma mais que justa vencedora, porque defendeu muito bem, correu mais, demonstrou mais força e mais concentração. No entanto, há que perceber que o descalabro colectivo, por vezes, nasce de erros individuais. E, neste caso, Paulo Ferreira foi o grande responsável pelo primeiro golo da Grécia e, consequentemente, por tudo o que se passou a seguir, pela desconcentração e nervosismo nacionais. Por muito que possa parecer cruel falar de erros individuais, a verdade é esta e não se pode admitir que um jogador campeão da europa, com a experiência do lateral direito português cometa um erro daqueles.
De resto, Pauleta só tem jogado bem em jogos particulares, onde marca golos a rodos. Figo só sabe fazer jogadas individuais. Maniche não demonstrou qualidade para alinhar de início contra equipas com um meio campo tão fechado, pois fechar o meio-campo não é a sua especialidade, mas sim a transição para o ataque. Petit teria sido a escolha óbvia para suster o meio campo e o contra-ataque da Grécia.
Enfim. Desta vez os portugueses não merecem isto. Apoiaram a equipa, encheram as casas e as ruas de bandeiras nacionais. Receberam os estrangeiros como deve ser. Construiram novos estádios em tempo recorde. No entanto, além de Cristiano Ronaldo, apenas Deco, que até é brasileiro, pareceram lutar com vontade pela selecção.
Agora, como sempre, lá estamos na corda bamba. Contra a Rússia é possível que Portugal consiga vencer. Contra a Espanha... contra a Espanha será preciso quase um milagre, porque é, claramente, a melhor equipa do grupo. É claro que ainda tudo é possível, mas as hipóteses são mínimas.
Somos sempre assim. Como diria Fernando Pessoa, que conhecia o espírito português como ninguém, “Quem te sagrou criou-te português / Do mar e nós em ti nos deu sinal. / Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez. / Senhor, falta cumprir-se Portugal!”.
É sempre assim. Falta sempre cumprir-se Portugal.

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10/06/2004

Patriotismo

Há muita gente que fala mal do futebol, dos futebolistas, de quem gosta de ver os jogos, de quem lê jornais desportivos, etc. No entanto, sei que, agora, em cada rua por onde ando, vejo bandeiras portuguesas espalhadas por todo o lado.
Tal não acontece por mais nenhuma outra razão, senão pelo Europeu de Futebol e pelo apoio à selecção.
Também preferia que houvesse outra razão que o explicasse, que fizesse os portugueses orgulhosos de si próprios. Mas o que me importa mesmo é saber que os portugueses recomeçam a valorizar a sua nação, a sua bandeira. Que volta a existir um sentido de nacionalidade, de patriotismo.
Isso é muito mais importante do que qualquer crítica que se faça.

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08/06/2004

Votar

Um professor dedicado à filosofia, chamado Francisco Trindade envia-me, há já alguns meses, emails a anunciar novos textos no seu site pessoal, afirmando-se seguidor de Proudhon, um pensador francês do século XIX.
Obviamente que, quando o tema me interessa, costumo ler os seus textos. Mas, o último que me enviou deixou-me bastante preocupado. Nesse texto, Francisco Trindade defende a abstenção nas próximas eleições para o Parlamento Europeu, por considerar que votar "mesmo que em branco, implica acreditar no sistema vigente. Implica participar no sistema. Participando no sistema estamos a apoiá-lo. Ao votar estamos a apoiar os governos, a guerra, a miséria, a desigualdade social (...) Ao não votar nas eleições para o Parlamento Europeu Burguês, fazendo-o de forma consciente, estamos a desacreditar o sistema. Se ainda acredita na liberdade de cada um e no respeito de todos, não vote!"
Sinceramente, choca-me o que li. Não votar não é desacreditar o sistema, é fugir às responsabilidades, é dizer que não se interessa, é perder o direito moral de reclamar, uma vez que se recusa também o direito e o dever de escolher e cumprir parte do dever cívico. Quem não concorda com o "sistema democrático" vigente, tem bom remédio: lutar para que ele mude. E isso pode ser feito nesta época. Através da colaboração em projectos sociais, educacionais e cívicos, através de associações, cooperativas, sindicatos, grupos, através da escrita, da arte, do jornalismo. Através da solidariedade, da fraternidade, da cooperação. Não é necessário adoptar posturas marginais. As sociedades mudam-se por dentro, não por fora.
Se pouca gente participa de facto na vida da sociedade não é porque não existam meios para o fazer. É porque as pessoas são preguiçosas e egoístas, porque preferem falar mal do estado das coisas no café e, depois, ir para casa ver os "Malucos do Riso", ou, então, citar teorias, filósofos e ideais, sem colocar nada realmente em prática.
A sociedade não se muda com teorias. Muda-se com actos. Votar é apenas um deles, se calhar o menos importante deles. Mas é o único que, ainda assim, faz sentido À maior parte das pessoas que vivem adormecidas. Se também esse acto ficar desacreditado, então caminhamos definitivamente para o abismo.

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01/06/2004

Sistema

Dias da Cunha, presidente da SAD do Sporting, em mais uma brilhante entrevista, afirma que o sistema está disposto a derrubá-lo.
Não sabia que a comunidade médica tinha arranjado agora outra denominação para a esquizofrenia.

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28/05/2004

Não sou deste mundo

No programa da RTP sobre o Euro 2004, o apresentador dispara esta frase fantástica: "E agora vamos falar da dúvida que todos têm. Como vai ser a vida sexual dos jogadores da selecção portugal durante o euro?"
Não sei se disse a verdade e este é um assunto que interessa a toda a gente, mas, a mim, juro que não. Se calhar não sou deste mundo, ou então não sou tão liberal e amante dos prazeres do sexo como pensava que era.

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26/05/2004

Campeões

O Futebol Clube do Porto venceu a Liga dos Campeões.
Sou benfiquista e sei que isto foi apenas futebol, algo que não é realmente importante para a humanidade, sei que os jogadores ganham rios de dinheiro, enquanto milhões de pessoas passam fome.
Então, por que razão é que, desde que o Porto se sagrou campeão europeu, eu não consigo tirar este sorriso da cara, nem impedir que esta lágrima teimosa de alegria me caia pelo rosto?

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25/05/2004

Portugal no seu melhor

Num laivo de ingenuidade, fazendo zapping, vi que estava a ser transmitida na SIC a entrega dos Globos de Ouro, a pirosa e imitação barata portuguesa dos Óscares. Estupefacto com o mau gosto dos vestidos das apresentadoras e com as piadas sem piada que diziam, deixei-me ver quem ganharia o prémio para melhor série de ficção e comédia.
Quando a apresentadora anunciou o nome do vencedor, "Os malucos do riso", voltei à realidade. Mudei de canal imediatamente.
É o País que temos. É o País que merecemos.

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24/05/2004

Somos todos campeões de xadrez

Estava com um amigo a jogar uma partida amigável de xadrez num bar da minha cidade e apercebi-me do seguinte:

- 75 por cento das pessoas que passam, quando vislumbram um jogo de xadrez a decorrer, não conseguem evitar um comentário, sendo que, dessas pessoas:

90 por cento afirma não jogar uma partida há muito tempo ("Epá, xadrez! Já não jogo isso há tanto tempo!").
85 por cento afirma que faltam apenas duas jogadas para ser feito o cheque mate (mesmo que o jogador que move a peça a seguir esteja reduzido ao rei)
80 por cento pergunta qual dos jogadores é o Kasparov (uma percentagem mais reduzida pergunta também pelo Karpov)

Confesso que não fazia ideia de que o xadrez era dantes (há muito tempo) um desporto tão popular. Mas, afinal, que raio terá feito com que agora tão pouca gente jogue, se, há muito tempo, 90 por cento das pessoas eram campeã da modalidade?

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23/05/2004

Tróia e os eternos críticos

Já se sabe que há sempre que dizer mal das coisas. No entanto, confesso que não compreendo muito bem como é que existem certas críticas tão negativas ao filme. O argumento usado para a maior parte delas prende-se com as diferenças entre o filme e "A Ilíada", de Homero.
Parece-me que é urgente que algumas pessoas percebam que um autor tem todo o direito de criar uma versão de uma história já contada antes. As diferenças seriam graves, sim, se o filme fosse assumido como a transposição da obra de Homero para o cinema. Não, não se trata disso, até porque muitos episódios que aparecem no filme correspondem a outros livros, que não a "Ilíada", como, por exemplo, a famosa cena do Cavalo que pertence a outra obra de Homero, "A Odisseia". Este é um filme, independente, chamado "Tróia", que se baseia em episódios narrados na literatura grega, retirando os que não interessam aos seus autores, para criar um novo enredo.
E o que eu acho mais engraçado nas críticas feitas por maior parte dos "fanáticos" da Ilíada é que se esquecem de que a própria mitologia grega tem várias versões para as mesmas histórias. Por exemplo, existe uma versão que diz que Aquiles foi criado no meio das mulheres da corte de Licomedes, uma vez que a sua mãe Tétis tinha medo que se cumprisse a profecia de que teria uma vida de glória, mas curta. Nessa versão, foi Ulisses que, com a sua inteligência, conseguiu descobri-lo no meio das mulheres e o convenceu a ir para Tróia.
Era só o que faltava, um autor não poder pegar numa obra já existente e criar novas estórias e enredos (Saramago não poderia, por exemplo, ter escrito "O ano da morte de Ricardo Reis", nem Kundera poderia ter escrito "Jaques e o seu Amo", nem Marion Zimmer Bradley poderia ter escrito "As Brumas de Avalon" ou "Presságio de Fogo").
A minha opinião sobre o filme é a que já dei no outro dia: é um bom filme, com boas interpretações, bons efeitos visuais, alguma emoção e ritmo. Isto, claro, se percebermos que as omissões e as diferenças em relação à versão que é mais conhecida, são intencionais e destinam-se a criar uma nova história, um novo filme.
Como já escrevi num post anterior, eu também gostaria de ter visto Cassandra, Hécuba, Eneias com maior destaque, e muitas cenas que são memoráveis, também gostava que Aquiles tivesse morrido antes do Cavalo de Tróia e com uma só flecha no seu calcanhar (até porque é a morte de Aquiles que faz com que os troianos acreditem na desmoralização e fuga dos gregos), etc, etc. Mas, para isso, lerei os clássicos.
Quando entrei no cinema, sabia de uma coisa. Não ia ver "A Ilíada", de Homero. Ia ver "Tróia", de Peterson.

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22/05/2004

Esperteza saloia

Um exemplo prático da incompetência do actual governo português: A Bombardier vai fechar as suas portas, deixando no desemprego cerca de 400 trabalhadores em Portugal. Ao mesmo tempo, o Metro do Porto encomenda-lhe comboios, num negócio milionário.
Não haveria forma de, através das encomendas, negociar a manutenção da fábrica em Portugal? Ou então, não se deveria demonstrar à empresa o erro de sair do País e realizar a encomenda a outra empresa?
Não sei, como é óbvio, não estive nas negociações. Mas soa tanto a azelhice...

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21/05/2004

Tróia

"Tróia" é um bom filme. Bem realizado, com uma fotografia excelente, com algumas boas interpretações, com efeitos visuais memoráveis.
No entanto, só poderá ser considerado um bom filme, se nos esquecermos da Íliada, a obra em que se baseou. Percebo que uma adaptação pode conter alterações à história inicial, e, neste caso, até se percebe que fosse difícil contar todo o enredo em apenas um filme, pelo que as alterações seriam obrigatórias. No entanto, não creio que tenham sido felizes.
São várias as diferenças que, para mim, não fazem sentido:

- A mais grave é a ausência da personagem Cassandra, uma das mais fascinantes da história da literatura. A irmã gémea de Páris, a maior profetiza de todos os tempos, mas amaldiçoada por Apolo com o facto de nunca ninguém acreditar nas suas profecias. Teria sido fascinante ver o seu desespero a avisar os troianos para não deixarem o cavalo entrar nas muralhas. As ausências de Hécuba, rainha de Tróia, e Laocoonte, sacerdote.
- Onde estão as amazonas? Teria sido visualmente fascinante ver as amazonas a cavalgar e a lutar do lado de Tróia, bem como o combate entre Aquiles e Pentasileia, a mais pdoerosa das amazonas.
- As mortes de Menelau e Aggamemnon, principalmente deste último, que é visto no filme apenas como um vilão, quando se tratava de um rei justo e honrado.
- A fugaz aparição de Eneias, herói do épico "Eneida", que era príncipe de Tróia e que no filme aparece como um qualquer fugitivo, a quem Páris entrega a Espada de Tróia.
- Páris não fugiu com Helena e os outros troianos. Páris morreu em Tróia, através das flechas de Filocletes, e Helena regressou a Menelau. É uma alteração demasiado grande, que muda completamente o sentido da epopeia.
- A relação entre Aquiles e Pátrocolo. Eles não eram primos, eram amigos e amantes. Mas é claro que seria difícil para um filme destes colocar Brad Pitt no papel de um bisexual. As fãs não iriam gostar.
- Briseide era uma escrava anónima, não era membro da família real troiana. E Aquiles morreu através das flechas de Páris, sim, mas antes do Cavalo de Tróia entrar na cidade, durante uma batalha. E não foi com cinco ou seis flechas. Foi com apenas uma, envenada, no calcanhar, que era o seu único ponto fraco, após ter sido banhado, em criança, pela sua mãe nas águas de um rio, seguro pelo calcanhar que, assim, não entrou em contacto com a água.
- A ausência dos deuses que, afinal de contas, motivaram toda a guerra. Páris foi abandonado pelo pai e criado por pastores devido aos presságios de que traria a destruição da cidade. Pastoreava os rebanhos naquele monte, quando lhe apareceram três deusas, que disputavam o prêmio da beleza. Deram-lhe a maçã da discórdia para que a entregasse à mais bela e, por recompensa de ter escolhido Afrodite, foi-lhe prometido o amor da mais bela das mulheres. Mais tarde, reconciliado com o pai, Páris foi enviado à Grécia para negociar a paz. Foi então que se apaixonou por Helena e foi correspondido, como havia prometido a deusa. Essa foi a razão da guerra, uma contenda dos deuses. A ausência deste pormenor também altera completamente todo o sentido do filme.

Havia muitas mais diferenças a salientar, mas, como escrevi inicialmente, é preciso olhar para Tróia como uma versão da vida de Aquiles e Heitor, não como a passagem da Íliada a cinema. Como nova versão, é um bom filme. Como adaptação do livro, é péssimo.

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19/05/2004

A Flor da Esperança

Uma breve nota de imprensa para dar conhecimento de mais um evento cultural e para explicar uma das razões pelas quais não tenho tido tempo para escrever tanto quanto gostaria neste blogue... mas isto passa... ou não...

"A Hugin Editores e a Livraria Judícibus convidam para a apresentação do livro A FLOR DA ESPERANÇA, de Delmar Domingos de Carvalho, que aborda 32 temas da actualidade, desde a educação, artes, ciências, às religiões, segurança, sexualidade.

A obra será apresentada pelo escritor Luís Costa Pires.

O evento realiza-se no próximo dia 29 de Maio (Sábado), pelas 16h00, na histórica Quinta das Cerejeiras, no Bombarral.

Judícibus, Livraria e Papelaria, Lda.
Rua do Comércio, n.º 45
2540-076 Bombarral
Tel./fax: 262605181
judicibus@netvisao.pt"

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16/05/2004

Ninja

Já depois do jogo ter acabado, Derlei continuava a tentar bater em alguém.
Alguém faz o favor de lhe explicar que aquilo de ele ser chamado de "Ninja" é uma alcunha?
E, já agora, viva o Benfica!

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Mais outra

Nuno Valente, com um golpe digno de Chuck Norris, agrediu o jogador do Benfica Geovanni.
Levou cartão amarelo.
Depois, mais uma agressão. De Maniche, com os pitons, nas costas de Fernando Aguiar. Em bom rigor, deveria ser mais um vermelho. Mas, neste caso, percebo que o árbitro não tenha visto a falta. É que dar um pontapé em Fernando Aguiar é o mesmo que dar um pontapé numa parede de pedra.

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Afinal enganei-me

Perdi a aposta que fiz comigo próprio. Afinal Derlei também pode levar cartões amarelos. Não é nada mau. Um amarelo aos 70 minutos, após duas agressões e umas quantas faltas.
Afinal, Mourinho tinha razão. Lucílio Batista não é homem para apitar uma final.

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15/05/2004

Bruno Baião

Não sei bem o que se pode dizer, mais um jovem atleta de grande futuro e qualidade que desaparece. E, mais uma vez, um atleta do Benfica, que, este ano, viveu diversas tragédias, o que só valoriza os resultados que, ainda assim, foram conseguidos.
Segundo o que dizem os colegas, Bruno Baião caiu inanimado depois de ter recebido a excelente notícia de que iria assinar contrato profissional com o Benfica. Terão sido a alegria e a comoção os responsáveis pelo sucedido.
Como comecei o post, não há muito a dizer sobre o assunto. Apenas que é triste, muito triste.

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Já está

Pronto. O nervosismo e o sono mal dormido deram bom resultado. Estreou a peça "Acorda-me", no Teatro de São Francisco em Lisboa, baseado na minha obra "A Desconstrução da Alma".
Na estreia, mais de 150 pessoas aplaudiram de pé os intervenientes. Eu também o fiz. Gostei muito das interpretações, gostei muito da encenação. O Cláudio Hochman, o Jorge, o Sérgio e a Rita estão de parabéns.
Fica-me mal falar mais da peça, porque sou suspeito. Mas é bom quando vemos as nossas palavras dignificadas num palco por pessoas de grande talento.

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07/05/2004

Do que as mulheres são capazes...

É nestas alturas que se vê as coisas de que uma mulher é capaz de fazer... A minha amiga Sónia escreveu uma coisa tão bonita acerca deste meu blogue e do meu trabalho, que me colocou numa posição complicada. Agora, como é que eu vou conseguir implicar com ela como fazia dantes? Não há direito!
Agora a sério, obrigado. Foi muito importante ler o que tu escreveste. Deu-me mais vontade de continuar.

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06/05/2004

"Acorda-me" no Teatro de São Francisco, em Lisboa

Numa altura em que dei por concluído o meu novo romance (brevemente falarei um pouco mais sobre ele), aproveito agora para fazer um pouco de "auto-publicidade" aos meus trabalhos.
O Teatro de São Francisco, em Lisboa, vai ser, no próximo dia 14 de Maio, o palco da estreia da peça “Acorda-me”, baseado no meu livro “A Desconstrução da Alma”.
A encenação está a cargo de Claudio Hochman, encenador de "O Navio dos Rebeldes" e "Proof" e vai ser posta em cena pela Companhia da Esquina. Será a segunda peça levada a cena por esta jovem companhia de teatro, que foi criada em Novembro de 2003, por decisão de um grupo de actores profissionais, com o objectivo de pesquisar e difundir a cultura ao nível do teatro, da dança e da música, sempre que possível tomando como base a produção de originais. A primeira peça que representaram foi “Rosmaninho & Alecrim”, uma peça musical infantil, com encenação de Guilherme Filipe e texto original de Jorge Gomes Ribeiro. O Teatro de S. Francisco, no Largo da Luz, em Carnide, tem uma sala climatizada com 230 lugares e rampas e lugares acessíveis a deficientes e a Companhia da Esquina conta com o apoio do Centro Cultural Franciscano e da Junta de Freguesia de Carnide.

A peça "Acorda-me" tem a sua dramaturgia baseada no meu primeiro livro de teatro, chamado “A Desconstrução da Alma”, publicado por uma associação social e cultural, o "Atelier Arte e Expressão". Esse foi o meu quarto livro, depois depois de ter já publicado os meus três romances pela Editorial Notícias, “A Rainha de Copas” (prémio Prosas de Estreia 1998), “Depois da Noite” e “Mandrágora”.
Na peça, num mesmo ambiente cénico, coabitam sentimentos opostos, numa história convergente num único sujeito, um paciente encerrado numa cama de hospital. As personagens são misteriosas: Carolina é uma mulher apaixonada. Miguel, um viajante sem passado. Rui é o próprio passado. Num mesmo espaço, o diálogo flutua por códigos éticos e morais, que diferem, por vezes, em intensidade e significado, criando desequilíbrios, ansiedades e angústias em relações proteladas pelo ciclo do eterno recomeçar e pelo desejo de que nada adormeça.
A peça será estreada no dia 14 de Maio, sendo levada a cena todas as quintas, sextas e sábados, pelas 21:30 horas, até ao final de Junho, interpretada por Jorge Gomes Ribeiro, Rita Cruz e Sérgio Moura Afonso. Os bilhetes estão à venda nas FNACs, Ticketline e PLATEIA.IOL e no local, uma hora antes do espectáculo.

Não tenho jeito para fazer esta "auto-publicidade", mas, de qualquer forma, se vos interessar, seria simpático ver-vos lá.

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O meu sonho II

Outra loja chamada "O meu sonho". À semelhança da loja de que já falei uma vez neste blogue, também esta tem um letreiro no vidro. Mas este, bem diferente do outro, diz: "O meu sonho. Contacto 91 xxxxxx".
Que generosos são os proprietários desta loja. Se eu tivesse o contacto telefónico do meu sonho, não o partilhava com mais ninguém e passaria a vida a telefonar para ele.

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02/05/2004

Azar merecido

O Sporting atacou mais, mas o Benfica demonstrou garra a defender. Apesar dos seus jogadores terem mais jogos nas pernas do que os do Sporting, terminou o encontro com mais força física. Só isso, demonstra um trabalho sério e justifica a vitória, apesar de achar que o empate teria sido mais justo.
O Sporting teve algum azar. Mas Dias da Cunha, que, até neste jogo, impecável em termos de arbitragem, consegue arranjar algo para criticar, merece ter azares assim.

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Grita, sente

Ouço o tema "Grita, sente", de Diana Basto, que colaborou com Abrunhosa num dos seus discos e pergunto-me: o que é feito dela? Nunca mais lançou nenhum álbum depois da sua estreia? Porquê, se tem uma voz fantástica e interpreta as músicas com uma garra fenomenal? Será por não andar de mini-saia, ser loura planitada ou ter letras escritas pelos que inventam os brilhantes temas de Emanuel e Ágata?
Dá-se choruda recompensa a quem souber responder a esta pergunta e acrescentar algo sobre a sua carreira.

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01/05/2004

Prevenção rodoviária

Ao ver o novo anúncio da OK Teleseguro percebi por que razão é que os condutores portugueses são tão maus. Proponho que o Governo legisle, a bem da prevenção rodoviária, que as escolas de condução deste País comecem a acrescentar ao "programa curricular" um pequeno módulo que ajude os futuros condutores a saberem o que é um volante, um pneu e as outras partes que compõe um automóvel, para, mais tarde, os mesmos condutores não terem surpresas durante a condução.

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28/04/2004

Bons Guarda-redes

Quando o Benfica falhou a contratação de Ricardo, no início da época, tive várias discussões com outros benfiquistas e sportinguistas, nas quais eu era o único que acreditava ter sido um golpe de sorte dos encarnados. É que, já na altura, achava que Moreira, jogando, é melhor do que Ricardo. Claramente melhor. E o tempo está a provar isso, com a vantagem do Benfica não ter gasto mais dinheiro desnecessário.
Hoje, a franga monumental contra a Suécia não é a prova de que eu estava certo neste caso. A prova tem sido dada ao longo dos jogos do Sporting. Este golo é apenas a cereja no topo do bolo.
Agora espero que Scolari não seja teimoso e que leve bons guarda-redes à selecção. É que as equipas com que vamos jogar não são o Alverca nem o Estrela da Amadora.

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Os visitantes do blog

Uma das coisas giras do contador de visitantes "Sitemeter" (no canto superior direito do blog) é que se pode saber como vieram parar ao blog os seus visitantes. Estava eu entretido a consultar essa relação, quando fiquei preocupado. É que houve um visitante que chegou aqui ao procurar num motor de busca por "biografia de transsexuais". Outro procurava por "umbigo da Cláudia Mergulhão" e outro ainda por "Bailarinas nuas da televisão".
Ora, obviamente que olhei em redor e não encontrei, para grande pena minha, o umbigo da Cláudia Mergulhão nem nenhuma bailarina nua em nenhum sítio nenhum do blog. Quanto ao resto, achei melhor sequer nem procurar.
Mas não foram só essas as entradas curiosas. Uma, que me deixou de certa forma contente, foi "frases para quem está apaixonado". É bonito que um Dom Juan, desejoso de agradar à sua amada, venha ao meu blog procurar as palavras certas para conquistar o seu amor. É bonito, pronto.
Estranho, estranho, é terem chegado aqui pesquisando por "a forma dos franceses se vestirem" e, pior, por "sumol de ananás" (com a agravante de ter acontecido por duas vezes). Quem é que pesquisa por sumol de ananás? Os sumólicos anónimos? Será que o meu blog, depois de ter escrito um post a falar mal desse anúncio (ver no arquivo, algures), se tornou num possível alvo de ataque da Sumol-Aeda?

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25/04/2004

O slogan de Abril

Se eu tivesse que me definir politicamente, diria que sou de uma esquerda moderada. No entanto, obviamente, não concordo com tudo o que a esquerda faz. E esta polémica em relação ao slogan do 25 de Abril é, para mim, uma idiotice pegada.
Para mim, a palavra "evolução" não é assim tão diferente de "revolução" como parece. Se eu evoluo, é porque, obrigatoriamente, estou a alterar algo em relação ao estado anterior em que estava, o que, num certo sentido, pode ser considerado uma "revolução". No entanto, estou a fazê-lo positivamente. Uma revolução, no fundo, também é alterar o estado anterior das coisas. A diferença é que "evolução" tem uma conotação mais positiva e optimista do que "revolução", que pode ser violenta e, quem sabe, negativa.
No entanto, a esquerda, soberba de ter sido parte integrante do processo de Abril, não admite qualquer mudança no slogan. Porque vive muito dessas coisas, de aparências, de frases, de canções, de cassetes e memórias. Porque, pelos vistos, não tem capacidade de evolução.
Porque prefere falar da revolução e dos tempos dourados em que libertou o País de uma ditadura, do que pensar em melhorar ainda mais as coisas daqui para a frente. E, no entanto, os problemas que existiam antes não eram mais graves do que os que existem hoje. Os tempos eram outros, para cada era os seus problemas. Mas eles existem, muitos, e é preciso pensar e descobrir soluções para eles.
Mas, infelizmente, parece que o ideal de festejo de Abril é apenas relembrar o passado e cantar velhas músicas e hinos da internacional socialista.
Sou da opinião que é importante ter memória, porque se aprende com os erros e com o passado. Mas quem só olha para trás, não conseguirá andar para a frente.
Quanto às manifestações, gostaria de ver o povo português a manifestar-se por casos que valessem a pena. Mas somos um povo de brandos costumes, que se incomoda mais com uma alteração de um slogan do que com a guerra, com as mortes, com o desemprego e com a deteriorização do nível de vida.

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O dia mais feliz

Como todas as pessoas, tenho dias em que me sinto miserável. Tenho dias em que tudo me entristece, em que nada parece bater certo, em que me sinto o mais infeliz dos homens.
Porém, hoje, à hora do almoço, uma adepta do FC Porto dizia, no telejornal, que este dia em que festejava o título dos dragões era, juntamente com o dia do seu casamento, o mais feliz da sua vida. Que vida triste deve ter esta senhora!
Foi nessa altura que eu percebi como a minha vida é boa, porque tenho muitos mais motivos de felicidade do que um clube de futebol ganhar um campeonato.
Quando o meu Benfica voltar a ganhar um campeonato, vou ficar contente e até admito sair para a rua e festejar. Mas, por mais miserável que me sinta às vezes (provavelmente sem razão), continuarei a ter muitos dias muitos mais felizes do que esse.

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Cena estranha

O FC Porto ganhou o campeonato graças à derrota do Sporting em Leiria. As televisões apressaram-se a mostrar os festejos azuis e brancos, nas janelas do hotel onde estagiavam para o encontro com o Alverca.
Agora pergunto-me: o que faziam os jogadores do Porto todos no mesmo quarto, de tronco nú e boxers, abraçados uns aos outros e aos saltos?
Festejavam o título, é claro. É uma resposta óbvia para uma cena estranha.

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23/04/2004

A Paixão de Cristo

Acabei de ver "A Paixão de Cristo". Vou tentar não vou tecer comentários extensos sobre o filme, nem sobre os vários significados e promenores de grande beleza e inspiração que o preenchem, como o Santo Sudário, a figura de Satanás, a interpretação de Maria e de Maria de Magdala, o facto do filme ser falado em aramaico, hebraico e latim, a traição de Judas e a sua loucura, a negação de Pedro, enfim, momentos que dariam, cada um, direito a um post maior do que este. Além disso, há já, com toda a certeza, muitas pessoas a fazê-lo, com interpretações bíblicas e opiniões, muitas delas mais documentadas do que as minhas, apesar de ser um estudioso da Bíblia e dos assuntos esotéricos em geral.
Quero apenas referir uma ou duas coisas. Como cristão convicto e apaixonado (que significa acreditar e tentar seguir as palavras e os ensinamentos de Cristo, o que é bem diferente de pertencer a qualquer entidade religiosa, seja ela qual for), não concordo que Mel Gibson tenha exagerado na violência desta sua "Paixão".
É que, ao contrário do que a maior parte das pessoas pensa, não acho que a verdadeira violência nesta obra prima sejam as chicotadas, o sangue, os açoites, a carne a saltar, a cruz, o riso dos executores, a gozação, a coroa de espinho ou o sarcasmo. A tudo isso, infelizmente, estamos nós já habituados. Dificilmente algum realizador de cinema poderia criar imagens mais chocantes a esse nível do que, por exemplo, assistimos em Nova Iorque, em Madrid, na Segunda Guerra Mundial, ou na vida do dia a dia.
A verdadeira violência deste filme, o verdadeiro choque, o que nos coloca em lágrimas e soluços compulsivos é o que aparece nas poucas palavras proferidas por Cristo durante toda a película. O que nos toca fundo não é o bater do chicote nem o arrancar da carne. São as palavras de amor e de esperança, de dádiva, dos flashbacks do que dizia durante a última ceia e o sermão da montanha, que nos são revelados por entre todo o calvário. É a diferença abissal entre as duas realidades. O pedir perdão por quem o mata, filmado de uma forma magistral.
E aí, conhecendo profundamente o sermão da montanha e a grandiosidade das palavras ditas por Jesus, acredito que Mel Gibson poupou os espectadores, ao não colocar mais momentos desses no filme. O público não aguentaria se aparecessem mais alguns dos seus conselhos, mais algumas das suas palavras sábias, algumas delas tão arrasadoras! Essa é a verdadeira violência. Não é ver Jesus chicoteado e pregado na cruz. É vê-lo sorrir, com uma expressão que faz Caviezel merecer o óscar, e dizer simplesmente:
"Não temam, ninguém me pode roubar a vida, porque entrego-a de livre vontade".

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22/04/2004

Operacion Pito Dorado

Se alguém tinha dúvidas de que existem vários elementos do futebol nacional que se comportam como prostitutas, basta olhar para o jornal espanhol "Marca".
É que o famoso periódico de "nuestros hermanos" fala da operação em grande escala levada a cabo pela PJ, que levou à detenção de vários elementos do futebol português, entre os quais o Major Valentim Loureiro e Pinto de Sousa. E, como não podia deixar de ser, em espanhol, a "Operação Apito Dourado" diz-se "Operacion Pito Dorado".
Vou evitar fazer mais piadas fáceis com esta coincidência, mas a verdade é que, neste momento, devem haver muitos dirigentes com o pito aos saltos. Ai isso devem.

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20/04/2004

Ouvi dizer...

Fiquei surpreendido com as corajosas palavras do primeiro-ministro português, ao tentar meter-se na vida política espanhola, acerca do caso da retirada das tropas espanholas do Iraque.
E ouvi dizer que o próprio George Bush também ficou surpreendido, embora não pelo mesmo motivo. É que o presidente americano pensou que, com a saída de Aznar do governo espanhol, aquele seu ajudante também seria imediatamente substituído por alguém de confiança do novo executivo de "nuestros hermanos".

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É isto a liberdade de expressão?

Juro que não percebo. Existem alguns bons participantes no programa (o Bruno Nogueira é brilhante, por exemplo), mas, apesar desses bons exemplos, o "Levanta-te e ri" continua a colocar o Fernando Rocha no ar. E o público adora, demonstrando uma pobreza enorme no que diz respeito ao que é realmente bom humor (vejam algumas boas sitcoms americanas, quase todas as inglesas e, se quiserem ver um comediante em palco, vejam os stand-up comediants americanos, como Seinfeld ou Robin Williams, que não precisam de dizer palavrões para ter piada). Uma sequência de anedotas antigas, outras que se leram semanas antes na internet, noventa e nove por cento delas sobre sexo. Pelo meio, muitas asneiras, repetidas em catadupa, entre as frases da anedota, sem qualquer propósito que não seja ser profundamente ordinário e nojento, como se fosse uma coisa de "macho" dizê-las na televisão a torto e a direito. E o pior é que o público repete as frases em coro, demonstrando não só conhecer profundamente o "artista" como, ainda por cima, gostar e sentir-se bem com aquilo.
Estamos assim tão atrasados em Portugal que ainda nos rimos apenas por ouvir uma asneira? Será que ainda sentimos que estamos a ser livres por dizermos um palavrão? Estamos assim tão atrasados que o nosso ideal de sentido de humor é dizer palavrões ou ouvir anedotas sobre sexo? Será que Freud explicaria este facto com alguma profunda frustração sexual do povo português?
Numa altura em que se diz que "Abril é evolução", pergunto-me se os portugueses fazem a mínima ideia do que é liberdade de expressão. Será que acham que esse direito conseguido tão arduamente se reflecte unicamente na possibilidade de dizer porcaria na televisão? Está na altura de explicar a Portugal que a liberdade de expressão tem a ver com ideias e opiniões, com acção e actividade cívica.
E para os Fernandos Rochas que ganham a vida a repetir palavrões, aproveitando o atraso do País para viverem à grande, agora sim, justificar-se-ia usar as palavras e expressões que ele mais repete nos seus quinze minutos de vómito.

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13/04/2004

De rabo para o ar

Durão Barroso afirmou, em conferência de imprensa, que Portugal, mesmo apesar de tudo o que tem acontecido no Iraque e do perigo de atentados, não irá mudar a sua posição.
Ou seja, vamos continuar de rabo para o ar, à disposição dos americanos.

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16/03/2004

Pequeno consolo

O PP perdeu as eleições espanholas. Não foi Zapatero que ganhou. Foram os populares que perderam. Aznar está fora de cena agora. Bush perdeu um aliado importante. A arrogância americana levou um duro golpe. As tropas espanholas vão sair do Iraque e a aliança está comprometida. Barroso está mais fraco e a posição portuguesa relativamente à questão também. A direita portuguesa e a sua arrogância está também enfraquecida. Tudo parece encaminhar-se para que, um dia, todos os culpados por esta situação sejam castigados.
No entanto, não há muito mais a dizer sobre o assunto. É que nada disto restitui as vidas que se perderam nem as lágrimas que se derramaram.

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Manuela Moura Guedes

Por mero acaso, nunca tinha visto uma edição completa do telejornal da TVI apresentado por Manuela Moura Guedes. Vi hoje. Já percebo as críticas que lhe são feitas. Nunca na minha vida vi uma jornalista tão tendenciosa.
Tem razão em muitas críticas e observações que faz. Mas, enquanto apresentadora de um telejornal, não tem que as fazer. Não deve. Não pode.
Mas quem a impede, se é casada com o dono da estação?

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A minha opinião não existe

O Ministro Carmona Rodrigues, questionado pelos jornalistas sobre a sua opinião acerca das discórdias na TAP, tentando desdramatizar o problema, deixou fugir a boca para a verdade e disse: "A minha opinião não existe".
Ora, até que enfim que um dos membros deste Governo diz uma coisa acertada.

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14/03/2004

A não perder

Excelente a "cobertura" dos atentados de Madrid e das eleições espanholas no blog Driving Miss Daisy. A não perder.
E, já agora, assino por baixo as opiniões lá defendidas.

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13/03/2004

Se fosse cá

Pacheco Pereira, na SIC, afirma não concordar com a reacção dos espanhóis que estão a manifestar-se contra o Governo. Diz que se trata de uma manifestação dos que lutam contra a globalização e que é impensável que se condene Aznar pelo atentado, pois as más opções políticas deverão ser julgadas apenas nas urnas, até porque, numa democracia, o Governo tinha toda a legitimidade para decidir o apoio ou não à Guerra do Iraque.
É tudo muito bonito. Mas gostava de saber como reagiria Pacheco Pereira se o atentado tivesse sido em Lisboa e tivesse ceifado a vida a amigos e familiares seus. Gostava de saber se iria a correr para as urnas para, com o seu voto, restituir a vida dos que morreram.

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11/03/2004

Castigo para os criminosos

Como era de esperar, a Al-Qaeda de Bin Laden reeinvindicou o atentado de Madrid. Obviamente que a ETA nada tinha a ver com o assunto. Obviamente que Aznar estava a mentir. Obviamente que ficou apavorado ao perceber o impacto negativo que este desastre vai ter nas eleições do próximo fim-de-semana. Obviamente que sabe que é ele o grande culpado deste atentado, ele que resolveu fazer de cãozinho para George Bush durante a guerra do Iraque.
Que os espanhóis o castiguem, mudando radicalmente o rumo dos seus votos. Será castigo pequeno, mesmo assim, para alguém que agiu de forma a provocar este massacre de inocentes.
E Deus queira que em Portugal não tenha que acontecer algo do género para que os portugueses percebam quem está à frente do nosso Governo. Porque fomos tão cúmplices dos americanos como os espanhóis. Se não fomos nós os primeiros visados da vingança muçulmana, tal deve-se ao nosso passado, à época em que ganhamos o respeito de todo o mundo. Graças à nossa tradição humanista e diplomática.
Tradição essa que Durão Barroso e os seus companheiros fizeram questão de deitar por terra.
Se estou surpreendido por este atentado? Não, era de esperar, não faltaram os avisos. Chocado, sim. A morte choca sempre. Muitas ao mesmo tempo ainda pior.

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Gigante

Nunca gostei das equipas italianas. São sujas a jogar, demasiado frias para um país latino, só sabem defender e aproveitar-se do nervosismo do adversário. Hoje, o Benfica foi gigante. Foi a melhor exibição de que me lembro ver na minha equipa nos últimos anos. Só faltou o golo. Faltou porque Toldo é um dos melhores guarda-redes do mundo, porque o árbitro não viu uma grande penalidade clara sobre Luísão e porque os italianos só sabem fazer aquilo: defender.
O Benfica foi gigante. O inter foi um nojo. O Benfica vai passar a eliminatória em Itália. Porque se não passar, não existe qualquer justiça no desporto.

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Atentado em Madrid

Horrorosas, as imagens do atentado terrorista em Madrid. Imagens repetidas ao longo da humanidade. Sangue, destruição, mortes. O Homem não aprende.
Atocha é uma das estações mais belas do mundo. Lembro-me de como fiquei fascinado quando, anos atrás, tive a oportunidade de observar a sua grandiosidade e a sua "floresta" interior. Mas, mais do que um local belo, é onde milhares de pessoas diariamente passam, de forma inocente, preocupadas com os seus problemas, longe dos pensamentos odiosos dos terroristas, lone de pensar que as frustrações e impotências poderão ceifar as suas vidas ou destrui-las para sempre num repente.
Lutar pela liberdade ou pela paz através da guerra é o mesmo que acender um fósforo numa floresta para apagar um fogo. O ódio só gera mais ódio.
Não sei se estou a fazer sentido. Estou demasiado chocado. E o pior é que não consigo abandonar a ideia de que o atentado terrorista de Madrid tem uma mão muçulmana e nada tem a ver com a ETA. Depois do 11 de Setembro em Nova Iorque, o 11 de Março em Madrid, graças ao apoio de Aznar ao ataque americano ao Iraque.
Quem sabe o que se segue. Que outra cidade aliada poderá ser alvo de um atentado? Como garantirá o Governo português a segurança do País durante o Rock In Rio ou o Euro 2004?

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09/03/2004

Viva

Odeio o estilo arrogante de Mourinho. Sou benfiquista e tenho uma antipatia natural pelo Futebol Clube do Porto. Mas agora, neste momento, depois da eliminação do Manchester United pelos azuis e brancos, só tenho uma coisa a dizer: Viva o Porto. Viva Portugal.

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08/03/2004

Cresça e Apareça

Mário Soares respondeu ao desafio de Paulo Portas de participarem num debate "à moda antiga". O ex-Presidente da República pediu ao Ministro da Defesa que "cresça e apareça" antes de querer participar num debate desse género, afirmando que este não tem o nível necessário para se equiparar a Freitas do Amaral, Lucas Pires ou Álvaro Cunhal, com quem protagonizou debates famosos no passado.
Concordo plenamente com as palavras de Mário Soares e atrevo-me ir mais longe. Com tudo o que já ouvimos de Paulo Portas, com todas as cenas que ele já protagonizou nos últimos tempos, com o racismo demonstrado, com o excesso de nacionalismo, com a incapacidade de demonstrar um pingo de humildade, com as mudanças de opinião conforme a maré, como no caso do referendo sobre o aborto, não cresça e apareça.
Desapareça do Governo, simplesmente.

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Woody Allen

Sou um fã absoluto de Woody Allen. E, mesmo notando que o genial autor e director já não consegue criar as obras primas de antigamente (com excepção de "A maldição do escorpião de jade", que considero ao nível das melhores obras dele), continuo a não perder os seus filmes. Ontem vi o último a sair em Portugal, "Hollywood Ending", a história de um realizador de cinema que já foi o maior e que hoje está na miséria (um pequeno auto-retrato?), e que, na sua última chance de realizar um filme de sucesso, devido à sua patologia psicológica, fica cego. É a história de um realizador cego que tenta filmar a sua obra prima sem que ninguém perceba a sua incapacidade, com todas as cenas hilariantes que surgem na sua missão.
O humor dos filmes escritos por Woody Allen é único. Como actor, mais único ainda é. Os gestos nervosos das suas personagens, sempre parecidas umas com as outras, psicóticas, loucas, incoerentes, sarcásticas, frustradas, com relações fracassadas, são fantásticos. Gostei do filme, embora volte a repetir que não é uma obra-prima.
Mas hoje, ao rever "Toda a gente diz que te amo", volto a relembrar a total genialidade do autor. E queria compartilhar convosco só este diálogo, de entre muitos brilhantes, entre a personagem interpretada por Drew Barrymore e os seus pais, completamente apavorados por verem a sua filha desistir de um casamento com um jovem de sucesso para ficar com um assassino acabado de sair da prisão.

"- Mãe, comprenda! Ele tem um enorme magnetismo animal!
- Ok, então vamos levá-lo para o Jardim Zoológico.
- E, no entanto, parece uma criança.
- Ok, fica no zoo dos pequeninos."

Não sei se concordam comigo. Mas eu acho que isto é digno de uma antologia.

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Novos links

Coloquei dez novos links para blogues. Toca a consultá-los. Valem a pena.

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06/03/2004

Ainda o aborto

Em conversa com amigos cheguei a uma conclusão. Como aqueles que são a favor da despenalização não são a favor do aborto enquanto acto, mas sim a favor da liberdade de escolha, o que me parece não ser entendido pela direita, é necessário pensar em criar um boletim de voto com duas perguntas:

1 - É a favor do aborto?
2 - Concorda que cada mulher tenha o direito de escolher se quer ou não abortar?

Aí certamente que tudo ficaria mais claro. O "não" venceria claramente na primeira pergunta, mas seria meramente consultiva. Agora, tenho a certeza que, mesmo num país atrasado como o nosso, a maioria das pessoas seria capaz de oferecer aos outros a liberdade de escolher o seu próprio caminho.

(E não resisto a falar de um email que recebi, com uma piada que acho simplesmente genial. Dizia esse mail que o boletim de voto do referendo devia ter uma pergunta e duas alíneas, a saber: O que acha do aborto? Resposta 1 - Tem feito um bom trabalho. Resposta 2 - Acho que não tem sido um bom Governo)

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Uma maioria estranha

Ao passar os olhos por uma revista de domingo, vi uma reportagem sobre o sucesso da novela "Morangos com Açúcar". Surpreendi-me ao ler a última frase de uma caixa incluída no artigo. Nessa frase, escrevia-se que a maioria dos espectadores da série eram mulheres, o que correspondia a 43,3 por cento do total.
Ora, é de mim, ou há aqui qualquer coisa estranho? Se a maioria corresponde a 43,3 por cento, então o número de homens que assistem à mesma série teria sempre que ser inferior. Então e os outros todos que sobram, que seriam mais de dez por cento? São hermafroditas? São transsexuais? São extra-terrestres? Que existem pessoas estranhas neste País, tão estranhas que parecem ser de outro planeta, eu já sabia... mas são assim tantos?
Alguém me explica isto?

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Ainda o Herman e a Lili

Recebi várias dezenas de visitantes no meu blogue (sejam bem vindos) que chegaram a este endereço por intermédio de procuras efectuadas em motores de busca de textos que falassem sobre o Herman José e a Lili Caneças. Por acaso tem piada que eu, ingénuo e indignado, sem saber do que tinha acontecido no início do último Herman SIC, tenha escrito dois posts a propósito da minha opinião sobre o humorista, ainda no decorrer do mesmo programa.
Peço desculpas aos muitos blogonautas (pode-se dizer blogonautas?) que aqui vieram parar em busca de considerações minhas sobre a pretensa discussão entre os dois VIPS, discussão essa que não me interessa minimamente. Mas também fico contente por terem encontrado antes aquilo que escrevi. É que, para mim, mais importante do que saber se a discussão entre os dois foi verdadeira ou não, é o lamento de que um brilhante humorista, símbolo do inconformismo e da crítica social, tenha passado a usar a sua arte de forma lamentável, apenas olhando para o glamour e para as aparências.

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03/03/2004

Simplesmente não viver

Repito a minha opinião sobre o caso: Não percebo sinceramente como pode haver tanta discussão em redor do assunto. Ninguém defende o aborto. Ninguém acha que o aborto deve ser praticado de ânimo leve. Eu próprio abomino tal prática e, dependendo de mim e da minha opinião, ninguém o faria.
No entanto, mais forte do que a minha opinião é a liberdade de escolher. E cada qual deve ter a sua.
Dizem os que são contra a despenalização do aborto que estão a defender a vida. Eu acho que não. É que viver sem ter liberdade de escolher é pura e simplesmente não viver.

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29/02/2004

Comentário idiota

Após o empate do Benfica contra o Moreirense, a jornalista da TVI (creio eu), diz, com grande cara de pau, "O Benfica empatou, mas o mais importante é o que se passa ali atrás, o fogo de artifício das comemorações do centenário".
Se eu não fosse bem educado, e irritado como estou com as recentes exibições do Benfica e com este comentário idiota da jornalista, conseguiria lembrar-me de uma mão cheia de formas para se usar aquele fogo de artifício de forma mais adequada.

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Lili Caneças e Herman

À espera dos óscares, passo novamente os olhos pela SIC. Retiro o que escrevi há pouco. Afinal, o Herman SIC ainda é um grande programa. Delicio-me a ouvir o relato pormenorizado das brincadeiras que Lili Caneças tem com o seu neto debaixo da mesa, onde imitam gatinhos, e a forma como, no meio de uma brincadeira, caiu de costas e, apesar de ser uma pessoa optimista e que tem imensa experiência a esquiar na neve, pensou que ia morrer.
E, quando pensava que o programa não podia melhorar mais, entra a Ágata, pronta para cantar uma música.

Refaço o provérbio: Em terra de cegos, quem sabe braile é rei.

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A desilusão de Herman

O brilhante Herman José da minha infância a adolescência já não existe. Agora parece apenas um cómico barato, que se rodeia de bailarinas nuas, se veste de mulher ou faz os seus colegas vestirem-se dessa forma, que apenas diz piadas sobre sexo, como se não existisse outro tema, que não tem poder de crítica social e que já não tem coragem de se assumir como um contra-poder, de assumir o humor como um eco das injustiças e dos abusos.
Agora, parece apenas um novo rico que se passeia num carro luxuoso, que se gaba de ter relógios de marca, de saber cozinhar pratos franceses e de se dar com a nata do jet ser. Herman José já não denuncia a podridão que existe no País, agora apenas convida para o seu programa os amigos de festas e férias ou, então, pobres criaturas que sofrem de problemas mentais e, por isso, adoptam posturas diferentes do normal na vida, ou charlatões. Já não provoca os mais poderosos, como qualquer líder de opinião, como qualquer corajoso artista. Agora, apenas provoca os que são mais fracos.
Ainda por cima, uma notícia de jornal deu conta de que foi capaz de dizer o pior possível de Carlos Cruz no seu depoimento, ao ponto de referir que o aprisionado apresentador é um péssimo profissional e que nunca se deu bem com ele. No entanto, ainda está na memória de todos aquele abraço que lhe deu e as lágrimas que derramou, ainda há pouco tempo, quando o convidou para o seu programa.
Sinto uma pena imensa por ver um ídolo de infância cair desta maneira. Ao vender-se desta maneira às aparências num país tão pequeno como Portugal, Herman José provou que é mesmo verdade que, em terra de cegos, quem tem olho é rei.

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25/02/2004

Sou fã

Vejo o Porto - Manchester e, ainda sem acabar o jogo, decido declarar já que sou fã deste jovem brasileiro chamado Carlos Alberto, que se estreou hoje na equipa de Mourinho, dos seus dribles, da velocidade, da sua coragem.
Não sei como é que o Porto encontra sempre jogadores destes no Brasil, enquanto o Benfica só vai buscar jogadores sem classe e sem profissionalismo. Enfim... são jogadores destes que fazem do futebol uma maravilha.

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23/02/2004

Onde arranjo um emprego destes?

Vejo, durante os anúncios da televisão, que a revista "Telenovelas" vai oferecer aos seus leitores um guia sobre as melhores 45 posições para se fazer sexo. Um kama sutra resumido, portanto. No entanto, o que me chama a atenção é o que diz a locutora: "posições testadas e garantidas". Testadas por quem? Contrataram alguém para isso?
Para onde envio o meu currículo para arranjar um emprego destes?

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17/02/2004

Estranha forma de vida

Numa loja de roupa, um letreiro orgulho: "O Meu Sonho". Realizado, cumprido, de pé.
Mais abaixo, na vitrine, ao lado do cartaz a dizer "Saldos", outro que diz "Trespassa-se".
Que mundo cruel este, que nos obriga até a trespassar os sonhos.

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15/02/2004

Depressa de mais

Não sei que idade tem Pedro Santana Lopes. Mas acho que está a ser muito apressado ao mostrar-se disponível para ser Presidente da República. É que, com a sede de cargos que o autarca tem demonstrado ao longo da sua vida, é melhor começar a poupar. Já não existem muitos que ainda não tenha ocupado e, claro, de Presidente da República, não irá a seguir descer para Ministro nem para Primeiro-Ministro.
Tenha calma, Dr. Pedro Santana Lopes. Deixe passar mais uns aninhos antes de se candidatar. Repare: o que vai fazer a seguir? Reformar-se antes do tempo? Ou tentar instaurar outra vez a monarquia e convencer Portugal que é descendente do D. Afonso Henriques?

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Finalmente...

Finalmente um clássico sem expulsões e sem casos de maior. Finalmente um bom jogo de futebol entre duas equipas lutadoras e dedicadas, num estádio belo e cheio de adeptos fervorosos. Finalmente um Benfica a jogar bem num jogo de grande pressão e um Simão a conseguir mostrar o seu real valor. Finalmente uma demonstração de fair-play nas declarações dos intervenientes no final do jogo.
É tão raro um momento assim no futebol português que, mesmo apesar do meu Benfica não ter ganho, só consigo escrever isto: Finalmente!

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10/02/2004

É preciso lata...

Numa rara entrevista dada à televisão, George Bush explica que é um presidente de olhos postos na guerra, assegura os americanos de que, mais cedo ou mais tarde, as armas de destruição em massa serão encontradas no Iraque e acrescenta que Saddam tinha que ser capturado de qualquer forma, porque não se pode confiar num louco. Neste último ponto, o presidente americano tem razão.
Mas então, se está consciente disso, por que razão é que ainda pede às pessoas para confiarem nele?

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05/02/2004

Nova vizinhança

Após alguns dias atarefados com uma mudança de residência, volto a sentar-me ao computador. Dos últimos dias ficam algumas certezas: que armazenamos muito mais lixo nas nossas casas do que pensamos e que se sente sempre um pequeno vazio quando estamos numa nova casa, mesmo que seja melhor, pois as memórias acompanham-nos sempre.
Como curiosidade, quando saio à rua, reparo bem no que me rodeia agora, nos novos espaços que me irão ser familiares de agora em diante. Só cafés consigo avistar quatro. Haverá aqui tantos amantes do escuro líquido?

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Comentários anónimos

Já se sabe que colocar um sistema de comentários no blog é arriscado. Não porque haja medo de ser criticado ou de ver opiniões contrárias à nossa, mas porque há pessoas mal educadas e ordinárias que, ainda por cima, não têm a classe suficiente para fazerem as suas afirmações directamente e sem se esconderem.
Esses comentários anónimos e ofensivos serão sempre apagados deste blog. Comentários identificados e construtivos, ainda que contra as opiniões do autor do mesmo, esses serão sempre mantidos e estimados.

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31/01/2004

Ainda a morte de Fehér

Quando li a opinião de José Pacheco Pereira, no Abrupto, sobre as notícias e a comoção geral sobre a morte de Fehér, fiquei chocado. Achei aquele comentário de uma falta de sensibilidade tremenda. Pensei em comentar isso mesmo. No entanto, felizmente que não o fiz. É que José Pacheco Pereira ganhou razão com o passar do tempo.
Fiquei tão chocado com a morte do jogador como qualquer outra pessoa, ainda mais tendo visto a mesma em directo na televisão, ainda mais sendo benfiquista, ainda mais sendo jovem e tendo amigos praticantes de desporto. Mas acredito que a morte do húngaro não tem mais significado do que qualquer outra. Não é mais significativa do que a morte de duas adolescentes no Cadaval na semana passada, nem do que a morte das dezenas de vítimas de acidentes nas estradas. Nem dos milhões de refugiados e inocentes de guerra.
O que dizer das centenas de páginas diárias, ainda uma semana depois do acontecimento, nos jornais (serão pagas pela Vodafone e pelo Banco Espírito Santo, que percebem agora que investir nas camisolas do Benfica é o mesmo que estar em todos os jornais do mundo?), ou do adepto que, no velório de Fehér, se levantou e gritou "Onde está Deus?". Isto parece razoável? Há que chorar a morte e mostrar os sentimentos sim. Mas o exagero é tão condenável quanto a omissão. Porque aí, o que é um sentimento belo e nobre passa a ser mera pornografia de sentimentos e pormenores desnecessários.

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A beleza da vida

Vejo na TVI a alegria dos desalojados da Chamusca após conhecerem a sua nova casa, oferecidas para compensar a perca de todos os seus bens nos incêndios do verão passado. Vejo a alegria de uma senhora de sessenta e tal anos, que nunca tinha tido antes uma casa de banho e que, humildemente, afirma que aquela casa é boa de mais para ela. Vejo a alegreia de um senhor que, pela primeira vez, tem uma casa onde não chove.
É incrível que até mesmo as grandes desgraças trazem coisas boas. O mundo é mesmo inacreditável. Mas é por isso que, mesmo nos momentos mais tristes, a vida é de uma beleza incomensurável.

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26/01/2004

Que era mais novo do que eu

Tentei não escrever sobre o assunto até poder pensar nele sem demasiada emotividade. No entanto, é impossível consegui-lo. A morte de Miklos Fehér chocou o mundo inteiro. Porque tinha 24 anos. Porque era aparentemente saudável. Porque era humilde e trabalhador. Porque foi vista em directo na televisão. Ao que parece, os serviços médicos fizeram tudo o que podiam ter feito. Sabemos que quando chega a hora da morte, não há nada a fazer.
No entanto, este trágico acontecimento, pode, como sempre acontece no nosso País, ironicamente, ajudar em muitas áreas. Durante o Euro 2004, as equipas médicas vão ser irrepreensíveis. Provavelmente, os testes médicos feitos aos atletas no desporto português passarão a ser mais exigentes, evitando-se outros casos semelhantes. Toda a população fica mais ciente e cautelosa quanto a problemas do coração. Provavelmente, muitos aprenderão agora quais os procedimentos em caso de um ataque semelhante, o que poderá salvar muitas vidas no futuro.
Quanto ao Benfica, clube onde jogava, servirá certamente para aumentar a união e a vontade dos jogadores. Quem sabe se este acontecimento horrendo não acabará por ajudar o clube a recuperar a mística perdida e o apoio real dos seus adeptos, a uma equipa à qual tudo acontece? E quem sabe se, a ver pelos exemplos notáveis do Sporting e do FC Porto, dos sócios dos vários clubes, até das claques, ao apoiarem e chorarem a morte do atleta em união, não poderá ajudar a pacificar o desporto português e torná-lo a ser um melhor exemplo para todos?
Enfim, como sempre, Portugal aprende com as tragédias. Faz parte da nossa maneira de ser. E o pior é que, desta vez, nem tivemos a culpa.
Mas, o problema é que se perdeu uma vida. Nem falo do futebolista. Falo do homem. Que tinha só vinte e quatro anos e era aparentemente saudável.
Que era mais novo do que eu.

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20/01/2004

Delírios 1

Os teus olhos são eclipse solar. Tudo o resto é escuro quando eles se abrem.

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Os subsídios que temos

Excelente o post de José Pacheco Pereira, no Abrupto, com o título "NOTÍCIAS DA SUBSÍDIO - DEPENDÊNCIA E NÃO SÓ".
Para ler e perceber como funciona o País.

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18/01/2004

Um cantor na Turquia

Na edição da Operação Triunfo que se realizou logo a seguir à última edição da Operação Triunfo (será que ainda vão haver mais a seguir?), Catarina Furtado pediu aos espectadores para votarem para que se saiba qual é o cantor que queremos ver na Turquia.
Antes de votar, tenho duas dúvidas que me irão condicionar na escolha: o cantor ficará na Turquia para sempre ou depois volta? E não se pode votar em cantores que não estejam na Operação Triunfo?

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O sacrifício de Isac

Ao observar algumas imagens de quadros de Caravaggio, relembrei-me de um dos episódios bíblicos que sempre me incomodou, que é o do sacrifício de Isac. Porque Deus lhe ordenou, Abraão preparava-se para assassinar o próprio filho, não fosse o aparecimento de um anjo enviado pelo Senhor, orgulhoso da fidelidade do seu profeta, para o impedir de prosseguir a chacina.
Em algum caso, qualquer que seja, a ordem para que um pai mate um filho pode ser uma ordem divina? Percebo o significado do episódio. Abraão tinha tanta fé no Senhor que sabia que tudo se resolveria a bem, como veio a acontecer. Mas, mesmo assim, só o facto de um pai admitir tentar matar o seu filho não é pecado maior do que desobedecer a Deus? Não é um atentado à vida um pecado maior do que qualquer outra coisa?

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16/01/2004

Michael Jackson

Vejo a entrevista de Michael Jackson ao "60 Minutos" e fico agoniado. O rosto desfigurado dele, a situação, tudo me enoja. Por saber que há pessoas que são capazes de molestar crianças, mas também por saber que seria ideal que as coisas fossem como ele diz. Porque o que diz está certo, independentemente de ser verdade. Porque, num mundo ideal, não haveria qualquer mal em partilhar uma cama com uma criança. Porque as crianças são de facto o rosto de Deus. Porque, se não houvesse maldade nem frustrações, tudo seria possível de fazer sem que houvesse qualquer pecado ou problema.
Porque gostaria muito de que fosse tudo falso e que Michael Jackson, apesar da sua loucura, apesar do seu desfiguramento, apesar da sua irreverência, não fosse pedófilo. Porque gostaria que ele fosse mesmo apenas um louco que acredita que um homem e uma criança podem partilhar um leito sem que haja qualquer falta de respeito ou violação de qualquer espécie.

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A lei do aborto

Concordo que o aborto, em determinadas circunstâncias e até um determinado prazo, seja despenalizado. Porque acredito que cada um tem o direito de fazer as suas próprias escolhas. Porque acredito na profunda liberdade de cada um, mesmo que seja para errar, se for o caso. Mas, apesar disso, continuo sem perceber se vale a pena voltar a fazer uma pergunta cuja resposta já foi dada. E, apesar de acreditar na liberdade, confesso que tenho medo de que, numa sociedade tão à deriva como a portuguesa, tal acto de último recurso passe a ser visto como um método contraceptivo e seja praticado com mais frequência do que a desejada.
E continuo a acreditar também que, apesar de querer que cada um tenha a liberdade de escolher o seu caminho, um aborto é um atentado à vida, seja em que circunstância for. Eu, pelo meu lado, nunca o apoiaria. Mas isso sou eu. Cabe a cada um decidir em consciência a sua opção e, para isso, é necessário dar a cada um a liberdade de poder decidir.
No entanto, ressaltam algumas dúvidas. Quando, há poucos anos, houve o referendo, a população portuguesa respondeu e escolheu um caminho. Será que não se deve respeitar essa decisão? Que argumento tem a esquerda para voltar a colocar o assunto na berlinda, se ele foi decidido pelas mesmas pessoas que irão voltar a pronunciar-se? Será que é legítimo repetir a pergunta? E se a resposta for a mesma? Exigir-se-á outro referendo a seguir, até que o resultado seja, finalmente, o pretendido?

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12/01/2004

Alentejo

Depois de um fim-de-semana passado em Selmes, no interior do Alentejo, para tentar acabar um projecto que tinha em mãos (misson completed), regresso à cidade. Realmente, faz falta passar mais dias em locais tão calmos e acolhedores como aquele.
No entanto, tenho uma reclamação a fazer: prefiro as ambulâncias e os automóveis a fazer barulho a partir das nove da manhã, do que os galos a cantar a partir das seis.
De resto, viva o interior.

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06/01/2004

Tempo de porcos gordos

No Alentejo, um criador de animais está a braços com um caso nunca visto na zona. Um porco atingiu os dois metros e meio de comprimento e os quatrocentos quilogramas de peso (!). Ninguém percebe como é que o animal cresceu tanto e a diferença entre ele e os outros lamacentos colegas é notória, à vista e pela quantidade de comida que ingere.
A matança do porco ainda não está marcada, mas a ansiedade já é grande. No entanto, pelo meio, fica um bom prenúncio. É que é comum dizer-se no Alentejo que porcos gordos no início do ano são sinal de um ano de fartura. Então, se calhar, o problema dos portugueses tem sido meramente de linguagem. Em vez de dizermos constantemente que estamos num período de vacas magras, proponho que mudemos a frase para “estamos num período de porcos gordos”. E, se pensarmos bem na coisa, na corrupção e negociatas, nas mentiras e escândalos existentes no nosso País, até é capaz de ser uma frase mais feliz e verdadeira do que parece.

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05/01/2004

Chuva de cometas

Uma chuva de cometas invadiu os céus da Peninsula Ibérica na noite de ontem. Há pouco mais de dois mil anos, uma estrela guiou, também por estes dias, os três Reis Magos para a gruta onde Jesus nascera. Os esotéricos sempre falaram da importância da Peninsula Ibérica, e concretamente de Portugal, no futuro da humanidade. Os esotéricos dizem também que em breve aparecerá um novo líder espiritual, um novo Messias.
A Lusitânia (Terra de Luz) sempre foi palco de grandes profecias. Portugal (Portus Cale, Porto do Grall) também.
Tem piada. Tem tudo muita piada. Ou será mais do que mera piada?

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04/01/2004

A vergonha do futebol

Confesso que, às vezes, tenho pena de que o futebol motive tantas paixões. Confesso que, às vezes, me apetece nunca mais ver nenhum jogo, esquecer de uma vez por todas que existem o Benfica e o Sporting, o Eusébio e o Figo, os golos e os aplausos. Quando? Quando um jogo que tem tudo para ser um grande espectáculo de futebol é estragado pelos elementos menos importantes do desporto.
Mais do que um clássico, o Benfica - Sporting foi um reeditar das velhas vergonhas do futebol português. Tudo começou torto, antes do jogo começar. Como sempre. Porque o futebol português é isso, é uma questão de bocas e acusações, de pressões e mentiras. E, ainda por cima, na maior parte dos casos, de mau futebol. Como foi o caso deste derby. Mau futebol, pelo intermédio de jogadores valorizados em excesso e, em muitos dos casos, excessivamente protegidos pela opinião pública.
O estádio estava cheio. E é um estádio lindíssimo, moderno, talvez o mais bonito da Europa (e digo-o com o peito cheio de quem é simpatizante do Benfica, apesar de tentar ser imparcial nas análises). Sessenta e cinco mil gargantas gritavam por ambas as equipas. Sessenta e cinco mil pessoas que, por se deslocarem ao local, por gastarem o dinheiro do bilhete, por amarem o seu clube, independentemente de qual for, mereciam melhor. Mereciam mais verdade no jogo, menos casos, mais profissionalismo e, principalmente, mais justiça e imparcialidade.
Mas não. Como já escrevi, o jogo começou torto ainda antes do seu início. É que a imprensa fez questão de, no dia antes do encontro, fazer notícia do facto do árbitro Paulo Proença ser sócio do Benfica, como se cada um não tivesse direito a ter a sua simpatia e como se isso colocasse em causa a sua imparcialidade. Aliás, parece-me que muitas pessoas nunca perceberam isto: aqueles que se assumem, raramente têm intenção de errar. Seria pouco inteligente ter a sua situação regularizada como sócio de um clube e beneficiá-lo a seguir. Mas os portugueses não estão habituados à honestidade nestes assuntos e, então, resolveram ver no assumir da verdade um perigo ao desporto.
O árbitro prejudicou gravemente o Benfica. Mas atenção: o Sporting jogou melhor. Erros à parte, o Sporting mereceu a vitória. Não porque tenha jogado bem, mas porque os jogadores do Benfica não souberam estar à altura. Porque Simão foi uma sombra de si mesmo, porque Tiago se esqueceu de jogar futebol, porque Sokota falhou um golo fácil. No entanto, o Sporting só mereceria uma vitória neste encontro, se o árbitro não tivesse beneficiado a equipa de forma tão clara, por medo de ser acusado do contrário.
São as pressões do futebol português. É a vitória da falta de desportivismo e da mentira. Mas foi, também, uma grande vitória para uma pessoa: José António Camacho. Consegue manter-se um senhor, mesmo quando tem razões para se zangar e gritar. Porque viu e sentiu os erros do árbitro mais do que ninguém, mas, mesmo assim, prefere falar da sua equipa e recusa-se a falar da arbitragem. Porque sabe que só assim poderá contribuir para o crescimento do nosso futebol. Mais uma lição deste grande homem. Só tenho pena que tenha que vir de um estrangeiro.
Mas, de qualquer maneira, foi esse exemplo que me apaziguou. Foi esse exemplo que me fez acreditar que, apesar de toda a porcaria que envolve o futebol português, de todas as más arbitragens, das pressões, das trafulhices, do mau futebol, apesar de tudo isso, o futebol ainda pode ser um desporto.

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