16/07/2004

Barrabás

Muitos dias de ausência por excesso de afazeres e alguma falta de inspiração para posts curtos. Pelo meio, o recomeço de um romance que estava parado a meio há mais tempo do que devia, e o regresso à leitura de bons romances.
Reconciliado com a leitura (há alguns meses que simplesmente não me conseguia concentrar em qualquer livro), em dez dias, três excelentes obras, que todas aconselho: "A Cartuxa de Parma", de Stendhal, "Barrabás", de Par Lagerkvist, e "Seara de Vento", de Manuel da Fonseca.
"Barrabás", particularmente, é impressionante. Lagerkvist conseguiu encarnar na personagem bíblica, neste criminoso que foi libertado da cruz para que Jesus fosse crucificado, toda a humanidade, os seus anseios, as dúvidas, a vontade de ter fé e de acreditar, os medos, as fraquezas e as forças. Barrabás é uma personagem fascinante, com o seu drama cruel de tentar perceber por que razão é que a justiça o libertou, sendo culpado de vários crimes, deixando um homem inocente, que pregava o amor e a paz, ser castigado. Sempre tive vontade de me debruçar sobre esta figura para um romance. Mas, agora, depois de ler este livro, percebo que não vale a pena. Não poderia nunca criar uma obra que dignificasse mais a excelência desta figura do que a que acabei de ler.

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