25/05/2008

Encontro com Nuno Júdice

Participei num encontro organizado por alunos do Colégio Rainha Dona Leonor, nas Caldas da Rainha, para o qual foi convidado Nuno Júdice. Já tinha tido a oportunidade de estar com ele em Leiria, durante o II Encontro de Escritores da Língua Portuguesa, embora colocados em debates diferentes. Desta vez, coube-me a sorte de o apresentar e conduzir uma pequena entrevista, com a ajuda do meu amigo Rui Calisto, perante os olhares atentos dos alunos.

Aliás, uma das observações mais interessantes que faço deste encontro é precisamente a atenção demonstrada por aquele grupo de jovens, cujas idades variavam entre os 15 e os 17 anos. Paesar dos jovens estarem afastados da leitura, são sessões como esta que podem ajudar a haver uma reaproximação às palavras e ao universo da literatura, com tudo o que tem de mágico, libertador e fascinante.

Confesso-me fã da poesia de Nuno Júdice, pois a sua escrita é extremamente sensorial, não embarcando em excessos de sentimentalismo e olhando para os pequenos pormenores da existência, da vida quotidiana e das pessoas com um olhar atento e racional, mas que nem por isso deixa de ser extremamente melódico e poético.

Apresentar um autor da dimensão de Nuno Júdice é sempre um desafio. No meio da apresentação da sua obra, atrevi-me a contar aos alunos que, quando leio a sua poesia, tenho sempre a sensação de ver o poeta sentado no meio de um turbilhão de pessoas e acontecimentos, atento, olhando em redor, tomando notas e reparando nos pormenores, nos valores e nos sentimentos a que, muitas vezes, não damos atenção, mas que fazem parte de todos nós. Nuno Júdice acabaria por concordar com esta imagem, admitindo que isso acontece muitas vezes, que frequentemente se encontra a observar o que há em redor com esse olhar felino e atento.

Depois da apresentação, foi a vez da pequena entrevista, onde Nuno Júdice explicou aos alunos como é que escreve um poema, salientando que não acredita na “pura inspiração, mas sim no trabalho, dia após dia”. Contou diversas histórias do seu passado literário e comentou o estado actual da poesia e da literatura portuguesa, negando que a poesia seja mal tratada pelos leitores em Portugal, já que, em outros países como França ou Itália, com muitos mais leitores, se vende menos poesia do que em Portugal.

Obviamente que não resisti e pedi-lhe que lesse em voz alta o belíssimo "Pedro Lembrando Inês" (publicarei no próximo post para quem não o conhece), ao que ele acedeu, causando comoção nos presentes. No final, ainda leu um poema do seu novo livro que, brevemente, irei postar aqui.

Destaco ainda que, já que a pintura é uma das suas paixões, Nuno Júdice tem um blogue onde cria poemas a partir de quadros. Esse blogue pode ser visitado aqui.

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