1. No meio das árvores enfeitadas e das múltiplas cores que invadem as ruas e as casas das pessoas, no meio de todos os cumprimentos e saudações, dos telefonemas a amigos e familiares esquecidos no passar normal dos dias, no meio de toda a troca de presentes e do cuidado com que se embrulha qualquer coisa, desde uma quente peça de roupa até uma doce caixa de chocolate, eu sei que existe realmente um Natal.
Por baixo de todo o consumismo, de toda a obrigatoriedade por trás desta quadra, de todas as tradições cujas raízes estão perdidas no tempo e que poucos conhecem, por trás de palavras repetidas sem sentimento ou sequer compreensão, “gosto muito de ti, Feliz Natal”, “Que tenhas tudo o que desejes nesta quadra e no próximo ano”, por trás de todos os jantares de colegas que, no dia a dia, não se suportam, por trás de toda a misericórdia existente apenas em breves dias, eu sei que há algo, que há uma energia qualquer que é real, que nos invade a todos, que nos rodeia, que nos embriaga e que nos enche de uma esperança genuína de que algo melhore.
2. Eu sei que existe o Natal, mesmo por baixo da hipocrisia e da mentira, dos interesses e da falsidade, dos sorrisos por vezes amarelos e das críticas feitas apenas depois do alvo virar as suas costas. Sei que existe um Natal em cada dia. Não são apenas frases feitas, são palavras de grande sabedoria. Existe uma novidade, um renascimento em cada dia, apenas cada um o saiba aproveitar. A verdade é essa, que todos os dias temos a hipótese de começar algo de novo, de deitar fora aquilo que não presta, todas as estruturas mortas e podres, as nossas prisões, os nossos medos, as nossas angústias, que todos os dias podemos mudar o que fizemos e que não está de acordo com o que sentimos ou desejamos, que todos os dias podemos voltar a perseguir os nossos sonhos, sejam eles quais forem, estejam perto ou ainda muito distantes. A verdade é essa, que temos o poder e a liberdade de escolher tudo a cada instante de cada hora, de cada dia. Que temos o poder de nos libertar dos preconceitos e das regras impostas pelos outros. É esse o espírito. O nascimento da esperança, da capacidade de mudar.
3. Sei que existe um Natal dentro de cada um de nós. Porque o Natal nada tem a ver com promoções, com comprar prendas ou enfeitar casas. Porque ele tem realmente a ver com um sentir profundo, com um desejo de que todos os Homens encontrem finalmente um caminho uno e coerente, longe de disputas sem sentido ou de ódios. Porque o Natal tem a ver com o desejo profundo de que todos os Homens deixem de lado guerrilhas e orgulhos, que se consigam despir de preconceitos e de teimosia, que larguem o egocentrismo e olhem mais para o que os rodeia. Que percebam o eterno milagre da vida, presente em cada coisa, em cada gota da chuva, em cada animal que passa, em cada sorriso apaixonado, em cada aroma de café.
Sei que é isso o Natal. Não é a quadra, não é a tradição. É a ténue esperança que ainda arde no coração de todos nós. A esperança de que, um dia, tudo aquilo que a quadra represente seja verdade. Seja em que dia for. Seja em que coração for.
4. Pois, como diria Jesus, o Cristo, aquele que é o verdadeiro responsável por esta quadra, aquele que, ao nascer trouxe esperança, mas principalmente coragem para enfrentar os problemas sem necessidade de orgulhos ou guerras, aquele que, por ironia do destino, é tantas vezes esquecido, tantas vezes desprezado, fica tantas vezes distante do coração daqueles que seguem à risca o profundo simbolismo da época, “Ainda que falasse a linguagem dos Homens e dos Anjos, sem amor no meu coração, nada seria”.
Acrescento eu, pedindo desculpa pela ousadia: “Ainda que seguisse todas as tradições e oferecesse aos meus próximos as melhores prendas do mundo, sem amor no meu coração, nada seria”.
24/12/2008
Ainda que falasse a linguagem dos anjos...
Publicada por Luís Costa Pires à(s) 18:22 8 comentários
11/12/2008
A urina perna abaixo
As forças de segurança espanholas têm conseguido, nos últimos tempos, importantes vitórias no que diz respeito ao combate ao terrorismo da ETA. Em menos de um mês, dois chefes de comando foram presos, o que destabiliza e muito o funcionamento da organização.
Mas o que tem realmente piada é a descrição da forma como foi preso Aitzol Iriondo Yarza , um dos líderes da ETA, que, segundo os jornais, urinou de medo quando um polícia lhe apontou uma arma.
Até agora pensava que só nos romances e filmes aconteciam situações que evidenciam tão fortemente a cobardia daqueles que vivem potenciando o terror e a morte, ainda por cima às escondidas.
Mas, afinal não é só na mente dos escritores que eles não passam de reles cobardes que vivem passando por corajosos combatentes por causas, mas que na realidade se urinam pernas abaixo quando são realmente postos olhos nos olhos com os seus opositores.
Publicada por Luís Costa Pires à(s) 02:52 1 comentários
06/12/2008
Reportagem oficial sobre o lançamento do novo romance
Quem estiver interessado numa reportagem mais pormenorizada sobre o lançamento do livro e sobre o próprio conteúdo do mesmo, pode ler a nota de imprensa oficial no meu MySpace neste link.
Ou ir pela página principal aqui.
Publicada por Luís Costa Pires à(s) 22:13 2 comentários
Uma noite de sonho
(Fotos - Vítor Neno - NenoPress)
O lançamento do meu novo romance, "Ao teu lado", foi um sucesso. Foi uma noite muito especial, onde me vi rodeado de grandes amigos e de pessoas interessantes, amantes da literatura, da música e das boas conversas.
Atrever-me-ia a dizer que foi uma noite perfeita, se não tivesse eu sido o único que falhei nessa noite. Mas creio que tenho desculpa, pois estava tão emocionado com tudo o que se passava em meu redor, com as vozes do Ricardo Carriço e da Maria Helena Torrado a lerem excertos do meu livro, com as amáveis palavras do editor Assírio Bacelar, da Nova Vega, com a voz portentosa da Deolinda Bernardo, com os sorrisos e os olhos brilhantes dos convidados, e com o delicioso beberete cheio de Licor de Ginja de Óbidos, vinho do Cartaxo, Broas de Mel e Bolo-Rainha que todos tiveram a oportunidade de provar.
Mas a minha falha não foi grave. Apenas não disse tudo o que queria, nem tudo o que me ia na alma. Mas se calhar antes assim. Às vezes há coisas que não são precisas ser ditas.
Lêem-se nos olhos.
Publicada por Luís Costa Pires à(s) 21:58 0 comentários
Taraio
São as ironias da vida. No mesmo dia em que eu tinha a enorme alegria de ver apresentado publicamente o meu novo romance, o meu amigo Manuel Taraio partia para a outra vida.
Infelizmente não estive com ele, nem ele comigo. E, para dizer a verdade, há já largos meses que não nos encontrávamos. Quando isso acontece, fica-se sempre com a sensação de que muito ficou por dizer e fazer. Mas já não há tempo para nada.
Resta lamentar o sucedido, desejar que exista mesmo uma qualquer justiça divina e algo mais para além desta vida. E recordar o passado.
Como as tardes que passei com ele no seu atelier a vê-lo pintar as suas obras. Como a exposição que ele realizou numa galeria lisboeta, cujo catálogo teve como introdução um texto que o Taraio me pediu para escrever a propósito das caixas de memórias que pintava naquela fase da sua carreira.
Irei publicar esse texto daqui a uns dias aqui no blogue. Não hoje. Para prolongar ainda mais a sua memória que já de si vai ser eterna.
Publicada por Luís Costa Pires à(s) 21:49 0 comentários
26/11/2008
Vai ser lançado, no próximo dia 4 de Dezembro, pelas 18:30 horas, nas novas instalações da Confluência Associação Cultural, na Fortaleza de Cascais, junto do Clube de Vela, o quarto romance do escritor Luís Costa Pires.
A obra, denominada “Ao teu lado”, é publicada pela editora Nova Vega e sucede aos anteriores romances do autor “A Rainha de Copas”, “Depois da Noite” e “Mandrágora”, e à peça de teatro “A Desconstrução da Alma”, que foi levada ao palco com o nome “Acorda-me”, pela Companhia da Esquina, com encenação do argentino Cláudio Hochman.
A apresentação da obra, que já pode ser entretanto encontrada nas livrarias de todo o País, ficará a cargo de Maria Helena Torrado e Ricardo Carriço, sendo seguida da interpretação de alguns temas musicais com letra de Luís Costa Pires por parte da cantora Deolinda Bernardo.
Depois de cinco anos de ausência das lides literárias, tempo em que se dedicou ao jornalismo, assessoria de comunicação, fotografia e guionismo, Luís Costa Pires regressa com um romance bastante diferente dos anteriores, ao escrever uma história de amor com um final surpreendente e e com influências das suas leituras das obras Shakespeareanas. Numa narrativa algo poética e de ritmo rápido e intenso, “Ao teu lado” conta a história de um escritor de sucesso, casado e com uma vida estável que, surpreendentemente, se vê a braços com uma paixão inesperada e com uma decisão difícil de tomar. O enredo dará lugar a um desfecho surpreendente, que nos dá uma das mais sublimes lições de amor, e a uma série de cartas de amor enviadas pelo personagem, que farão relembrar certamente uma tradição que já não existe nos dias que correm.
Este livro comprova o talento e a versatilidade do autor que, entre outras distinções, foi galardoado com o prémio “Prosas de Estreia” pelo seu romance “A Rainha de Copas”.
Mini-Biografia
Luís Costa Pires nasceu em Moçambique, no ano de 1976. Em 1977, viajou para Portugal, onde vive desde então, nas Caldas da Rainha. Estudou Gestão de Empresas, mas dedica-se profissionalmente ao jornalismo e à escrita.
Publicou o primeiro romance em 1998, com o título “A Rainha de Copas” (em segunda edição), vencendo o prémio "Prosas de Estreia". No ano 2000, publicou “Depois da Noite” e em 2002, lançou o seu terceiro romance, “Mandrágora”. Em 2003, é publicado um livro com duas peças de teatro denominado “A Desconstrução da Alma”
Trabalha actualmente como free lancer na assessoria de comunicação e imprensa e guionista de cinema e TV.
Foi Assessor de Comunicação da Câmara de Peniche e director da revista “Mais Zoom”. Foi jornalista em títulos como The Portuguese Post (Canadá), In Motion (Alemanha), Jornal de Leiria, Jornal das Caldas, Oeste Online, Tribuna do Oeste e Região de Cister, escrevendo também crónicas para a Fábrica de Conteúdos, Gazeta das Caldas, Notícias da Amadora e para as revistas DIF e 365.
Em 1998 foi condecorado com uma medalha do Município das Caldas da Rainha, pelo contributo dado à cultura no concelho.
Tem um blogue no endereço www.depoisdanoite.blogspot.com e uma página oficial em www.myspace.com/luiscostapires
Publicada por Luís Costa Pires à(s) 20:06 0 comentários
Regresso ao Blogue e à Literatura
Estou de regresso ao blogue após algumas semanas de muito trabalho, onde trabalhei quase sem parar em guiões para um filme e uma série de televisão, bem como uma série de outros projectos.
Estou de regresso também ao mundo da literatura, após terem passado cinco anos desde o meu último livro publicado, uma peça de teatro chamada "A Desconstrução da Alma", e seis anos depois do meu último romance publicado, "Mandrágora".
Já está nas bancas de todo o País o meu novo romance chamado "Ao teu lado", com a chancela da Nova Vega, com quem tive o prazer de assinar um contrato para três livros. Os próximos já estão começados e bem avançados e é com muito que gosto que vejo a dedicação que a equipa da Nova Vega e o seu editor, o Dr. Assírio Bacelar, um homem que muito fez pela cultura deste País, estão a dedicar aos meus trabalhos.
O lançamento oficial vai ter lugar no dia 4 de Dezembro, pelas 18:30 horas, nas novas instalações da Confluência Associação Cultural, na Fortaleza de Cascais, junto ao Clube Naval, com apresentação da obra a cargo da escritora Maria Helena Torrado e do actor Ricardo Carriço.
Estão todos convidados para aparecer.
Depois seguir-se-ão, ainda com datas por agendar, Caldas da Rainha, Nazaré, Leiria, Cartaxo, Porto e Faro.
No próximo post publicarei a nota de imprensa oficial sobre a apresentação do livro, onde se fala um pouco do seu conteúdo.
Publicada por Luís Costa Pires à(s) 18:08 3 comentários
08/06/2008
Obama, McCain e a fuga para Marte
Hillary Clinton abandonou a campanha e anunciou todo o seu apoio a Barack Obama, depois de, recentemente, terem participado ambos numa reunião privada. Nesta reunião Obama terá certamente prometido um lugar de destaque no próximo governo à ex-primeira-dama americana e esta, vendo a derrota aproximar-se, terá resolvido aceitar.
Esta é uma excelente notícia até porque, em determinados momentos da campanha, cheguei a temer que os americanos dessem um voto de confiança a Hillary. Mas, felizmente, será Obama a defrontar o decrépito republicano John McCain nas eleições para presidente americano e, certamente, sairá vitorioso. McCain não tem nem o carisma nem o vigor para esgrimir argumentos com o jovem, reformador e moralizado Obama. Aliás, basta olhar para um dos últimos discursos de McCain onde fala da necessidade de investir cada vez mais nos projectos espaciais da NASA, para que, daqui a 30 anos, o Homem possa aterrar em Marte.
Não sei se é falta de visão estratégica minha, mas parece-me que, apesar da colonização espacial ser um tema muito interessante, há coisas mais importantes para tratar neste momento, como tentar arranjar alternativas quanto às energias, nomeadamente o petróleo, garantir a segurança das nações, recuperar o degradado estado ambiental do planeta, combater a pobreza e o analfabetismo funcional, entre muitas outras.
Ou será que McCain já desistiu simplesmente do planeta Terra e acha melhor investirmos em formas da população terrestre sair daqui e tentar tudo de novo noutro planeta diferente?
Publicada por Luís Costa Pires à(s) 12:39 0 comentários
04/06/2008
Livro com dedicatória especial
A minha amizade com o poeta Paulo Ferreira Borges tem uma história curiosa. Conhecemo-nos há coisa de oito anos, numa altura em que eu trabalhava num jornal regional e era responsável pela área cultural da publicação. Na ocasião, o Paulo Ferreira Borges acabava de vencer o Grande Prémio de Revelação em Poesia da Associação Portuguesa de Escritores com o livro "Para tentear a desmesura" (Difel 2002) e eu entrevistei-o. A amizade gerou-se imediatamente, com muitas conversas sobre livros e sobre a vida em geral onde ele, com o seu eterno ar de "misticismo realista" (ele vai rir quando ler isto) me levou também a perceber um pouco mais de poesia.
Acompanhei por isso, com imensa alegria, ainda nesse mesmo ano, a publicação do seu segundo livro, maravilhoso, "A água materna dos poentes" (Hugin 2002), que também foi premiado, desta vez com o Prémio Fernando Pessoa.
Depois, colaborámos num projecto muito interessante. A convite do então vereador da Câmara Municipal das Caldas da Rainha, Jorge Mangorrinha, iniciámos a escrita de uma novela chamada "A Praça dos Artistas", passada na cidade termal, mas numa praça imaginária, onde os personagens representam figuras tipo da história caldense. A novela foi publicada em capítulos num boletim cultural da autarquia, com cada um de nós a escrever um capítulo intercaladamente e sem falarmos um com o outro sobre o assunto para a surpresa sobre o enredo ser absoluta.
Seguiram-se três anos de silêncio. De escrita, claro, pois várias foram as vezes em que nos encontrámos e trocámos impressões, embora na verdade não tantas como dantes. Mas agora os projectos voltam em grande. O Paulo Ferreira Borges, que terá brevemente uma série de novidades, acabou de editar mais um livro, este agora numa edição mais caseira, mas que terá em breve uma nova roupagem. Trata-se do livro de poesia "Do Tempo Sitiado - geopoemas s/d", publicado pela Textiverso.
É um livro que me levanta muitas memórias pois lembro-me de ter lido muitos dos poemas antes de serem publicados, ainda escritos a esferográfica. O Paulo dava-mos a ler nos nossos cafés ao final da tarde ou início de noite, enquanto eu lhe mostrava alguns esboços dos meus trabalhos de ficção. E, como se não bastasse a alegria de ver este novo livro nascer e de reconhecer alguns dos versos, o Paulo Ferreira Borges honrou-me ao dedicar um dos poemas do livro, chamado "Penar Baji", lembrando as nossas grandes conversas sobre o destino e o divino.
Deixo aqui, emocionado, o poema. Brevemente colocarei outros poemas do mesmo autor. E poderão perceber a razão do Paulo Ferreira Borges ter ganho dois prémios tão importantes com os dois primeiros livros que publicou.
Penar Baji
Investiga-me a sorte, lê-me
a sina, como se estivesse manus-
crita no papiro das sacradas
escravaturas ou no pergaminho
de um novo fundamento. Murmura,
podes murmurar o ensalmo certo,
o canto de um cometa que saiba tudo
de mim, distantemente de mim.
Desborda-me a vida, como faz o dique
para descrever no pó a viagem seminal
das irrigações. Ouvirei a tua ciência
maldita, bebida no cálice dos loucos
e dos visionários. Depois, devolve-me
a mão, o que nela se prescreve, e parte,
dissolve-te no crepúsculo, com ar
de bajibaora a rogar-me uma praga
de sorrisos. Saber-se-à
nessa tua ciência oriunda dos astros,
que numa noite, numa só noite,
o vento apaga todos os vestígios?
Caldas da Rainha, Pastelaria Machado, s/d
Publicada por Luís Costa Pires à(s) 04:18 0 comentários
Dois prémios de teatro
Fiquei orgulhoso ao tomar conhecimento do grande feito do meu caríssimo amigo Bruno Schiappa, actor, encenador e dramaturgo (e tenho que acrescentar apreciador de Monty Python e outras comédias brilhantes, o que nos anima sempre nos jantares em que convivemos).
Acontece que o Bruno ganhou dois galardões na atribuição dos prémios do público do Guia do Teatro 2007. Numa cerimónia apresentada por Vítor de Sousa e Cátia Garcia, Bruno Schiappa venceu os prémios das categorias de Melhor actor num Papel Secundário e Melhor Espectáculo Solo, pela sua participação nas peças "Presos no Gelo" e "Imortal".
O Bruno Schiappa está por isso de parabéns e espero ansiosamente por poder vê-lo em novos projectos. Para já, aconselho todos os leitores do blog a não perderem os espectáculos da autoria deste homens dos sete ofícios, que também dá aulas no Chapitô e que tem uma mente criativa prodigiosa e provocadora.
Mas, como o Bruno não foi o único premiado nesta cerimónia, deixo aqui a lista completa dos galardões atribuídos, lista essa retirada do Notícias da Manhã:
Melhor Coreografia: Amélia Bentes, em «Cabeças no Ar» | 2 – Melhor Cenografia: José Manuel Castanheira, em «A Filha Rebelde» | 3 – Melhores Figurinos: Storytailors, em «Ricardo II» | 4 – Melhor Desenho Luz: Filipe La Féria e João Fontes, em «Jesus Cristo Superstar» | 5 – Melhor Musica Original: Fernando Mota, em «Por Trás dos Montes» (não esteve presente) | 6 – Melhor Direcção Musical: Telmo Lopes, em «Música no Coração» | 7 – Melhor Sala de Teatro: Maria Matos Teatro Municipal (recebe o prémio uma representante do teatro) | 8 – Melhor actriz num Papel Secundário: Beatriz Batarda, em «quando o Inverno Chegar» | 9 - Melhor actor num Papel Secundário e Melhor Espectáculo Solo: Bruno Schiappa, em «Presos no Gelo» | 10 – Melhor Tradução: «Sweeney Todd – O terrível barbeiro de Fleet Street» | 11 – Melhor Actor: Simão Rubim, em «As Vampiras Lésbicas do Sodoma» | 12 – Melhor Actriz: Maria João Luis | 13 – Prémio Make Up For Ever Melhor Actor Revelação: Hugo Rendas, em «Jesus Cristo Superstar», «Principezinho» e «Música no Coração» | 14 – Melhor Elenco Conjunto: Teatro Praga, em «O Avarento ou a Última Festa» | 15 – Melhor Espectáculo Infantil: Fernando Gomes, em «O barbeiro de Sevilha» | 16 – Melhor Texto Original Português: «A Minha Mulher», de José Maria Vieira Mendes (não esteve presente) | 17 – Melhor Musical: «Musica no Coração», de Filipe La Féria | 18 – Melhor Encenador: Luís Miguel Cintra, em «Tragédias de Júlio César» | 19 – Melhor Peça: «As Vampiras Lésbicas do Sodoma», de Juvenal Garcês
Publicada por Luís Costa Pires à(s) 04:11 1 comentários
25/05/2008
Encontro com Nuno Júdice
Participei num encontro organizado por alunos do Colégio Rainha Dona Leonor, nas Caldas da Rainha, para o qual foi convidado Nuno Júdice. Já tinha tido a oportunidade de estar com ele em Leiria, durante o II Encontro de Escritores da Língua Portuguesa, embora colocados em debates diferentes. Desta vez, coube-me a sorte de o apresentar e conduzir uma pequena entrevista, com a ajuda do meu amigo Rui Calisto, perante os olhares atentos dos alunos.
Aliás, uma das observações mais interessantes que faço deste encontro é precisamente a atenção demonstrada por aquele grupo de jovens, cujas idades variavam entre os 15 e os 17 anos. Paesar dos jovens estarem afastados da leitura, são sessões como esta que podem ajudar a haver uma reaproximação às palavras e ao universo da literatura, com tudo o que tem de mágico, libertador e fascinante.
Confesso-me fã da poesia de Nuno Júdice, pois a sua escrita é extremamente sensorial, não embarcando em excessos de sentimentalismo e olhando para os pequenos pormenores da existência, da vida quotidiana e das pessoas com um olhar atento e racional, mas que nem por isso deixa de ser extremamente melódico e poético.
Apresentar um autor da dimensão de Nuno Júdice é sempre um desafio. No meio da apresentação da sua obra, atrevi-me a contar aos alunos que, quando leio a sua poesia, tenho sempre a sensação de ver o poeta sentado no meio de um turbilhão de pessoas e acontecimentos, atento, olhando em redor, tomando notas e reparando nos pormenores, nos valores e nos sentimentos a que, muitas vezes, não damos atenção, mas que fazem parte de todos nós. Nuno Júdice acabaria por concordar com esta imagem, admitindo que isso acontece muitas vezes, que frequentemente se encontra a observar o que há em redor com esse olhar felino e atento.
Depois da apresentação, foi a vez da pequena entrevista, onde Nuno Júdice explicou aos alunos como é que escreve um poema, salientando que não acredita na “pura inspiração, mas sim no trabalho, dia após dia”. Contou diversas histórias do seu passado literário e comentou o estado actual da poesia e da literatura portuguesa, negando que a poesia seja mal tratada pelos leitores em Portugal, já que, em outros países como França ou Itália, com muitos mais leitores, se vende menos poesia do que em Portugal.
Obviamente que não resisti e pedi-lhe que lesse em voz alta o belíssimo "Pedro Lembrando Inês" (publicarei no próximo post para quem não o conhece), ao que ele acedeu, causando comoção nos presentes. No final, ainda leu um poema do seu novo livro que, brevemente, irei postar aqui.
Destaco ainda que, já que a pintura é uma das suas paixões, Nuno Júdice tem um blogue onde cria poemas a partir de quadros. Esse blogue pode ser visitado aqui.
Publicada por Luís Costa Pires à(s) 02:14 0 comentários
24/05/2008
A Rosacruz e Portugal
No dia 17 de Maio desloquei-me até ao Bombarral onde, numa nova livraria chamada "Caneta Azul", cumpri a minha missão de apresentar o livro "A Rosacruz e Portugal", do meu caro amigo Delmar Domingos de Carvalho, autor de inúmeras obras de investigação e ensaios. Esta foi a segunda apresentação do livro, que foi lançado oficialmente numa outra cerimónia a que também assisti e que teve lugar no Convento de Cristo, local bastante focado no próprio livro pela sua temática templária.
Não sou, de facto, um estudioso profundo do tema Rosacruz, mas as minhas leituras em áreas que o tocam, como o estudo das religiões, do esoterismo, da história, do templarismo, etc, levaram o Delmar a fazer-me este convite que muito me honrou, até porque foi já a segunda vez que apresentei um livro seu, depois de "A Flor da Esperança" (Hugin Editores), há uns valentes anos atrás.
Quanto ao livro, aconselho claro que o leiam. Fala de uma forma leve e não demasiadamente profunda, para que os leigos da matéria possam perceber o que lá está escrita, das relações entre a filosofia da escola de pensamento Rosacruz e a história de Portugal, a forma como esta terá influenciado alguns dos nossos grandes vultos culturais, sociais e políticos, e também de que forma está presente nos nossos monumentos.
Mas, acima de tudo, é um livro que fala de valores universais que se vão perdendo com o tempo. Os tais valores que, segundo a teoria do Quinto Império, irão ajudar a criar um dia esse reino de paz, harmonia e cultura que apregoaram o Padre António Vieira, Bandarra, Fernando Pessoa e Agostinho da Silva.
Um tema a estudar, sem dúvida. A bem de cada um de nós e do mundo.
Publicada por Luís Costa Pires à(s) 02:57 1 comentários
22/05/2008
Coisas de que gosto (II)
Em quem pensar, agora, senão em ti? Tu , que
me esvaziaste de coisas incertas, e trouxeste a
manhã da minha noite. É verdade que te podia
dizer: « Como é mais fácil deixar que as coisas
não mudem, sermos o que sempre fomos, mudarmos
apenas dentro de nós próprios?» Mas ensinaste-me
a sermos dois; e a ser contigo aquilo que sou,
até sermos um apenas no amor que nos une,
contra a solidão que nos divide. Mas é isto o amor;
ver-te mesmo quando te não vejo, ouvir a tua
voz que abre as fontes de todos os rios, mesmo
esse que mal corria quando por ele passámos,
subindo a margem em que descobri o sentido
de irmos contra o tempo, para ganhar o tempo
que o tempo nos rouba. Como gosto, meu amor,
de chegar antes de ti para te ver chegar: com
a surpresa dos teus cabelos, e o teu rosto de água
fresca que eu bebo, com esta sede que não passa. Tu:
a primavera luminosa da minha expectativa,
a mais certa certeza de que gosto de ti, como
gostas de mim, até ao fim do mundo que me deste.
Nuno Júdice
Pedro, lembrando Inês
Publicada por Luís Costa Pires à(s) 02:41 2 comentários
21/05/2008
Um mês sem internet
Uma mudança de casa levou-me a ficar sem internet durante quase trinta dias. Os senhores do MEO garantiram-me que instalavam o sistema em menos de dez, mas parece que as adesões têm sido muitas e a coisa atrasou-se. Ou então foi o Ricardo Araújo Pereira que não quis largar o comando...
De qualquer forma, o serviço é fantástico. Acho que é a primeira vez que encontro um produto cujas qualidades ultrapassam a publicidade que se faz na televisão.
E agora, depois das mudanças e com tudo instalado, o regresso ao ritmo normal e aos posts.
Publicada por Luís Costa Pires à(s) 02:12 0 comentários
20/05/2008
WOK no novo Centro Cultural
Foi inaugurado, no dia 15 de Maio, na minha cidade de Caldas da Rainha, o Centro Cultural e de Congressos. Trata-se de uma mega infraestrutura cultural constituída por um grande auditório com 660 lugares, um pequeno com 100, uma excelente sala de exposições, um café concerto e um espaço envolvente muito agradável. É uma estrutura que já fazia muita falta à cidade das Caldas da Rainha, nos últimos anos injustamente apelidada de "Cidade da Cultura". Agora poderá voltar a ter direito a esse título, pois este grande Centro Cultural está ao nível de qualquer sala de espectáculos de Lisboa ou Porto.
Depois da inauguração oficial e dos discursos, com a presença do Senhor Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, assisti ao concerto de inauguração, com António Pinho Vargas a brindar os presentes, engravatados e sorridentes, com um belíssimo momento ao piano.
Mas foi à noite que me encantei verdadeiramente, ao assistir ao espectáculo de percussão "Wok - Ritmo Avassalador", dos Tocarufar. Trata-se de um espectáculo na verdadeira acepção da palavra. Com os seus trajes tribais e maquilhagem de pasmar, os incríveis intérpretes dançam e criam música com tambores e os seus próprios corpos, contando uma história curiosa e cheia de humor, intensidade e interacção com o público, que sai da sala a saber tocar parte de um dos temas do espectáculo.
Um espectáculo a não perder.
Publicada por Luís Costa Pires à(s) 03:01 1 comentários
22/04/2008
De mal a pior
Manuela Ferreira Leite, a arrogante e desagradável ex-Ministra das Finanças, é a nova candidata à liderança do PSD. Irá, provavelmente, ganhar as eleições internas do partido, uma vez que Menezes já gastou todo o pouco combustível que o permitiu chegar ao topo do partido, e que é uma das históricas da organização, com o apoio dos barões silenciosos que não avançam, mas minam tudo em redor.
De qualquer forma, é impressão minha, ou o PSD vai de mal a pior? Depois do populista e inconsequente Menezes, a liderança do partido passa para uma das figuras mais antipáticas e mal amadas da história moderna de Portugal?
Mas é claro que há a sempre a hipótese de se ver ressuscitar o velho trauma português do tempo da "Velha Senhora" e que Portugal prefira outra vez um líder austero, cinzento, antipático e sem ideias de modernidade. É um perigo real: nunca se sabe quando um trauma regressa à superfície.
Publicada por Luís Costa Pires à(s) 14:02 2 comentários
A nova "Ler"
Francisco José Viegas, jornalista e escritor que muito estimo, vencedor recente do Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores, é o novo director da revista "Ler", que irá sofrer algumas alterações significativas. . Segundo Francisco José Viegas, a revista vai passar a ser uma revista de livros e não de literatura, abarcando todas as áreas da edição, desde a literatura, claro está, aos livros de viagem, fotografia, gastronomia, etc, enfim, abarcando toda uma área de edição que necessita urgentemente de ganhar popularidade junto dos portugueses.
Parece-me bem que haja uma revista mais acessível à maior parte dos portugueses do que os projectos demasiado elitistas que vão aparecendo de vez em quando. Esse tem sido um dos grandes problemas para a falta de leitores em Portugal. Se existe um fosso grande entre aqueles que são considerados especialistas em literatura e o comum português que só gosta de ver telenovelas, então a forma de equilibrar as coisas e incentivar o gosto pela leitura (que é tão importante no formar do carácter e dos ideais de qualquer pessoa) não pode ser nunca aumentar o fosso, mas sim criar um meio termo, uma ponte que permita que os interessados se aproximem.
Aliás, por muito que não goste dos trabalhos de uma série de autores, como Margarida Rebelo Pinto ou Paulo Coelho, por exemplo, não posso deixar de lhes dar esse mérito de levarem pessoas para perto dos livros. Sei que imediatamente os académicos dirão que ler esses livros nada acrescenta de cultura ou erudição, que são meras estórias para passar o tempo. Sem dúvida. Mas permitem uma proximidade ao "objecto livro" que deixa de ser um estranho. E, além disso, num país de analfabetismo funcional elevado, podem ajudar a entender expressões, palavras e a construção gramatical de uma língua que tem estado em tanta ebulição com toda esta questão do acordo ortográfico.
É bom saber que teremos uma "Ler" mais abrangente, com artigos de fundo interessantes (uma entrevista com Lobo Antunes no primeiro novo número), com espaço para os académicos, mas também para aqueles que, gostando de livros, não precisam necessariamente de saber citar Montesquieu ou conhecer todos os pormenores sobre a "Cartuxa de Parma".
É que, se é verdade que ler ajuda a formar consciências e abrir caminhos, nada há de mais democrático do que o acto de ler.
Publicada por Luís Costa Pires à(s) 13:36 1 comentários
Matem, mas não admitam
Segundo notícia do Diário de Notícias, um homem que já desempenhou funções públicas na autarquia de Coimbra alvejou sem qualquer razão aparente um cliente que estava com um grupo de amigos numa marisqueira na cidade dos estudantes. A consternação pela situação é óbvia, não se consegue perceber o que terá passado pela cabeça do agressor que já antes tinha provocado alguma confusão no mesmo estabelecimento por se encontrar "alterado".
Mas o mais caricato vem a seguir: a polícia, em vez de deter o indíviduo, que está nitidamente perturbado, apenas ficou com a sua identificação e vai "investigar". Acontece que o homem afirmou que não tinha intenção de matar ninguém e isso, aparentemente, é razão para não ser levado preso.
Ou seja, compreendo finalmente o grande crime de todos aqueles que atentam contra a dignididade e vida humana. O problema não é disparar as armas. O problema é admitir que se é um canalha.
Explica muita coisa deste país, sem dúvida.
Publicada por Luís Costa Pires à(s) 13:29 0 comentários
04/03/2008
Gorilas vermelhos e verdes
Ontem a minha mãe fez anos e fui ver o Sporting - Benfica com ela. No intervalo daquele jogo de grande qualidade, ela mudou a televisão para um canal onde dava um documentário sobre gorilas, a forma como se afeiçoam aos humanos e as coisas que aprendem a fazer, como brincar, comer à mesa, dormir numa cama, tapados com um cobertor, etc.
Passados os dez minutos do intervalo, voltámos a mudar para o futebol. Confesso que, quando o apito final soou, continuava mais impressionado com o que vi dos gorilas.
Publicada por Luís Costa Pires à(s) 03:23 5 comentários
Coisas de que gosto (I)
nunca escrevi
sou
apenas um tradutor de silêncios.
a vida
tatuou-me nos olhos
janelas
em que me transcrevo e apago
sou
um soldado
que se apaixona
pelo inimigo que vai matar.
(Mia Couto)
Publicada por Luís Costa Pires à(s) 03:18 1 comentários
03/03/2008
Os Óscares e os filmes
Ainda não coloquei nenhum post a comentar os resultados da cerimónia de atribuição dos òscares deste ano, mas a razão é simples: antes de tecer qualquer comentário, quero assistir aos principais filmes que estiveram em contenda na cerimónia e, enquanto se espera que todos cheguem aos cinemas portugueses, só agora tive acesso aos DVDs com os mesmos.
O que mais curiosidade me levanta é, claro está, "Este País não é Para Velhos" (No Country To Old Men), dos irmãos Cohen, não só por ter sido o grande vencedor da noite, mas, principalmente, pela interpretação do "nuestro hermano" Javier Barden, o primeiro espanhol a ganhar um oscar da Academia.
O seu grande adversário, "There Will Be Blood" (Haverá Sangue) também me parece interessante, mas principalmente pela curiosidade em ver a muito gabada interpretação de Daniel Day Lewis, já que o tema não me atrai particularmente.
Curiosamente, um dos filmes a estrear brevemente nas nossas salas de cinema que mais tenho curiosidade em ver não participou na cerimónia dos Óscares. Trata-se de "The Other Boleyan Girl" (Duas Irmãs, Um Rei), uma trama histórica baseada no livro homónimo da escritora Philippa Gregory, autora de uma interessante série de livros sobre a temática das mulheres na corte inglesa do passado. O filme conta com a interpreação de duas das mais talentosas e belas actrizes da actualidade, Scarlett Johanson e Natalie Portman, além de Eric Bana, que passei a admirar depois de o ver encarnar o nobre Heitor, minha personagem preferida do clássico "A Íliada", no filme "Tróia".
Para já, dos mais premiados deste ano, vi o "Juno", que ganhou o Oscar de melhor Argumento Original. Gostei muito do filme, uma comédia despretenciosa, com um ritmo muito interessante e um tema urbano e actual. A grande piada do filme, ao contrário do que acontece nas comédias que costumamos ver, não está no disparate, nem em personagens idiotas. Está na inteligência dos diálogos e na possibilidade de tudo aquilo ser real bem aqui ao nosso lado. Está de parabéns a argumentista Diablo Cody, que se estreou no cinema com este filme, depois de ter trabalho como Stripper durante um ano.
Mas, atenção: grande interpretação de Ellen Page, no lugar de Juno, a personagem principal do filme, uma jovem que fica grávida aos 16 anos, dando origem a todo o enredo. Merecedora de Oscar de Melhor Actriz pela naturalidade e inteligência da interpretação, o que me deixa ainda mais curioso para ver a interpretação da vencedora, a francesa Coutillard, em "La Vie En Rose".
Publicada por Luís Costa Pires à(s) 02:48 0 comentários
Um raro Dali
Há noites em que me perco completamente no Youtube. Começo a ver um pequeno vídeo e, depois, saltando de tema em tema, reparo com espanto que as horas passaram rapidamente e que vi e ouvi grandes momentos históricos ou culturais, revisitei momentos inesquecíveis e revi cenas espantosas com uma facilidade que, até há poucos anos, era impensável.
Numa destas minhas maratonas descobri este vídeo onde Salvador Dali é o convidado de um popular concurso americano, "What's my line", apresentado pelo inesquecível John Daly, onde os concorrentes têm que, através das perguntas que fazem a um convidado surpresa, descobrir quem a sua identidade. No caso, o convidado surpresa era nada mais nada menos do que Salvador Dali!
Escusado será dizer que é imperdível ver este grande génio da humanidade participar num momento tão descontraído como um concurso de televisão, ainda por cima num contexto com alguma piada, já que ele praticamente responde que sim a tudo, demonstrando a sua vontade de ser o mais multifacetado possível. Um grande momento em redor de Dali, o génio do surrealismo e da pintura "hiper-realista metafísica", como ele próprio a definiu. O tal homem que, nas suas últimas palavras em público referiu que "um génio não deveria nunca morrer, pois tem nas suas mãos a missão de melhorar a humanidade".
Publicada por Luís Costa Pires à(s) 02:33 2 comentários
A sondagem sobre cinema
Acabou o tempo estabelecido para mais uma sondagem aqui no "Depois da Noite". Obrigado a todos os que participaram e responderam à pergunta "Acha que o cinema português algum dia conseguirá a adesão do público nacional?"
Trinta e seis por cento dos votantes é optimista e acredita que, um dia, o cinema português conseguirá um lugar de destaque e fará as pazes com o grande público, levando com regularidade um número de espectadores ao cinema que faça com que esta arte seja auto-sustentável e independente de subsídios.
Também acredito que sim. Mas, para isso, será necessário que o cinema português consiga um difícil equilíbrio entre a qualidade artística (que desde sempre foi a preocupação única dos cineastas portugueses, ainda que nem sempre de forma feliz), a capacidade de focar temas que interessem ao grande público (longe de temas autistas) e de uma forma que contenha também alguma dose de entretenimento.
Um bom argumento, com um enredo forte, uma mensagem interessante e diálogos e personagens inteligentes, é, claro, a base de tudo isto. A seguir, o que há a melhorar é a qualidade das interpretações de alguns actores, que ainda não atingiram o patamar ideal. Quanto à produção, apesar dos meios escassos que existem em Portugal, parece-me que o nível conseguido é, no geral, muito acima do que se podia esperar.
Existem obviamente bons exemplos de filmes bem conseguidos. O meu preferido é o "Jaime", de António Pedro Vasconcelos, uma história tocante, com boas interpretações, alguns diálogos notáveis e uma banda sonora excelente. Mas existem outros bons exemplos de filmes que me parece terem alcançado uma boa qualidade, como "Adão e Eva", "Alice", "Coisa Ruim" e "Tentação", entre outros.
Quanto ao resto da sondagem, o segundo resultado mais votado foi o humorístico "Gosto é do Rambo", mostrando que para muitos o cinema ainda é apenas uma forma de entretenimento puro. E obviamente que também não há mal nisso, desde que não seja essa a única forma de fazer cinema.
Publicada por Luís Costa Pires à(s) 02:17 1 comentários
21/02/2008
"Abril"
Como disse no post anterior, este ano tem sido muito bonzinho e tem trazido até mim projectos bem interessantes. Um deles foi-me proposto pelo Bruno Simões, realizador e designer multimédia que, depois de ter feito algumas curtas de animação (ver o site dele aqui), tem estado nestes últimos anos em Londres, onde tem trabalhado na área dos efeitos especiais de filmes como "Harry Potter", "Crónicas de Narnia" e "Fred Claus". A ideia dele era fazer um filme de animação que contasse o 25 de Abril de uma forma completamente diferente: pelos olhos de uma criança.
O convite foi, obviamente, prontamente aceite. Moralizado e cheio de ideias depois da conversa inicial, o argumento foi escrito em menos de um mês. Agora, o guião já está corrigido, revisto e pronto. Segue-se a produção, processo moroso e difícil, com os frames a serem construídos do zero, um a um, o movimento dos personagens, a dobragem das vozes, enfim, todo um fascinante processo que espero ter a oportunidade de narrar à medida que forem acontecendo.
Para tomarem nota, o projecto chama-se simplesmente "Abril" e é, parece-me, embora seja suspeito, uma história comovente, que mistura a inocência típica das crianças com a força e a magia de uma época que mudou o nosso País.
Publicada por Luís Costa Pires à(s) 02:13 2 comentários
Clepsidra, Tempo e Templários
Este ano de 2008 tem sido uma boa surpresa em termos de novos projectos e propostas. E uma delas, precisamente uma das mais interessantes, aconteceu numa área em que, normalmente, não sou um "habitué", mais precisamente a música.
Convidaram-me o Bruno Oliveira e o Jorge Van Zeller para participar num interessante projecto de música clássica e dança sobre a temática do tempo, da clepsidra e dos Templários. Brevemente poderei divulgar mais informações sobre este projecto, mas por agora sou autorizado apenas a colocar aqui o link para o texto introdutório do mesmo, escrito por mim, que está no blog http://clepsydra2008.blogspot.com.
Espero que fiquem, pelo menos, curiosos sobre o projecto.
Publicada por Luís Costa Pires à(s) 01:49 1 comentários
16/02/2008
Finalmente um gestor português
Lembro-me de ter lido, há alguns meses atrás, na "Visão", uma extensão entrevista a Henrique Granadeiro, actual responsável máximo pela Portugal Telecom. E lembro-me por uma razão muito simples: o seu discurso era directo, incisivo e mostrava ideias. Não se trata de um mero gestor, trata-se de um homem de visão. E, hoje, ao ler um jornal matutino tive mais uma confirmação da pertinência deste feeling.
Acontece que, pelo terceiro ano consecutivo, os salários da Portugal Telecom vão ser congelados, tendo em vista a contenção de custos excessivos. Mas, ao contrário do que acontece na maior parte das empresas, os congelamentos não acontecerão aos mais necessitados. Acontecerão sim nos ordenados nos executivos de topo, dos quadros, ou seja, de todos aqueles que auferem mais de dois mil euros por mês.
Além desta medida de congelamento dos ordenados dos quadros superiores, a administração da PT está também a proceder a cortes nas regalias dos dirigentes, nomeadamente no que diz respeito à aquisição de automóveis de luxo e outros gastos desnecessários.
Henrique Granadeiro e os seus pares parecem perceber aquilo que o tipico empresário português não percebe normalmente: que a saúde financeira da empresa que dirige, bem como a sua competitividade e a igualdade entre trabalhadores, são bem mais importantes do que as aparências e a ostentação. Até que enfim que imitamos os estrangeiros em alguma coisa positiva.
Publicada por Luís Costa Pires à(s) 03:39 4 comentários
15/02/2008
Também no MySpace
Pronto. Apesar de ser mais útil para músicos e artistas plásticos, onde os seus trabalhos podem ser mostrados com mais facilidade, resolvi aderir também ao MySpace. Lá podem ser encontradas informações sobre a minha carreira literária, os meus livros, prémios, projectos e algumas fotografias tiradas por mim em reportagens e eventos de moda e música.
Visitem em www.myspace.com/luiscostapires
Publicada por Luís Costa Pires à(s) 05:26 2 comentários
O fim da música no ensino
Chegou ao meu endereço de correio electrónico uma petição que vai alterar o que é hábito na minha postura perante este tipo de mensagens. Normalmente não ligo nenhuma a petições e correntes que são enviadas de pessoa para pessoa. A razão principal é que normalmente vejo sempre esses movimentos com alguma desconfiança no que diz respeito à sua veracidade (no caso das correntes, prefiro arriscar nunca mais ter nenhum amor na vida e ter sete anos de azar, como a maior parte delas ameaça caso não se reencaminhe, do que chatear os meus amigos com coisas idiotas).
Mas, desta vez, não há forma de ignorar o assunto. Acontece que o Ministério da Educação quer acabar com o ensino público da música. Nem vale a pena comentar muito o assunto, porque a cretinice dessa intenção é por demais evidente, ainda mais quando a utilização do ensino de formas de arte e expressão para a valorização e crescimento mental e social das crianças é uma das formas mais eficientes que existem. Aliás, isso mesmo é utilizado vezes sem contas em projectos de reintegração e formação de menores em risco, como acontece com os projectos do Atelier Arte e Expressão, associação de cariz cultural e social de cuja direcção tenho a honra de ser presidente, o que só prova a sua eficácia.
Por isso, aqui fica o link para a petição.
Publicada por Luís Costa Pires à(s) 04:18 2 comentários
Primeira sondagem e Blog
O "widget" que instalei no "Depois da Noite" que permite proceder a sondagens, indica-me que a última "enquete" (como dizem os brasileiros) já terminou. Quero antes de mais agradecer aos que votaram na sondagem, mesmo sendo uma sondagem fora de prazo (o aeroporto já tinha sido decidido há vários dias) pois ajudou-me a testar o funcionamento da "maquineta". Por isso, por ter sido uma sondagem fora do tempo, não faz muito sentido comentar os resultados, a não ser para dizer que existe realmente uma grande diversidade de opiniões sobre qual teria sido a melhor localização do novo aeroporto, com nenhuma das opções a ser claramente vitoriosa.
E pronto, agora que acho que já sei trabalhar bem com este "widget", vou proceder a outras sondagens para as quais peço, obviamente, participação aos leitores deste blog.
Já agora, por curiosidade, neste último mês de Fevereiro, o número de visitantes únicos por dia tem estado a cima dos sessenta, para um total, desde o início do "Depois da Noite" de mais de 21500 visitantes.
Obrigado a todos.
Publicada por Luís Costa Pires à(s) 04:13 1 comentários
12/02/2008
A arte de bem escrever crónicas
A arte de escrever crónicas e artigos de opinião é uma arte difícil que, admito, nem sempre consigo levar a bom porto. Principalmente porque uma das coisas mais importantes nesta arte é a necessidade de condensar em poucas linhas uma opinião inteira ou fazer ver um todo por intermédio de pequenas descrições ou de aforismos. Por vezes existe a tendência de alongar os textos para tentar explicar uma situação, noutras um pouco menos de clareza no que se quer dizer. É uma arte difícil, mas que alguns profissionais dominam com uma mestria que me deixa boquiaberto.
É por isso mesmo que tanto admiro o jornalista Ferreira Fernandes, cujas crónicas no Diário de Notícias leio religiosamente, assim como acompanho o seu percurso profissional pela Visão, pela Sábado, pela Fócus, pelo Público, enfim, por todos os bons órgãos de comunicação social deste País. Ferreira Fernandes é o exemplo perfeito de perspicácia, concisão, inteligência e sentido de humor. E, cada vez que leio as suas crónicas no Diário de Notícias que, durante a semana, não passam nunca de 10 linhas, fico encantado. Como consegue dizer sempre tanta coisa em tão pouco espaço? Para um romancista como eu, que está habituado a escrever longos enredos, esta capacidade de contenção é impressionante (provavelmente esta é a razão também pela qual me vejo com enormes dificuldades quando tento escrever um conto).
E, com a sua ironia e o toque no ângulo certo, sinto que fico mais bem informado com as suas pequeninas crónicas do que com muitas reportagens completas que leio em outros locais.
Vejam o que quero dizer aqui, nesta crónica sobre as presidenciais nos Estados Unidos da América.
Publicada por Luís Costa Pires à(s) 11:00 2 comentários
11/02/2008
Horrível e Irónico
Horrível e irónico o ataque a Ramos Horta. Irónico porque aconteceu na rua a que ele próprio batizou de "Boulevard John Kennedy". Horrível porque vem comprometer o crescimento pacífico da mais jovem democracia que nasceu após massacres e sangue.
Parece afinal que o povo de Timor ainda não se livrou da guerra civil e dos banhos de sangue, o que vem provar de uma vez por todas que, por trás daquilo que vem a público, há sempre muitas coisas a acontecer.
Vamos ver agora como vai reagir a comunidade internacional e, claro, os próprios timorenses.
Digite aqui o resto do post
Publicada por Luís Costa Pires à(s) 13:41 0 comentários
Uma nova esperança
Confesso que andava já um pouco desanimado com os resultados da corrida dos candidatos democratas nos Estados Unidos. Não percebo como é possível que, ainda hoje, se continue a votar em pessoas como Hilary Clinton, que representam "mais do mesmo" e a continuação das mesmas influências de sempre, dos mesmos lobbies e interesses, ainda que, mesmo assim, tê-la na Casa Branca seja um mal menor, comparado com o emplastro que a ocupa neste momento.
Mas agora uma boa notícia devolveu-me alguma confiança. Obama ganhou em três Estados, Nebraska, Washington e Louisiana, por larga margem, ficando praticamente em igualdade de circunstâncias perante a sua adversária.
Assim que os mais de 3000 delegados do Partido estiverem escolhidos, o que, a ver pelo andar da carruagem, vai levar a uma igualdade entre Obama e Clinton, resta saber como vão votar os SuperDelegados. Pode parecer complicado, já que o sistema eleitoral americano é muito diferente do nosso, mas, mesmo assim, parece-me mais democrático do que o nosso e, principalmente, mais interventivo e interactivo com a população, afinal de contas a verdadeira razão de uma eleição.
E, já agora, uma breve explicação para quem não está familiarizado com o processo: enquanto que, em Portugal, o partido simplesmente elege internamente os seus candidatos a Primeiro-Ministro, nos EUA, essa eleição é feita pelas pessoas que apoiam os partidos. São apresentados vários "candidatos a candidatos" e os membros dos partidos vão a votos. Em cada Estado, conforme a sua representatividade, recebem o apoio de um certo número de delegados.
No dia da eleição final do candidato oficial do partido, efectua-se a votação por todos os delegados eleitos, à qual se juntam os votos dos SuperDelegados, que são nada mais nada menos do que figuras históricas do partido, como ex-presidentes, ex-governadores, ex-senadores, etc. Estes terão sempre direito a voto, independentemente do candidato que apoiem.
No entanto, os SuperDelegados só ganham uma importância maior se a diferença entre os candidatos for pequena, pois correspondem a cerca de 20 por cento do total de delegados votantes. No caso dos Democratas, num total de 4049 delegados (são precisos 2025 votos dos delegados para a vitória) a participarem na convenção final, apenas 796 são SuperDelegados.
Barrack Obama tem neste momento 986 delegados eleitos, enquanto Clinton tem 924. A vantagem da ex-primeira dama reside no entanto precisamente nos SuperDelegados e, claro, mais pelo percurso e influências do seu marido em Washington do que pelo seu próprio, apesar de ter sido também já Senadora pelo Estado de Nova Iorque.
Depois de escolhido o candidato de cada partido (Democrático e Republicano), terá então lugar a corrida à Casa Branca. No lado dos democratas o meu interesse é grande, como já perceberam. No lado dos republicanos nem por isso. Primeiro porque McCain já é um vencedor antecipado. Segundo, porque o que mais espero deste ano de 2008 é que Bush desapareça e leve com ele os seus pares.
Publicada por Luís Costa Pires à(s) 13:22 0 comentários
04/02/2008
Entrevista sobre a saída da Ministra
Telefonaram-me do Região de Leiria a perguntar o que pensava da substituição da Ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima, por António Pinto Ribeiro. Por acaso tinha sabido da notícia há pouco tempo e ainda não tinha pensado bem no caso.
Mas de qualquer maneira, também não havia muito que dizer. Na verdade, não aconteceu nada de especial nos ultimos dois anos no Ministério da Cultura, uma das áreas menos activas do Governo de Sócrates, mais preocupado com o défice e com a ASAE. Os velhos problemas com que se debatem os artistas e os produtores culturais continuam, assim como o enorme afastamento entre o público e a arte produzida em Portugal.
Respondi ao jornalista Manuel Leiria que, apesar de sonhar ainda com um Ministro da Cultura que venha realmente da área cultural (Isabel Pires de Lima tem obras publicadas, mas é uma académica), vou dar o benefício da dúvida ao novo ministro, pois o importante não é o currículo, mas o que se faz na prática. E que o mais importante é mesmo conseguir encontrar formas de criar condições adequadas para a produção cultural e, posteriormente, à sua divulgação e contacto com o grande público, em vez de se continuar simplesmente a separar a arte como "coisa elitista" e criar a ideia de que os investimentos do Ministério da Cultura são "dinheiro gasto para alimentar a barriga de meia dúzia de intelectuais".
Afinal de contas, isto acredito eu, a cultura que um povo produz tem consequências enormes na identidade dessa nação, na sua união, na criação de objectivos, e na moral comum. E o nosso país, neste momento, não tem identidade. Já não sabemos quem somos, se portugueses (e o que é isso de ser português?), se europeus, se uns seguidores reles da cultura americana.
De qualquer forma, mais uma vez, podem ler o artigo completo sobre o tema, aqui.
Publicada por Luís Costa Pires à(s) 05:24 0 comentários
Balanço do Encontro de Escritores - A polémica
O post já vem atrasado, mas mais vale tarde do que nunca. Como tinha anunciado há algumas semanas atrás, fui convidado para participar no II Encontro de Escritores de Língua Portuguesa, organizado pelo Instituto Politécnico de Leiria, que teve lugar na semana passada, e onde Manuel Alegre recebeu uma justa homenagem.
Foram dois dias muito interessantes, com vários paineis com bons elementos e discussões de ideias, onde participaram autores que muito admiro, entre os quais Nuno Júdice, José Jorge Letria, Vasco Graça Moura, Ruy Duarte de Carvalho, Ana Maria Magalhães, Olinda Beja, Carlos Pinto Coelho, António Torrado, entre outros. A mim, coube a tarefa de participar no debate "Na vanguarda da escrita: a Ciberliteratura", onde tive a companhia do moderador Pedro Barbosa e dos escritores Paulo Kellerman e Marta Gautier.
O tema não era fácil por vários motivos, até porque, apesar dos mundos da informática e da literatura se cruzarem em muitos pontos (como os blogues), a ideia principal era mesmo discutir essa nova área que é a ciberliteratura, uma área ainda muito pouco conhecida da esmagadora maioria das pessoas. Já conhecia alguns trabalhos realizados nesse âmbito, até porque sempre tive alguma curiosidade pela área da criação artística feita por computadores, mas não era de todo uma área fácil para mim, até porque, ao meu lado, estava o Pedro Barbosa, simplesmente a maior sumidade da matéria em Portugal. Por isso, quando o debate começou e se centrou principalmente na área da ciberliteratura, quase que preferia ouvi-lo falar do que intervir também.
Mas, obviamente que, quando chegou a minha vez de falar, não fiquei calado. Como já disse, a ciberliteratura é uma área interessante. Afinal de contas, só se pode admirar o excelente trabalho que é, através de logarítmos e variáveis, colocar um computador a processar palavras de forma quase lógica, como se o computador percebesse o significado das palavras para criar poemas. No entanto, não posso obviamente concordar com algumas das coisas que defendem os "ciberautores", ou outro nome que lhes queiram chamar.
Uma coisa é o extremo interesse que há em desenvolver esta área, que poderá trazer utilizações interessantes em processos pedagógicos ou mesmo na criação de um cérebro artificial... não sei, não é de facto a minha especialidade. Mas outra coisa completamente diferente é assumir-se esta forma de "criar textos" como literatura.
Não posso de forma alguma concordar com afirmações ditas pelo Pedro Barbosa, insistindo por exemplo que estes programas permitem a um autor escrever um texto "sem ter o trabalho de o escrever". Ora, eu, que gosto muito de escrever, acredito que o maior prazer que se tem nesta "arte" é precisamente o colocar no papel (ou no monitor) as palavras, ligar as ideias, criar os enredos, ligar as pontas soltas. Afinal de contas, o trabalho de um autor não é apenas o de criar um conceito e com ele lançar palavras para uma máquina misturadora que, depois, irá sorteá-las como se fosse o Euromilhões!
Obviamente que a minha intervenção causou imensa polémica, até porque havia alguns apoiantes afoitos da ciberliteratura nas bancadas, mas não está no meu feitio ser simplesmente politicamente correcto. Chamei a atenção para que, nos dias que correm, cada vez há mais preguiça nas pessoas. Cada vez achamos mais que devemos ter tudo à mão, ter tudo facilitado, que devemos ter apenas que carregar num simples botão para ter tudo acessível. E é essa preguiça, essa falta de busca e de luta pelas coisas que está a transformar a sociedade numa coisa amorfa, sem ideais, sem objectivos, completamente influenciável pelas modas e pelos media.
Entretanto, a Marta Gautier, após uma intervenção sem sal, saiu a meio do debate, o que causou alguma surpresa junto de todos. Já o meu colega Paulo Kellerman, autor residente em Leiria, foi pelo mesmo caminho que eu, embora de uma forma mais diplomata.
A discussão estava lançada no painel (foi considerado o debate mais polémico de todo o Encontro, o que acaba por me agradar) e até o Rui Zink, que estava na bancada, resolveu participar, lançando algumas achas para a fogueira. No final, lá tive que explicar que não, não se tratava de ser conservador, se bem que não ficarei nunca ofendido se me chamarem de conservador por defender os valores fundamentais da humanidade. Afinal, há coisas que não mudam. Ou não devem mudar. Mas não se tratava disso, até porque sou um homem da informática (como o mostra este blogue) e adoro conhecer todas as possibilidades das novas tecnologias. Há é limites. E perder a humanidade (criar, pensar, sentir) em troca de comodidade, não é uma barreira que eu esteja disposto a ultrapassar.
Não me importa se um livro é apresentado num livro, num papiro, num grafiti numa parede, numa cassete. Isso não me interessa nada, tudo isso pode ser literatura, pois o que conta são as palavras e o que elas dizem. Agora o que não posso suportar é que a literatura seja escrita por máquinas em vez de homens.
Para saberem mais sobre o encontro, proponho que visitem o site do Região de Leiria, de onde tirei a foto que ilustra este post.
Publicada por Luís Costa Pires à(s) 05:08 1 comentários
Remodelação do Blogue
Como os visitantes habituais do "Depois da Noite" podem perceber, o blogue sofreu uma remodelação profunda. Além do novo aspecto gráfico, existem novas funcionalidades, como sondagens, ainda em testes (o que justifica a pergunta actual, já um pouco fora de tempo), um motor de busca e aquela que é, para mim, a maior novidade, que é o facto de cada post ser apresentado na página inicial apenas em resumo. Assim, cada leitor que se interesse pelo tema pode ir ler o post em questão e, seja qual for o tamanho do mesmo, ele não interferirá na apresentação da página principal do blog.
Espero que gostem destas novas alterações que, espero, melhorem a qualidade geral do blog.
Publicada por Luís Costa Pires à(s) 04:22 1 comentários
23/01/2008
Lição a aprender
A Greve dos Argumentistas, que dura há mais de dois meses, continua. Todos os talk shows, séries e programas sofrem as suas consequências. Os Globos de Ouro viram o seu espectáculo glamoroso reduzido a uma conferência de imprensa. E, se nada mudar, pelo mesmo caminho vão os Óscares da Academia.
Publicada por Luís Costa Pires à(s) 13:38 0 comentários
Só Deus gosta de sangue
Li com preocupação uma notícia no Diário de Notícias, onde se dava conta dos mais recentes ataques feitos pelos grupos de pressão ao "candidato a candidato" democrata Barrack Obama, nos Estados Unidos.
Um grupo acusava-o de ser muçulmano. Aqui, e apesar de ser censurável criticar alguém pela sua religião, consigo perceber o porquê da preocupação, já que o povo americano está ainda em estado de alerta depois do 11 de Setembro (ainda que eu, como maluquinho e conspiracionista que sou, até seja da opinião que foi tudo "inside job"). Agora, não consigo mesmo compreender o outro grupo de pressão, este judaico, que acusa Barrack Obama de ser um político que vai impor políticas cristãs.
Se essa imposição de políticas cristãs for verdade, então espero que haja depressa um político destes em cada País, pois muita coisa vai mudar e muita hipocrisia vai acabar.
É claro que a cúpula religiosa judaica, que é muito forte nos Estados Unidos, tem que defender os seus interesses de "domínio espiritual" (aspas reforçadas neste termo). Mas a forma como o faz é, no minimo, infeliz, pois, mais uma vez, apela à desunião religiosa, à falta de respeito pela liberdade dos outros, etc, etc.
E mais triste ainda é o facto de, em pleno 2008, num país que, em tantas coisas, tem a democracia mais avançada do mundo, as crenças religiosas de um homem poderem ser motivos para se votar ou não no seu projecto político e social. Crenças religiosas essas que deveriam servir para que, cada um, no seu íntimo, estabelecesse uma relação pessoal com a sua fé, não que se transformasse em imposição e discórdia. Mas, realmente, na maior parte dos casos, a religião, como é vista no mundo, é apenas um instrumento de guerra e desunião.
Já estou como escreveu José Saramago, no seu "Evangelho segundo Jesus Cristo", que cito de memória: "Só mesmo sendo Deus, se poderia gostar tanto de sangue derramado".
Publicada por Luís Costa Pires à(s) 13:25 0 comentários
20/01/2008
Um novo grupo de amigos
Não sei bem o que pensar da nova Lei do Tabaco. Por um lado, concordo, claro, com o princípio de que, quem não fuma, não tem obrigação de ingerir o fumo que há nos recintos públicos. Por outro, farto-me de rir com a incoerência da lei, com a forma como ela está mal estruturada, com as confusões que levanta nos vários estabelecimentos e com a forma como alguns tentam "contorná-la".
Mas, mais importante do que isso, o que mais me preocupa nesta nova lei é que, provavelmente, vou ter que arranjar um grupo de amigos novo. Eu explico: dantes, quando entrava num bar, 60 por cento das pessoas fumava e enchia o ambiente de fumo, mas havia 40 por cento de pessoas que não contribuiam para essa poluição ambiental e a coisa ficava controlada. Agora, pelo contrário, os meus amigos fumadores insistem em ir para locais onde se pode fumar. Ora, nestes locais há agora uma concentração de 90 por cento de fumadores mais 10 por cento de amigos não fumadores que são arrastados para lá.
Na prática, pelo que tenho experimentado, a lei do tabaco só tem feito com que eu, que não fumo, engula mais fumo do que dantes. A não ser que arranje um novo grupo de amigos, todos não fumadores, não sei como vou conseguir chegar aos 40 sem um cancro nos pulmões... por isso, não se admirem se, brevemente, abrir candidaturas para novos amigos. Com currículos e tudo, claro, porque ser não fumador não será nunca o único requisito.
Publicada por Luís Costa Pires à(s) 14:54 4 comentários
Um dia importante para o mundo
Terça-feira, dia 5 de Fevereiro, vai ser um dia importante para o mundo, mesmo que a maior parte das pessoas nem sequer ligue aos seus acontecimentos. No entanto acredito que a eleição para a presidência dos Estados Unidos, que já começou com as eleições para os candidatos dos dois maiores partidos, é um momento de viragem do mundo.
Ler o resto do post...
Publicada por Luís Costa Pires à(s) 14:38 1 comentários
17/01/2008
Voando sobre o fado
Já aqui falei algumas vezes da minha amiga Deolinda Bernardo, ou Deo, como a partir de agora vai ser conhecida dos amantes da música.
Ler o resto do post...
Publicada por Luís Costa Pires à(s) 02:47 2 comentários
03/01/2008
Encontro de Escritores de Língua Portuguesa
O evento terá lugar nos dias 24 e 25 de Janeiro de 2008, no auditório da Escola Superior de Tecnologia e Gestão, em Leiria, e pretende reunir personalidades da Cultura Portuguesa e Lusófona.
Alargar o leque de ofertas culturais da instituição, criar um espaço de ampla reflexão e discussão sobre questões relacionadas com a formação para a cidadania dos indivíduos e evidenciar a importância do contributo que os Escritores e a Literatura hoje assumem nesse contexto, são os principais objectivos do II Encontro de Escritores de Língua Portuguesa.
Subordinado ao tema “A escrita e a cidadania”, esta iniciativa pretende acolher autores de expressão portuguesa de várias nacionalidades e continentes, contando já com a presença confirmada de cerca de duas dezenas de prestigiados escritores, não só portugueses, mas também provenientes de países como o Brasil, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde e Angola.
Destacamos a participação de António Torrado, Ana Maria Magalhães, Carlos Pinto Coelho, José Jorge Letria, Rui Zink, Carlos André, Nuno Júdice, Joaquim Vieira, Dulce Cardoso, Manuela Gonzaga, Luís Costa Pires, Maria Antónia Palla, Marta Gautier, Paulo Kellerman e Pedro Barbosa. No panorama internacional, Corsino Fortes, Ana Maria Machado, Olinda Beja e Ruy Duarte de Carvalho são alguns dos carismáticos escritores que aceitaram o nosso convite."
Ler o resto do post...
Publicada por Luís Costa Pires à(s) 01:42 5 comentários
Ano novo
Pronto. Depois de uma gripe teimosa e dos habituais festejos de Natal e Ano Novo, está outra vez na altura de actualizar o blogue.
Desejo, como é óbvio, tudo de bom para os seus visitantes. Que em 2008 tenham coragem, força e lucidez. Porque, de facto, é apenas isso que é necessário. Com esses ingredientes, tudo o resto aparece.
Publicada por Luís Costa Pires à(s) 01:40 2 comentários