27/05/2009

A verdadeira crise que vivemos

"The crisis is a crisis in consciousness, a crisis that cannot anymore accept the old norms, the old patterns, the ancient traditions.

And, considering what the world is now with all their misery conflict, destructive brutality, aggression, and so on, man is still as he was: is still brutal, violent, aggressive, acquisitive, competitive, and he has built a society along these lines.

What we are trying to, in all these discussions and talks here, is to see if we cannot radically bring about a transformation of the mind. Not accept things as they are, but to understand it, to go into it, to examine it, give your heart and your mind and everything that you have to find out a way of living differently.

But that depends on you and not somebody else. Because in this there is no teacher, no pupil, there is no leader, there is no guru there is no master, no saviour. You yourself are the teacher and the pupil, you are the master, you are the guru, you are the leader.

You are EVERYTHING.

And to understand, is to transform what is."

Jiddu Krishnamurti

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18/05/2009

Balanço da "tour" algarvia

Excelente, excelente, a passagem pelo Algarve.

A sessão com o Clube de Leitura da Biblioteca de Loulé foi fantástica. Adorei a participação dos membros e a discussão em volta do meu último romance "Ao teu lado", principalmente acerca dos dilemas morais do personagem José Carlos Sagácio. Aliás, confesso que fico sempre emocionado quando vejo a forma como os personagens e os enredos que crio aqui neste computador, muitas vezes a altas horas da noite, acabam por tocar outras pessoas. É para isso que se escreve. É a sensação do dever cumprido.

Para quem leu o livro, refiro que, quanto à discussão propriamente dita, acho curioso o impacto que a "minha Desidéria" tem nos leitores. No livro, apesar de estar sempre presente, é ainda assim uma personagem com uma névoa em redor, com algum mistério e muita subtileza. E, apesar de ser o mote de todo o enredo, é aquela de quem menos se fala em todas as discussões sobre o romance. Quase como se, como o é no romance, fosse na realidade também apenas uma musa intocável. Pelo contrário, Sagácio é um personagem presente, saudavelmente odiado pela maior parte dos leitores, antes de despir a sua capa de anti-herói e entrar no caminho que transforma o final do livro numa autêntica surpresa.

Depois, na Livraria Pátio das Letras, em Faro, houve lugar a outra sessão, também muito interessante. Desta vez não tinha havido uma leitura prévia do livro, o que levou a conversa a voar para outros assuntos que não apenas o romance, mas foi mais uma tarde muito interessante, rodeado de pessoas interventivas que me fazem acreditar que talvez o País ainda tenha uma solução. Enquanto houver gente que pense, que se preocupe, que olhe para além do seu próprio umbigo, tudo poderá mudar.

Um agradecimento à Dra. Rita, da Biblioteca de Loulé, que foi incansável e de uma simpatia incrível, e à Dra. Liliana, da Pátio das Letras, que também me recebeu muito bem e tem a coragem de levar adiante um projecto arrojado e dinâmico que vale a pena conhecer melhor.

E, claro, à Adriana Nogueira, à Professora Doutora Adriana Nogueira, mas que, pela amizade que nos une, prefiro tratar apenas por Adriana, que me recebeu tão bem no Algarve, falou de forma tão amável do meu trabalho e que é um exemplo de vitalidade, voluntariado e cooperação.

Tudo coisas que fazem tanta falta a este mundo.

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04/05/2009

Luís Costa Pires na feira do Livro de Lisboa, Loulé e Faro (Nota de Imprensa)

O romance “Ao teu lado”, do escritor Luís Costa Pires, é o motivo de diversas sessões literárias nos primeiros dias de Maio. O autor estará presente na Feira do Livro de Lisboa por duas ocasiões, para sessões de autógrafos relativos a este último romance publicado em Dezembro último pela Nova Vega, e que marcou o seu regresso à publicação após cinco anos de ausência. As sessões de autógrafos terão lugar nos pavilhões E 11 e 12, na próxima sexta-feira, dia 8 de Maio, e na próxima terça-feira, dia 12 de Maio, em ambos os casos pelas 17 horas.

Depois, dia 14 de Maio, Luís Costa Pires deslocar-se-á até ao Algarve, mais concretamente a Loulé, onde participará, pelas 21:30 horas, de um encontro do Clube de Leitura de Loulé, a decorrer na Biblioteca Municipal. Ainda por terras algarvias, no dia 16 de Maio, Luís Costa Pires estará em Faro, desta vez para participar na programação cultural da livraria “Pátio das Letras”. Assim, pelas 17:30 horas, a Professora Doutora Adriana Nogueira, da Universidade do Algarve, irá apresentar o romance ao público presente, contando depois com a presença do autor para explicações mais detalhadas sobre a obra.

Recorde-se que antes de “Ao teu lado”, uma história de amor com influências Shakesperianas, o escritor de 32 anos publicou “A Rainha de Copas” (vencedor do prémio Prosas de Estreia, em 1998), “Depois da Noite”, “Mandrágora” e “A Desconstrução da Alma”. Depois de uma passagem pela fotografia e edição, Luís Costa Pires voltou a dedicar-se inteiramente à escrita, estando agora a trabalhar no seu próximo romance, a ser publicado em Novembro também pela Nova Vega. Paralelamente, está a trabalhar na área do guionismo para cinema e televisão para o mercado norte-americano, através do contrato assinado, em Março último, com a empresa Eileen Koch & Company, Inc, sediada em Los Angeles, Califórnia.

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Viagem a Los Angeles - parte 7 - Obama, Marijuana e Tatuagens

Barrak Obama, o novo presidente norte-americano, é, mais do que um presidente. É uma estrela. Por toda a parte e bancas, jornais e revistas fazem capa com notícias sobre os seus hobbies e vida privada, sobre o seu passado e ideais, e nem mesmo a Marvel perdeu a oportunidade de colocar Obama como uma das personagens das histórias do Homem Aranha.


Até Portugal beneficia da fama de Obama: por exemplo, falando com os californianos percebe-se que Portugal é famoso no estado da Califórnia por causa de Cristiano Ronaldo, do Benfica (um fã de soccer até sabia que Rui Costa é director do clube), do café e do pão português, das laranjas nacionais (?) e... do cão de Obama, que é português.
No entanto, o excesso de mediatismo de Obama começa a incomodar os americanos, até porque às vezes o novo presidente também comete algumas gafes ou tem saídas menos felizes. Mas, enquanto o efeito novidade durar e enquanto persistir o pudor de criticar Obama, com medo de parecer racismo, o novo presidente estará seguro nas sondagens.

Marijuana Livre

Por toda a Hollywood Boulevard, por entre as estrelas com os nomes de Frank Sinatra, Steven Spielberg ou Liza Minneli, estão abertas várias “Smoke Shops”. Nelas, convictos activistas pedem a participação das pessoas na angariação de assinaturas tendo em vista a legalização da Marijuana. “Porque é que o Tabaco é legal e só faz mal à saúde, mas a Marijuana que acalma, nos deixa felizes e cura algumas doenças como o stress e a ansiedade, é proíbida? Eles não querem é que sejamos felizes, querem-nos sempre doentes para nos poderem controlar”, afirma Steve, um dos proprietários de uma das lojas, antes de se oferecer para nos fazer um cartão de fumador livre de Marijuana. Para obter o cartão bastaria dirigir-me ao fundo da loja, onde um “in local doctor” estava pronto a fazer-me uma consulta rápida e averiguar da necessidade. Assim, ficaria autorizado a fumar em qualquer parte da Califórnia, mesmo em frente a um polícia. “Tens alguns destes sintomas?”, perguntava, mostrando uma lista imensa de problemas tão comuns a toda a gente. “Bom, sinto-me um pouco cansado”, respondo, “mas é provável que seja ainda do jet lag”. “Não interessa”, retorque, “Tens um sintoma, estás dentro das condições”. E lá foi buscar o formulário para eu preencher.

Tatuagens e Cabeleiras

Ainda em Hollywood Boulevard contam-se, em pouco menos de 500 metros, três lojas que se dedicam exclusivamente a tatuagens e outras tantas à comercialização de cabeleiras postiças. E o mesmo se pode dizer em relação às clínicas de cirurgia estética, que também crescem como cogumelos, com preços inacreditavelmente baixos, numa concorrência feroz. Em Los Angeles cada um é como quer ser.
Em nenhum outro local é tão normal um homem estar tatuado até aos olhos ou uma mulher andar com uma longa cabeleira verde até ao chão. Artistas, dirão os mais conservadores com desdém.
E, apesar da fast food e do mito de que os americanos são um povo com extrema obesidade, tal não acontece na cidade dos sonhos. É claro que existem pessoas morbidamente obesas, mas a maioria dos habitantes apresentam corpos esculturais e musculados.
Exigências do estrelato.

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Viagem a Los Angeles - parte 6 - Portugueses em Hollywood

Às vezes o mundo mais parece um berlinde do que o enorme planeta que é na realidade. Foi em Los Angeles, em plena Larchmont Avenue, que conheci Américo Silva, então vice-presidente para a área da distribuição de Home Entertainment da Paramount, mas desde sempre português do Porto, emigrado nos Estados Unidos há mais de 28 anos, e com uma passagem profissional pelas Caldas da Rainha há muitos anos atrás. Dei por mim a falar, sem esperar, em plena Los Angeles, da Foz do Arelho, da comida da região e da cerâmica tradicional da minha terra.


No meio de muitas gargalhadas e recordações, ficou bem patente o espírito de solidariedade que dois portugueses têm quando se encontram num ponto distante. Tem razão o provérbio, Portugal é onde um português estiver. E ali fez-se um pequeno Portugal, em jantares e almoços, com ele e outros lusitanos em busca da felicidade na terra do Tio Sam.

Por exemplo, Mónica Cabral é natural dos Açores, mas está em Los Angeles há mais de cinco anos. A adaptação não foi difícil pois o cinema sempre foi o seu sonho. Com o tempo, os contactos vão surgindo e a experiência aumentando. Agora, podemos vê-la num pequeno papel no filme de Adam Sandler, “Não te metas com o Zohan”. Um primeiro pequeno passo para uma grande futura carreira.

Por sua vez, Lia Feitz viveu já em diversas cidades do mundo, mas nasceu também em Portugal. Em Los Angeles é já uma actriz com experiência em TV e teatro. No final de Março fez um dos principais papéis numa versão da peça “Monólogos da Vagina”, que esteve em cena num pequeno auditório junto de Hollywood Boulevard.
A comunidade portuguesa vai crescendo em Hollywood, onde é apreciada pelo seu dinamismo, alegria e criatividade. A questão é porque razão é que as nossas melhores características só aparecem quando estamos fora do nosso país?

Ronaldo, Café e Laranjas

Uma pergunta muito frequente em Los Angeles é “De que país vens?”. Isto porque na terra dos sonhos existem pessoas de todas as nacionalidades, todas movidas pelo mesmo desejo, ver o seu talento reconhecido. Quando respondia que vinha de Portugal, ficava sempre curioso por ver as reacções das pessoas. Cristiano Ronaldo era invariavelmente o primeiro nome a vir à baila. A fama do futebolista português é realmente mundial, tanto que, em plena Disneylandia, duas americanas compravam, mesmo à minha frente, uma camisola com o número sete de Portugal. A seguir, vêm as referências ao café e ao pão português (inteiramente justificadas pois o café e o pão americano não são nada comparados com os nossos) e, de quando em vez, a Eusébio e ao Benfica. Mas a mais estranha referência foi feita logo no avião, por uma agente da Homeland Security, que viajava à paisana para garantir a segurança da viagem. “Portugal? Ahhh... e trazes aí das vossas laranjas? São tão boas!”.

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Viagem a Los Angeles - parte 5 - Life is like a box of chocolates

Junto a uma bela fonte nos estúdios da Paramount Pictures, está o banco que Robert Zemeckis escolheu como adereço para o filme “Forrest Gump”, agora disponível para os visitantes se sentarem e tirarem fotografias de recordação de um dos mais belos e tocantes filmes da história do cinema. No banco, uma placa dourada, contém uma inscrição referente ao filme, “My name is Forrest, Forrest Gump. They call me Forrest Gump”.
Quase que daria vontade de continuar a frase, acrescentando outra parte do monólogo do brilhante personagem: “My mamma always told me that life is like a box of chocolates. You never know what you're gonna get”. Porque é esse o espírito da Califórnia. Ir em frente, seguindo os sonhos e impulsos, dando tudo de si em cada momento, à espera de ver o que a vida devolve.

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Viagem a Los Angeles - parte 4 - Os estúdios de cinema

Não é possível visitar Los Angeles e não ir à Disneylandia. Mesmo quem não for particularmente fã das eternas histórias criadas pelos estúdios de Walt Disney, ficará emocionado com a beleza, alegria e magia do local. O ingresso é caro, 65 dolares para ver um dos parques, 95 para ver ambos (quase impossível ver ambos no mesmo dia, de tão grande que é a Disneylandia, maior do que uma pequena cidade portuguesa), mas vale cada cêntimo.



Lá dentro, a magia acontece realmente. Cidade dentro de uma cidade ainda maior, localizada em Orange County, região celebrizada pela série juvenil “The O.C.”, a Disneylandia é um mundo de sonho, cheio de diversões, crianças e adultos a conviver com o Pato Donald, o Dumbo e a Branca de Neve, em locais encantados como o Castelo da Cinderela, o navio dos Piratas das Caraíbas, o túmulo perdido de Indiana Jones, montanhas russas e rodas gigantes e, claro, muitas lojas e espectáculos.
Num mundo perfeito, qualquer criança do mundo deveria ter a oportunidade de a visitar. Nem que fosse uma vez na vida.

Em redor de Hollywood, a norte, sul e oeste, ficam localizados os principais estúdios de cinema e televisão. A norte, a Universal Studios é, provavelmente, o mais impressionante pois alia a produção cinematográfica a um parque de diversões que quase rivaliza com a própria Disneylandia. Aqui, além de uma tour guiada por vários cenários de filmes clássicos, como o Tubarão (com direito a sermos atacados pela assustadora criatura a saltar da água e tudo), o Motel de Psycho, a cidade de Hysteria Lane, onde as Donas de Casa Desesperadas vivem as suas aventuras, a uma estação de metro abandonada que desaba sobre as nossas cabeças, no meio de explosões e inundações, existem várias salas temáticas que irão, certamente, maravilhar qualquer visitante.

A área dedicada ao “Exterminador Implacável” coloca o visitante no meio do confronto entre Sarah Connor e as máquinas do futuro, num ambiente 4D, onde o calor dos lasers e o impacto das explosões é sentido e tudo é extremamente real. O castelo dedicado a Shrek é divertidissimo e relembra grande parte das piadas feitas pelo ogre verde e seus companheiros. Mas o ponto alto é sem dúvida a Montanha Russa dos Simpsons onde, dentro de uma cúpula 3D, o visitante entra dentro de um episódio da série e alia-se a Homer e Bart, no combate ao malvado SideShow Bob, no meio de muitas peripécias e gargalhadas. Uma experiência alucinante à qual nem sequer falta o cheio a pó de talco quando a queridíssima Maggie se aproxima de nós.

Descendo a Vine Avenue a partir de Hollywood Boulevard, chega-se à Paramount Pictures. Aqui não existem montanhas russas nem salas 3D. Mas, em compensação, existem 22 estúdios de gravação e uma cidade inteira construída para ser o palco dos filmes e séries que vemos diariamente. Na altura da visita à Paramount, gravava-se uma cena de CSI Nova Iorque. Gary Sinise andava pela rua de Nova Iorque à procura de pistas para mais um assassinato, no meio de vários dezenas de extras que são contratados apenas para andar pelas ruas e encher de realismo a fantástica série (ganhando o cachet diário de 130 dólars). E quando os decoradores mudam as placas das portas e lojas, árvores e adereços, cores das paredes e automóveis das várias ruas de fachadas falsas da Paramount, estas se transformam em qualquer outra cidade do mundo.

São muitos os interesses da visita à Paramount, como o banco onde Tom Hanks se sentou enquanto contava a história de Forrest Gump, a rua onde Seinfeld, George, Elaine e Kramer viviam as suas desventuras, ou o estúdio que se diz assombrado, e onde foi gravado “Poltergeist”.

Mas um dos mais fascinantes pontos é o parque de estacionamento enorme, com o chão pintado de azul e uma das paredes pintada como se fosse o horizonte. Apesar da estranheza inicial, obviamente que existe uma razão para tal decoração: quando despido de carros e cheio de água, o parque, visto pelas câmaras, transforma-se num oceano, onde Charles Heston, enquanto Moisés, separou as águas no filme “Os Dez Mandamentos”, ou Jim Carrey tentou chegar à liberdade em “The Truman Show”. Este era também o local onde se planeava “afundar o Titanic”. Mas James Cameron preferiu, à última da hora, construir um enorme tanque de água, com vista real para o oceano, no México e levar DiCaprio e Winslet para lá. Enfim, nada é realidade nos estúdios. Mas é dessa fantasia que nascem as mais belas histórias a que assistimos.

Faltou tempo, infelizmente, para visitar os estúdios da Warner Brothers, da CBS City, e de muitos outros estúdios que funcionam em Los Angeles.

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Viagem a Los Angeles - parte 3 - Vida em LA

É na zona costeira, principalmente nas praias de Santa Monica, Venice, Newport e Long Beach (com os seus enormes pontões cheios de lojas, esplanadas, diversões e artistas), e nas zonas in de Beverlly Hills e Bel Air (onde a maioria das ruas são privadas), que os angelinos mais se sentem à vontade, em avenidas largas, com várias faixas de rodagem, e as suas paralelas e perpendiculares cheias de espaços verdes, palmeiras e outras árvores, e o comércio activo e fervilhante das zonas comerciais. Enquanto nas zonas residenciais a calma governa, nas comerciais a confusão abunda, encontrando-se um café Starbucks em quase cada esquina (é fácil localizar um pela enorme quantidade de pessoas que anda pelas ruas de café em copo de plástico na mão) e vários restaurantes de comida rápida.


As cadeias e restaurantes de comida rápida, como stands de Hot Dogs, Pizzarias, Subway, McDonalds, Taco Bell, Burger King, KFC, etc, são tantas que surpreendem até os mais avisados. Mas, passados poucos dias em Los Angeles percebe-se a sua profunda necessidade, tendo em conta os altíssimos custos de comer num restaurante tradicional ou mesmo de comprar comida no supermercado. Afinal de contas, apesar do altíssimo nível de vida da cidade, um menu completo no McDonalds fica em apenas 5 dólares e pouco, pouco mais de 4 euros, bem menos do que os 60 dólares que se paga por um bife num bom restaurante, sem contar com os acompanhamentos que são sempre comprados à parte.

Existem algumas diferenças gritantes de preços entre a zona da Califórnia e a realidade portuguesa. A água, por exemplo, é ridiculamente cara: uma garrafa de dois litros custa em média 2.5 dolares. Mas esse preço elevado deve-se a questões ecológicas. É que, quem tiver já uma garrafa de plástico consigo e a quiser encher, pagará apenas 25 centímos.

Já o preço da gasolina é o sonho de qualquer condutor: com vinte dólares enche-se o depósito de um dos muitos carros de mudanças automáticas que andam pelas ruas e passeia-se à vontade pelas largas avenidas e freeways (não existem portagens) de seis faixas de cada lado, onde, exceptuando à hora de ponta, não se verifica nenhum problema.

Los Angeles é também o paraíso dos não-fumadores. Em lado nenhum se pode fumar. Nem mesmo nos comboios abertos onde se fazem os passeios pelos estúdios de cinema. Aliás, em oito dias de estadia, só me lembro de ter visto alguns fumadores à saída de uma discoteca, já depois das duas da manhã.

Nos bares e discotecas, amplos e cheios de motivos de diversão, como karaokes, touros mecânicos, bowling, pistas de dança, artistas em actuações ao vivo, dançarinas exóticas, os americanos divertem-se sem limites. Apesar do alto preço das bebidas, os cocktails voam de mão em mão, mas apenas depois dos Bilhetes de Identidade serem verificados pelos empregados. Ninguém com menos de 21 anos pode comprar uma bebida alcoólica e os empregados, altamente profissionais, não facilitam. E ai de quem quebrar alguma regra. Então terá que prestar contas aos seguranças e porteiros, muito bem educados e simpáticos enormes ex-jogadores de Futebol Americano e ex-wrestlers.

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Viagem a Los Angeles - parte 2 - Hollywood

Hollywood é, provavelmente, o local mais conhecido de Los Angeles. Este bairro é o centro turístico da cidade, com os seus três ícones principais a movimentarem milhões de pessoas por ano, o famoso sinal no monte, que de início era o placar de uma agência imobiliária, mas com o tempo passou a ser a mais famosa imagem do mundo do cinema, o Kodak Theatre, espantoso complexo que reúne um fabuloso centro comercial ao ar livre e a sala de espectáculos onde são entregues os prémios da Academia, os Óscares, e o Passeio da Fama, onde as estrelas mais sonantes do cinema, TV, rádio e música têm os seus nomes imortalizados no passeio, para gáudio dos fãs que se ajoelham junto das respectivas estrelas para uma fotografia que lhes permita guardar uma recordação do local.


À noite, jovens e menos jovens de toda a cidade frequentam os seus bares e discotecas (muitas vezes chegando ao local em opulentas limusines), principalmente a comunidade asiática de Koreatown, que fica a poucas centenas de metros do local. Não sendo o local mais famoso da vida noturna da cidade, pois esse privilégio pertence a Sunset Strip e às zonas dos pontões das praias, é sem dúvida um local entusiasmante, cheio de vida e de gente bonita à espera de entrada nas discotecas da moda, no meio das passadeiras vermelhas e dos sapatos e vestidos de design.
Mas, ao contrário do que se pode pensar, apesar de ser uma zona central e de grande importância turística e comercial (encontram-se grandes lojas nas suas ruas, como as megastores da Virgin, da HM ou da GAP), Hollywood não é a zona mais apreciada pelos habitantes da cidade. Destino turístico um pouco caótico, é muitas vezes vista de lado pelos habitantes das zonas mais ricas, pois encontra-se nesta zona, principalmente em Hollywood Boulevard e Sunset Boulevard (uma enorme avenida de 35 quilómetros que cruza Los Angeles quase de um lado ao outro, também apelidada de “Boulevard of Broken Dreams” pelos mais pessimistas), um sem número de artistas de variedades, como cantores oferecendo os seus últimos CDs aos transeuntes, na esperança de conhecerem um agente ou produtor, malabaristas, dançarinos e actores mascarados dos maiores ícones do cinema e da ficção.

Em nenhum outro local se podem encontrar Homer Simpson a conversar com o Super-Homem no passeio ou Darth Vader a andar lado a lado com o Capitão Jack Sparrow, enquanto, ao lado, um guitarrista interpreta temas do seu último álbum e, mais à frente, um Michael Jackson “wannabe” mostra a sua destreza imitando os movimentos do rei da Pop. E, claro, quem quiser uma fotografia ao lado de tais vedetas, poderá tirá-las facilmente, a troco de uma pequena “tip”, pois são as gorjetas que mantém vivos estes actores desempregados em busca de uma primeira oportunidade no mundo do cinema.

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Viagem a Los Angeles - parte 1 (reportagem)

Um mundo à parte, cheia de sonhos, alegria e opulência. É o mínimo que se pode dizer da cidade de Los Angeles, na Califórnia. Aliás, até os próprios americanos, no meio de toda a sua espantosa multiculturalidade, admitem essa diferença tremenda entre a solarenga e quente Califórnia, onde a crise parece ainda não ter chegado, e o resto do país.


Capital do entretenimento mundial, onde se localizam os principais estúdios de cinema, as agências de artistas e muitas das editoras musicais mais importantes do mundo, Los Angeles é uma cidade vibrante e com um ritmo muito próprio. Os seus habitantes, de todas as raças possíveis e imaginárias, são, na esmagadora maioria, calorosos, educados e extremamente atenciosos, capazes de irem a extremos para bem receberem os habitantes ou turistas; afinal de contas, Los Angeles é, por excelência, a capital do sonho americano, e a maior parte dos seus habitantes, vindos de todas as partes do mundo e dos Estados Unidos, percebem como é difícil chegar a um local estranho em busca de um sonho.
Por isso, é uma cidade extremamente acolhedora e a sua população extremamente atenciosa e simpática. Em qualquer lado se faz um novo conhecido, seja ao balcão de um bar, num fila para um espectáculo ou mesmo numa loja. Para os europeus, habituados a um convívio frio e desconfiado, é uma surpresa constatar como facilmente é ultrapassada a barreira do primeiro diálogo com qualquer pessoa, não interessa se é homem ou mulher. E não há também lugar a títulos de doutor ou engenheiro, nem tratamentos por últimos nomes. Nada de complicações presunçosas tão típicas dos europeus.
Percebe-se facilmente que o profissionalismo é ponto de honra na cidade, onde raramente se vêem conduções perigosas, empregados mal dispostos ou lixo deitado para o chão. As regras são para cumprir e há momentos para tudo. Se é hora de trabalhar, a concentração e disponibilidade são máximas. Mas se é hora de diversão, não há limites.

Os horários são bem diferentes dos europeus e mesmo dos vividos na costa leste dos Estados Unidos. Em Los Angeles, para aproveitar o bom tempo (as temperaturas andam todo o ano entre os 15 e os 35 graus, com apenas uma leve brisa refrescante), o dia começa cedo. Às sete da manhã já muitos angelinos estão a trabalhar para que, às seis e meia da tarde seja já hora de jantar. É por isso que, pelas nove, os bares e as ruas estão cheias de gente em plena diversão, rindo, brincando sem pudor, confiantes em si, na sua figura e nos seus impulsos. E, pelas duas da manhã tudo termina. As discotecas fecham e os angelinos dão uma última volta pelas ruas das cidades, sentam-se nos balcões ao ar livre para comerem um último hot dog, antes de se recolherem para, de manhã cedo, estarem de novo na rua.

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