24/06/2004

A loucura de Portugal

Finalmente o que se espera dos portugueses. Uma atitude fantástica, uma luz enorme.
Não vou falar do jogo, que foi brilhante. Não vou falar do golo de Rui Costa, que vale um Europeu inteiro.
Falo apenas da loucura. Portugal ganhou o jogo porque se relembrou do poder da loucura. Postiga, em pressão insuportável, em vez de marcar um penalty de maneira normal, picou a bola para um golo de belo efeito, mas de grande risco, que poderia crucificá-lo, caso falhasse, que podia colocar um país inteiro em lágrimas. A seguir, Ricardo tirou as luvas para defender a bola, numa atitude de louca determinação. E conseguiu. Depois, quis ser ele a marcar e deu a vitória a Portugal.
A loucura é o caminho do Português, o divino improviso, a genialidade, a ligação com o que não pode ser explicado. Assim, Portugal não poderá perder nunca. Da mesma maneira que, no passado, não perdeu batalhas em que estava em grande inferioridade numérica. Da mesma maneira que, munido de alguns marinheiros e barcos, resolveu andar pelos perigosos mares e descobriu novos mundos. A genialidade da loucura é o trunfo de Portugal e é preciso assumi-lo.
É que não se pode perder nunca aquele que não sabe qual o caminho a seguir.

Sem comentários: