Quando li a opinião de José Pacheco Pereira, no Abrupto, sobre as notícias e a comoção geral sobre a morte de Fehér, fiquei chocado. Achei aquele comentário de uma falta de sensibilidade tremenda. Pensei em comentar isso mesmo. No entanto, felizmente que não o fiz. É que José Pacheco Pereira ganhou razão com o passar do tempo.
Fiquei tão chocado com a morte do jogador como qualquer outra pessoa, ainda mais tendo visto a mesma em directo na televisão, ainda mais sendo benfiquista, ainda mais sendo jovem e tendo amigos praticantes de desporto. Mas acredito que a morte do húngaro não tem mais significado do que qualquer outra. Não é mais significativa do que a morte de duas adolescentes no Cadaval na semana passada, nem do que a morte das dezenas de vítimas de acidentes nas estradas. Nem dos milhões de refugiados e inocentes de guerra.
O que dizer das centenas de páginas diárias, ainda uma semana depois do acontecimento, nos jornais (serão pagas pela Vodafone e pelo Banco Espírito Santo, que percebem agora que investir nas camisolas do Benfica é o mesmo que estar em todos os jornais do mundo?), ou do adepto que, no velório de Fehér, se levantou e gritou "Onde está Deus?". Isto parece razoável? Há que chorar a morte e mostrar os sentimentos sim. Mas o exagero é tão condenável quanto a omissão. Porque aí, o que é um sentimento belo e nobre passa a ser mera pornografia de sentimentos e pormenores desnecessários.
31/01/2004
Ainda a morte de Fehér
Publicada por Luís Costa Pires à(s) 20:57
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