10/11/2006

Uma pequena provocação

Quando eu era novo, o meu tio dizia-me sempre que eu devia, quando fosse grande, tentar entrar para a Função Pública. Porque era seguro, porque tinha muitas regalias, e mais um infindável manancial de qualidades de que agora não me lembro.

Sei que agora, esse pensamento continua a ser realidade em Portugal. Então, se a Função Pública é um local assim tão bom para se trabalhar, será que a quebra de alguns benefícios justificam tantos protestos?

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A (não) utilidade das greves (post muito longo)

Nunca vi um professor fazer greve para reclamar devido ao desemprego dos metalúrgicos, nem um pescador reclamar por falta de condições num Hospital (a não ser que necessite dos seus serviços), ou um professor pedir mais subsídios para a agricultura. Cada um só reclama quando o problema atinge o seu próprio bolso. Não existe consciência de nação, que a economia é um fenómeno global e que a situação só poderá melhorar quando todos correrem na mesma direcção.

Sou a favor de manifestações, claro, mas quando se justificam e quando têm o objectivo de lutar contra um problema extremamente grave ou uma opressão. Acredito que o povo não deve temer o seu Governo, mas sim que o Governo deve temer o seu povo. Mas as greves não devem ser banalizadas, até sob pena de perderem significado, o que já aconteceu depois de tantos anos cheios de manifestações por tudo e por nada.

Devem ser sim um recurso de último grau, já que o ideal é que a própria sociedade civil, indignada com o rumo da nação, produza naturalmente novos líderes, organizações e comportamentos que mudem esse mesmo rumo. Mas já se sabe que é mais fácil reclamar que está tudo mal, mas não fazer nada, não participar da vida activa da sociedade, em associações, em projectos de solidariedade, na participação da discussão pública dos problemas, na procura de soluções. Faz o que eu digo, não faças o que eu faço.

Percebo que os funcionários públicos se sintam afectados pelas recentes medidas do Governo. Mas também percebo que em Portugal cada um olha só para o seu próprio umbigo. Todo o País está a sofrer cortes, é necessário recuperar uma situação económica danificada e que, se não for estancada, levará a uma situação ainda mais grave do que a actual. Aliás, isto é de tal forma verdade que o Governo de José Sócrates, numa medida de grande coragem, está agora até a "atacar" os abusivos privilégios do sector bancário, coisa que nenhum governante antes teve ousadia de fazer.

Então, por que razão não terá também a Função Pública de assumir a sua parte nos cortes, principalmente quando se sabe que se trata de um sector pesado, lento, ineficiente e, ainda por cima, com muitas mais regalias do que outros sectores? É muito pouco provável que dois dias de greve, onde os pais faltam ao trabalho porque, com as escolas encerradas, têm que ficar com os filhos, em que a burocracia se atrasa ainda mais porque os serviços estão fechados, contribua para que a situação global melhore. Pelo contrário, piora ainda mais o estado do País e cria situações de grande dificuldade para outros cidadãos.

O problema de fundo é este: hoje em dia, as greves interessam, sobretudo, aos sindicatos, que têm à sua frente pessoas ligadas a partidos políticos da oposição e outras entidades influentes. Não nos enganemos: as greves são, no seu maior caso, organizadas por interesses políticos e económicos que pouco têm a ver com os problemas dos trabalhadores.

A verdade é que a única maneira de ultrapassar a crise é pela responsabilidade. É pelo aumento da produtividade e da receita, pois é de senso comum que é impossível distribuir riqueza que não existe. E isso não se faz com greves, nem com pontes, nem com habilidades para se trabalhar menos. Faz-se com responsabilidade, espírito de sacrifício e solidariedade, mais frontalidade e um sistema de distribuição mais justo. Herdámos a liberdade, mas não sabemos o que fazer com ela. Não vivemos hoje num regime que justifique tantas greves, mas sim mais responsabilidade, porque ser livre é ser responsável e lutar. E isso faz-se no dia a dia, em partilha, na sociedade.

Porque o irónico é que, se houvesse um inquérito, mais de 90 por cento dos portugueses responderia que concorda que o Estado gasta de mais e que é necessário cortar na despesa. Mas, se o corte representar uma diminuição no bolso da própria pessoa, então a resposta muda radicalmente.

Ou seja, com o mal dos outros posso eu bem. Mas em mim, ninguém toque.

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A queda de Bush

Finalmente, uma boa notícia vinda dos Estados Unidos da América. A queda de George Bush já começou. Daqui a dois, três anos, o mundo estará livre de um dos maiores responsáveis pela crise mundial e pelo terrorismo.

Só espero que, até lá, ele não consiga fazer ainda mais estragos do que já fez. Para já, parece que vai ser difícil. É que, agora, Bush já não tem a maioria para decidir o que quiser.

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09/11/2006

O Perfume

Muito brevemente, o filme "O Perfume", baseado no romance homónimo de Patrick Suskind, vai, aposto, tornar-se num grande sucesso de bilheteira por todo o mundo e, particularmente, em Portugal. É fácil fazer esta previsão já que, apesar de ser um livro pesado e de literatura "não light", este foi o romance mais vezes citado nos inquéritos de todas as pessoas (famosas e não só, recolhendo unanimidade entre todas as classes sociais e todas as áreas de trabalho) como o seu "livro preferido", logo seguido de qualquer um do Paulo Coelho ou da Margarida Rebelo Pinto. Alcançou também níveis de vendas inesperados para as livrarias portuguesas.

Sempre me fez confusão como é que um País que não lê e, na melhor das hipóteses, lê literatura mais leve (os nossos grandes autores fazem sucesso principalmente no estrangeiro e só depois aqui) deu tanta importância a um livro com uma atmosfera tão densa como "O Perfume".

Mas pronto, com a chegada do filme, fica agora desfeita uma dúvida que eu tinha. Finalmente, daqui a três ou quatro meses, a maior parte das pessoas que, nos inquéritos, refere "O Perfume" como o seu livro preferido já terá, finalmente, noção e conhecimento sobre o que fala realmente o livro.

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02/11/2006

Inteligência artificial

Revi o filme "Simone", com Al Pacino, Winona Rider e a top model canadiana Rachel Roberts. A película conta a história de um realizador de cinema que vê a sua carreira acabada devido à sua incapacidade de ver a sétima arte como um negócio. No entanto, o realizador acaba por ser presenteado com um programa informático que lhe permite criar a actriz perfeita, embora virtual, Simone (SIMulator ONE), que irá levá-lo ao estrelato.

Obviamente que não vou falar mais do filme para não estragar a surpresa a quem ainda não o viu. No entanto, refiro que, apesar de não ser um filme brilhante, tem aliás algumas cenas demasiado inverosímeis, é um filme divertido e que fornece uma crítica bastante feroz ao excessivo aspecto comercial da arte nos dias que correm, ao endeusamento das personalidades públicas, à imprensa cor-de-rosa, etc.

E, mais interessante, levanta uma reflexão sobre a possibilidade de ser criada vida virtual através da tecnologia. Curiosamente, após rever o filme, pesquisei na net sobre o assunto e encontrei alguns projectos muito avançados realizados por génios informáticos que trabalham para criar cérebros, ou programas, como lhes queiram chamar, com inteligência virtual que aprendem, memorizam e respondem de forma improvisada e única, consoante o feedback do utilizador, criando conversas únicas, lógicas e irrepetíveis. Estes programas são, sem dúvida, os embriões dos futuros cérebros informáticos, provavelmente num futuro não muito distante onde os sonhos de muitos autores da "sci-fi" se tornarão realidade.

Obviamente, não sou um especialista na matéria para explicar como tudo se processa. Mas, se quiser dar uma vista de olhos na matéria e instalar no computador uma "pessoa virtual" que já capaz de conversar consigo, visite a página http://www.kurzweilai.net/ e dê uma volta pelas suas muitas opções e interessantes artigos.

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01/11/2006

Cahora-Bassa

Boas notícias para Moçambique e para Portugal. Os dois governos chegaram finalmente a acordo sobre a barragem de Cahora-Bassa. Com este entendimento, que já devia ter acontecido há muitos anos, Moçambique pode agora beneficiar economicamente da grande barragem e distribuir em condições vantajosas electricidade pelo continente africano.

Mas não é só a questão económica que alegra o povo moçambicano, que festejou este acordo como se da conquista da independência se tratasse. Trata-se também da sensação do seu povo de que caiu o último símbolo do colonialismo, que agora não existem mais "obrigações" para com a Velha Europa. E, como disse o presidente de Moçambique, agora as relações institucionais entre Moçambique e Portugal podem melhorar, num clima de amizade e fraternidade, depois de um processo que se arrastou durante anos.

Para Portugal, significa um encaixe de 750 milhões de euros que não estavam previstos no Orçamento de Estado. Ou seja, inteligente foi o Governo em, por precaução, não incluir esta receita na previsão orçamental. Assim, em vez de, como em outros Governos, correr o risco de pecar por defeito, os economistas têm agora uma boa surpresa e uma redução do défice um pouco maior do que se esperava.

Também é por estas coisas que se vê a seriedade de um Governo.

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Ainda "Os Grandes Portugueses"

Ao contrário do que alguns críticos dizem, o resultado deste programa jamais será representativo do que a população portuguesa sente sobre a sua história, até porque a própria população não tem realmente noção da sua História. Como disse muito bem Eduardo Lourenço, este programa vai demonstrar sim a “ignorância” que existe em relação a quem somos, às grandes figuras que lutaram pela nação, pela liberdade, pelo progresso, não apenas português, mas mundial, pois fomos uma nação que descobriu mundos e que forneceu muitos ideais e ciências a toda a humanidade.

Também, os primeiros gráficos projectados pela RTP sobre as votações mostram que há claras diferenças de participação nas votações por parte das várias faixas etárias, o que impede o resultado de ser representativo.

Mas, independentemente do resultado final, o “Grandes Portugueses” servirá pelo menos para trazer à boca dos portugueses a história do nosso País, bem como alguns nomes menos falados habitualmente, para contar algumas histórias do nosso passado, para reviver grandes momentos e, espero, para elevar um pouco a nossa auto-estima e sentimento de patriotismo, numa altura em que nos esquecemos realmente de quem fomos e, consequentemente, de quem somos.

Mas, mesmo falando apenas dos grandes vultos nacionais, é injusto comparar personalidades de áreas completamente diferentes. Eu, como escritor, valorizo, por exemplo, Saramago acima de José Malhoa e Fernando Pessoa acima do Marechal Spinola. Mas serão comparações possíveis de se fazer, uma vez que cada um desempenhou papéis tão diferentes?

Mas, já agora, por curiosidade, num exercício meramente lúdico, pois os critérios de escolha são demasiado díspares e a história portuguesa e os vários contextos de cada época são demasiado ricos para serem reduzidas a uma votação, aqui ficam os onze portugueses (não consigo reduzir a lista a dez) que eu eventualmente escolheria, não necessariamente pela ordem apresentada: “D. Dinis, Infante D. Henrique, D. Sebastião, Luiz Vaz de Camões, Fernando Pessoa, Eça de Queiroz, Agostinho da Silva, Humberto Delgado, Amália Rodrigues, Zeca Afonso e Belmiro de Azevedo”.

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31/10/2006

Finalmente, o ambiente

Após anos de luta e de avisos, os ambientalistas começam finalmente a ver as suas palavras ganharem importância. Parece que finalmente os economistas e os políticos estão a tomar consciência da degradação do meio ambiente e dos perigos que esta traz ao planeta.

Mas, ironicamente, foi necessário que um economista inglês viesse a público explicar que as alterações climáticas provocadas pelo excesso de CO2 no ar vão provocar uma quebra de cerca de 20 por cento no PIB mundial para que se começasse a levar a sério este flagelo.

Agora sim, os Governos mundiais vão agir. E para tal, é necessário canalizar para a prevenção ambiental "apenas" 1 por cento do PIB de cada País.

Obviamente que tal não vai ser fácil, ainda mais numa altura em que tanto se fala na Europa de convergência financeira e do pacto de estabilidade económica, que obriga a uma contenção económica grande. Mas espero apenas que os economistas e os governantes percebam da importância desta medida.

Até porque, além da quebra prevista do PIB mundial, não me parece que os pulmões do homem estejam a preparar-se para receber dióxido de carbono em vez de oxigénio.

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Festival do Chocolate de Óbidos

Daqui a dois dias começa, em Óbidos, mais um Festival do Chocolate. O evento que a autarquia obidense começou a realizar há três anos, se não me falha a memória, é um fenómeno nacional e internacional, atraindo para a pequena vila dezenas de milhares de visitantes. Lembro-me mesmo de que, há dois anos, a GNR teve que encerrar os acessos da autoestrada A8 para impedir que mais pessoas entrassem nas imediações da vila.
Foi uma ideia brilhante, mais uma, do autarca de Óbidos, Telmo Faria, que tenho o prazer de conhecer de há muitos anos, muito antes de ser eleito presidente da Câmara. A verdade é que, em apenas 5 anos à frente da autarquia, elevou a vila de Óbidos e o seu castelo a um dos mais importantes pontos turísticos da região, ultrapassando todas as outras cidades em redor. E o Festival do Chocolate não é o único exemplo: o que dizer da fantástica Feira Medieval ou do Festival de Ópera? Ideias originais que elevaram e muito a vila.

Mas, considerações à parte, lá estarei outra vez este como jornalista a visitar os vários stands da feira, a deliciar-me com as maçãs cobertas de chocolate, o licor de chocolate, as mousses, os bolos, as esculturas extraordinárias feitas de chocolate, chocolate, chocolate.

Quem já foi a este evento em outras ocasiões sabe do que estou a falar. E quem nunca foi, que vá, com o alerta de que terá que fazer uma pesada dieta nos dias seguintes, pois é impossível resistir a provar muitas daquelas iguarias.

E deixem-me que vos diga que ser jornalista não é fácil. Para uma reportagem ficar bem feita, é preciso saber do que se fala. Então, é preciso provar, provar, provar...

Por isso, já sabem, quando regressar a este blogue, voltarei com uns quilos a mais. Mas também com um sorriso muito maior.

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26/10/2006

Ainda os "nobeis"

Por outro lado, fiquei mais uma vez desiludido com a atribuição do Prémio Nobel da Literatura. Não por falta de valor do laureado. Mas porque já era altura de reconhecerem de uma vez por todas o valor deste homem. Mas, infelizmente, com uma idade avançada, Milan Kundera parece estar destinado a ser mais um dos grandes autores mundiais que nunca viu a academica sueca a reconhecer a grandiosidade da sua obra, os seus ideais de liberdade e a profunda melancolia e sensibilidade com que foca a história contemporânea, a poesia e o universo íntimo das suas extraordinárias personagens.

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O Nobel dos Pobres

A notícia já é velha, mas, na altura em que surgiu, eu ainda não tinha regressado a este blogue, e, pela sua importância, não quero perder a oportunidade de falar nela.
Deixou-me muito feliz a atribuição do Prémio Nobel da Paz a Muhammad Yunus, conhecido como o "banqueiro dos pobres", pela sua criação do microcrédito que permite a tantos milhões de pessoas normalmente sem acesso aos meios de financiamente, e em países do terceiro mundo, tentarem começar a sua vida com coragem e com empreendorismo. A atribuição do crédito a estes individuos baseia-se não na sua capacidade financeira para cumprir a devolução do crédito, mas sim na dignidade humana que fará com que, agradecidos pelo incentivo e pela generosidade, lutem para ganhar condições.
Porque a verdadeira caridade não é aquela que consistem em pena e em esmola, mas sim a quem permite que o outro se levante e se auto-sustente, sem medo de concorrência ou de perder o seu lugar de destaque e poder na sociedade mundial.
E para atestar da grandeza deste homem que merece inteiramente o Prémio Nobel, já que combatendo a pobreza se contribui para a paz (a pobreza e a riqueza, ao contrário do que liricamente acontece na Íliada, são sempre as causadoras das guerras), deixo aqui uma pequena transcrição de uma excelente entrevista publicado num especial do Público:

"Tem defendido que o microcrédito é uma arma de combate ao extremismo, ao fanatismo. O 11 de Setembro tornou essa arma mais forte?

Com o 11 de Setembro, os grandes países tomaram um caminho diferente. Se estivessem à procura de uma solução pacífica para o mundo, estariam a olhar para o microcrédito, mas não, tomaram a estrada errada. A guerra não é a solução para acabar com o terrorismo. Matar terroristas não resolve o problema. É através da compreensão das causas que se resolve o terrorismo. Uma das principais é a injustiça. Pode ser injustiça política, social, étnica. Por exemplo, a guerra pelos direitos civis nos EUA no início da década de 60 foi violenta. Foi-se então à procura de solução: fez-se discriminação positiva, deu-se emprego, crédito, poder económico e político à população negra. Deram-se oportunidades às pessoas. A negritude já não é uma expressão de raiva, pode ser de insatisfação ou desapontamento de alguns, mas já não é de raiva. Por quê? Porque se abriram as portas aos negros. Esquecemo-nos, entretanto, das diferenças étnicas. Com paliativos o problema não desapareceria. Isso apenas acontece quando eu me esqueço da minha diferença étnica em relação ao outro. É o único caminho.

O que pensa sobre a “saúde” da sociedade norte-americana, quando os seus valores são exportados para o mundo e tem, ao mesmo tempo, mais de 31 milhões de pobres e uma criança pobre por cada seis?

O problema da sociedade americana é que o tema do dinheiro absorve-a. Se se tem dinheiro, pode fazer-se tudo o que se quiser. Outras coisas, como os valores da comunidade, estruturadores de uma sociedade, ocupam um lugar muito secundário nas suas preocupações. O dinheiro desempenha um papel central nas suas cabeças e é-se culpado por não se ter sucesso. Não se criam expectativas aos pobres, criam-se programas de segurança social e manda-se lá passar todos os meses para levantar o cheque de 200 dólares. Não é nada, mas permite-lhes dizer que estão a cuidar dos pobres, dão-lhes também alimentos, mas não os estão a retirar da pobreza de uma forma activa.
"

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Uma pequena honra

Numa altura em que se discute muito sobre quem terá sido o "grande português", tive, num encontro completamente casual e feliz, a oportunidade de conversar durante algum tempo com um dos homens que lutou contra a ditadura ao lado do General Humberto Delgado, de ouvir algumas das histórias de coragem que se passaram então, de luta por um ideal de condição humana que vai muito além da vida mesquinha que levamos hoje cada um em busca apenas da satisfação dos seus próprios prazeres e necessidades.
Serviu-me para chegar à conclusão de que o grande português, a existir, só poderá ter sido de outro tempo. Porque hoje não somos grandes, pois não damos o devido valor à liberdade que agora temos e preferimos viver debaixo de uma manta de pessimismo, cegueira e queixume.

PS - fica para muito breve um post mais elaborado sobre esse programa televisivo que promete algum polémica

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20/10/2006

Para amantes do cinema

Outra mensagem recebida que me parece importante divulgar:

"Ver, sentir, escutar, pensar e discutir o cinema, é o propósito ao qual o Núcleo de Programação Cinematográfica se propõe alcançar, ao avançar para um projecto de programação contínua em colaboração com a Mediateca da F.C.S.H. Após quatro anos de funcionamento activo, nos quais, em colaboração com o realizador João Mário Grilo, seus discentes, e variados colaboradores como Alberto Seixas Santos, Pedro Costa, Paulo Filipe Monteiro, José Manuel Costa, Margarida Gil, entre outros, foram realizados quatro grandes ciclos. Três ciclos de autor (Buster Keaton, Yasujiro Ozu e Westerns de John Ford), e um ciclo temático (Sonhos e Visões), assim como variadas mostras e outros ciclos.

O núcleo vai agora apostar na criação de uma proposta de programação alternativa contínua, querendo assim dar visibilidade a uma cinematografia excluída do circuito comercial vigente.

(...)

Vimos então por este meio solicitar a todos os amantes da sétima arte que se juntem a nós neste projecto, que passa pela tentativa de expôr não só cinema, mas outros cinemas, documentários, vídeo-arte, e cinema experimental, apostando sempre numa programação cuidada e criteriosa. Solicitamos então a todos os interessados que enviem o seu contacto para npci@fcsh.unl.pt para efeitos de agendamento de uma reunião."

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19/10/2006

O novo referendo sobre o aborto

Nova discussão no parlamento sobre o aborto. O PS quer avançar para novo referendo, após a recusa dos portugueses há oito anos atrás. O debate não terá nada de novo, as razões de cada uma das partes está mais do que explicada e, tratando-se de uma questão de consciência, nada irá mudar:

- Existem os que defendem a liberdade de escolha de cada mulher e casal nas primeiras dez semanas de vida do feto. Isto levará ao aparecimento de clínicas seguras onde se possa praticar o acto, permitindo assim melhores condições de saúde e segurança para a execução da interrupção da gravidez, responsabilizando os cidadãos sobre os seus actos e, claro, à necessidade de melhor informação e educação sobre a sexualidade.

- Existem os que defendem que o aborto é crime em qualquer altura, pois o feto é um ser vivo desde o momento da fecundação. Alguns falam ainda da vontade divina. Isto sem ligar ao facto de que os abortos continuam a existir mesmo sendo ilegais e que assim são feitos sem quaisquer condições, com risco de saúde para as mães. Já para não falar dos problemas psicológicos que pode trazer para as mulheres que, já pelo próprio acto, vão ver-se confrontadas pelo sentimento de culpa, e que podem trazer problemas relacionais e de integração na sociedade. Existe ainda a questão da invasão da privacidade de cada uma das mulheres.

- Existem ainda os hipócritas e os cobardes, como disse o Primeiro Ministro José Sócrates, e muito bem, que acham que a lei não deve ser mudada, que o aborto deve continuar a ser um crime, mas que não se deve depois aplicar a lei na prática.

Quanto a mim, a questão é simples. No que depender de mim, nenhum aborto acontecerá e jamais incentivarei a sua prática. Mas não tenho o direito de decidir pelos outros. Por isso, defendo a despenalização do aborto até as dez semanas, porque acredito na liberdade de cada um decidir. Só isso, é uma questão de liberdade. E quem estiver contra isto, está, obviamente também, contra a liberdade de cada um.

Mas levanta-se aqui outra questão. Há oito anos atrás, os portugueses escolheram o não. Independentemente do que cada um acredite, é preciso respeitar essa decisão, caso contrário os referendos não fazem sentido. Mas, desde então, têm existido sucessivas tentativas de promover novo referendo. Será que vamos ter referendos até que os portugueses digam sim? E depois, se o aborto for despenalizado? Vamos ter novos referendos de x em x tempo porque os defensores da penalização não concordam com o resultado?

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O novo Vietnam

Bush admitiu em entrevista a um programa televisivo que a ocupação americana do Iraque se parece cada vez mais com a guerra do Vietnam, mas que, mesmo assim, não planeia retirar as tropas americanas enquanto o Iraque não for um país com uma democracia estável (leia-se controlada pelos amerianos e pelos seus interesses).
É mais uma prova de que burro velho não aprende línguas ou de que as lições da história não servem para nada, pelo menos quando os interesses económicos existem.

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Um conselho

Um mail que recebi e que me parece pertinente, apesar de não ter nada a ver com os temas normalmente abordados no blogue:

"O que fazer com o óleo usado? Você sabe onde deitar o óleo das frituras em casa? Mesmo que não façamos muitas frituras, quando o fazemos, jogamos o óleo na pia ou noutro ralo. Este é um dos maiores erros que podemos cometer. Fazemos isto por desconhecimento. Sendo assim, o melhor que tem a fazer é colocar os óleos utilizados numa daquelas garrafas de plástico, fechá-las e colocá-las no lixo normal, ou seja, no orgânico. Um litro de óleo contamina mais de um milhão de litros de água, o equivalente ao consumo de uma pessoa normal durante 14 anos."

Às vezes esquecemo-nos destas pequenas atenções (por mim falo), mas é preciso começar a não o fazer.

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18/10/2006

Quando eu chego em casa...

Há um CD que me marcou desde a primeira vez que o ouvi e me toca profundamente sempre que o ouço. Não sei se é o facto de se tratar da junção de dois dos maiores artistas de sempre, se é a sonoridade (as batidas são hipnotizantes), se a voz melodiosa de um em contraste com a voz algo seca do outro, se os poemas magníficos,não sei. Mas a verdade é que o concerto que Chico Buarque e Caetano Veloso deram ao vivo na década de 70 e que imortalizaram em disco, é, para mim, uma das maiores obra-primas da música.

E nem sei o que dizer daquela fusão que eles fazem, fantástica em termos de significado e de ironia, dos temas "Você não entende nada" e "Quotidiano".

E para quem não conheça, aqui fica o poema da primeira música...

"Você não entende nada" (Caetano Veloso)

Quando eu chego em casa nada me consola, você está sempre aflita
Lágrimas nos olhos de cortar cebola, você é tão bonita
Você traz a coca-cola, eu tomo
Você bota a mesa, eu como, eu como, eu como, eu como, eu como
Você
não tá entendendo quase nada do que eu digo
Eu quero é ir-me embora, eu quero dar o fora
E quero que você venha comigo
Eu me sento, eu fumo, eu como, eu não agüento, você está tão curtida
Eu quero é tocar fogo neste apartamento, você não acredita
Traz meu café com suita, eu tomo
Bota a sobremesa, eu como, eu como, eu como, eu como, eu como
Você
tem que saber que eu quero é correr mundo, correr perigo
Eu quero é ir-me embora, eu quero é dar o fora
E quero que você venha comigo

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Agora sim, o regresso

Após alguns meses de regressos e partidas, de projectos, alguns bem sucedidos, outros perdidos, regresso a este espaço, com a felicidade de ver já quase 14 mil visitas diferentes registadas. Mesmo apesar de não escrever nenhum post há quase um ano, as pessoas continuaram a vir aqui e a ler os comentários e os textos que escrevi durante algum tempo.
Então, agora que me dedico outra vez mais a sério à escrita, aos livros e às crónicas, é altura de regressar.
Obrigado pelas visitas e até já.

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