25/04/2004

O slogan de Abril

Se eu tivesse que me definir politicamente, diria que sou de uma esquerda moderada. No entanto, obviamente, não concordo com tudo o que a esquerda faz. E esta polémica em relação ao slogan do 25 de Abril é, para mim, uma idiotice pegada.
Para mim, a palavra "evolução" não é assim tão diferente de "revolução" como parece. Se eu evoluo, é porque, obrigatoriamente, estou a alterar algo em relação ao estado anterior em que estava, o que, num certo sentido, pode ser considerado uma "revolução". No entanto, estou a fazê-lo positivamente. Uma revolução, no fundo, também é alterar o estado anterior das coisas. A diferença é que "evolução" tem uma conotação mais positiva e optimista do que "revolução", que pode ser violenta e, quem sabe, negativa.
No entanto, a esquerda, soberba de ter sido parte integrante do processo de Abril, não admite qualquer mudança no slogan. Porque vive muito dessas coisas, de aparências, de frases, de canções, de cassetes e memórias. Porque, pelos vistos, não tem capacidade de evolução.
Porque prefere falar da revolução e dos tempos dourados em que libertou o País de uma ditadura, do que pensar em melhorar ainda mais as coisas daqui para a frente. E, no entanto, os problemas que existiam antes não eram mais graves do que os que existem hoje. Os tempos eram outros, para cada era os seus problemas. Mas eles existem, muitos, e é preciso pensar e descobrir soluções para eles.
Mas, infelizmente, parece que o ideal de festejo de Abril é apenas relembrar o passado e cantar velhas músicas e hinos da internacional socialista.
Sou da opinião que é importante ter memória, porque se aprende com os erros e com o passado. Mas quem só olha para trás, não conseguirá andar para a frente.
Quanto às manifestações, gostaria de ver o povo português a manifestar-se por casos que valessem a pena. Mas somos um povo de brandos costumes, que se incomoda mais com uma alteração de um slogan do que com a guerra, com as mortes, com o desemprego e com a deteriorização do nível de vida.

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