26/09/2004

Mystic River

Não tive oportunidade de o ver em cinema. Vi-o ontem em DVD. E arrependi-me de não ter conseguido vê-lo no grande écrã.
"Mystic River" é um filme excepcional. A prova de que um thriller pode ser contado de uma forma profundamente subtil e onde os pormenores e a intimidade das personagens ultrapassa até o interesse do "quem matou quem". Cada uma das personagens tem dilemas internos profundos, segredos por contar, traumas a ultrapassar durante o desenrolar do enredo. É uma história de amor e de medo, de traição e de ironia.
Sean Penn foi brilhante, mas todo o elenco é excepcional. A fotografia é de uma beleza extrema, com um ambiente eternamente sombrio e cinzento. Os diálogos brilhantes, com alguns momentos a merecerem ser recordados.
Vou evitar falar mais de "Mystic River" para não contar pormenores que estragem a sua visualização a quem não o tiver visto. Mas deixo um conselho a quem o fizer: não entre no filme com o objectivo de descobrir quem é o criminoso. Porque, mesmo que, por alguma razão estranha o consiga, nunca vai conseguir descobrir o enredo por trás do acontecimento, de tão irónico e envolvente com todas as outras personagens. Até porque, mesmo o desfecho que é sugerido como o mais evidente, ainda encerra muitas dúvidas de ter sido a realidade.
Encoste-se e aceite o que está perante si. É um daqueles filmes em que vale a pena ser um simples espectador que apenas ouve e vê o que lhe estão a contar, em vez de se armar em detective.
Imperdível. Dentro do género, com "Memento", "Seven", "Os Suspeitos do Costume" e "Clube de Combate", um dos melhores filmes de sempre. Só não ganhou mais do que dois óscares da Academia (melhor actor para Sean Penn e melhor actor secundário para Tim Robins (Os Condenados de Sawshank")) porque a academia tinha, nesse ano, que premiar a triologia de "O Senhor dos Anéis".

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