Tentei não escrever sobre o assunto até poder pensar nele sem demasiada emotividade. No entanto, é impossível consegui-lo. A morte de Miklos Fehér chocou o mundo inteiro. Porque tinha 24 anos. Porque era aparentemente saudável. Porque era humilde e trabalhador. Porque foi vista em directo na televisão. Ao que parece, os serviços médicos fizeram tudo o que podiam ter feito. Sabemos que quando chega a hora da morte, não há nada a fazer.
No entanto, este trágico acontecimento, pode, como sempre acontece no nosso País, ironicamente, ajudar em muitas áreas. Durante o Euro 2004, as equipas médicas vão ser irrepreensíveis. Provavelmente, os testes médicos feitos aos atletas no desporto português passarão a ser mais exigentes, evitando-se outros casos semelhantes. Toda a população fica mais ciente e cautelosa quanto a problemas do coração. Provavelmente, muitos aprenderão agora quais os procedimentos em caso de um ataque semelhante, o que poderá salvar muitas vidas no futuro.
Quanto ao Benfica, clube onde jogava, servirá certamente para aumentar a união e a vontade dos jogadores. Quem sabe se este acontecimento horrendo não acabará por ajudar o clube a recuperar a mística perdida e o apoio real dos seus adeptos, a uma equipa à qual tudo acontece? E quem sabe se, a ver pelos exemplos notáveis do Sporting e do FC Porto, dos sócios dos vários clubes, até das claques, ao apoiarem e chorarem a morte do atleta em união, não poderá ajudar a pacificar o desporto português e torná-lo a ser um melhor exemplo para todos?
Enfim, como sempre, Portugal aprende com as tragédias. Faz parte da nossa maneira de ser. E o pior é que, desta vez, nem tivemos a culpa.
Mas, o problema é que se perdeu uma vida. Nem falo do futebolista. Falo do homem. Que tinha só vinte e quatro anos e era aparentemente saudável.
Que era mais novo do que eu.
26/01/2004
Que era mais novo do que eu
Publicada por Luís Costa Pires à(s) 21:43
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