13/11/2003

Racismo e Imigração

Vejo um interessante documentário no Odisseia sobre o racismo dos portugueses em relação aos imigrantes. Apesar de não ser um caso ainda grave, mesmo com ministros de extrema-direita como o vergonhoso Paulo Portas, espanta-me que haja portugueses que olhem de lado aqueles que vêm de longe em busca de novas oportunidades, num acto de coragem que devia ser mais reconhecido. Muitas vezes, o argumento usado é o de que os estrangeiros roubam os postos de trabalho aos nossos trabalhadores. No entanto, a verdade é que, exceptuando os casos óbvios de doença ou de graves carências e problemas familiares (o que, obviamente, não pode ser imputado aos estrangeiros), muitas das vezes, a população desempregada portuguesa tem esse estatuto porque não aceita trabalhos ditos menos nobres, como a construção civil, as limpezas, etc. Ou então, por causa da débil situação financeira de algumas empresas, resultado do desastre económico nacional e, também, da incapacidade de alguns gestores (o que, também, obviamente, não pode ser imputado aos estrangeiros).
Além disso, toda a gente sabe que um país é tanto mais rico quanto maior e mais diversificada for a sua cultura. A vinda de imigrantes com visões e ideias diferentes, a serem bem recebidas e acolhidas de forma inteligente, pode revelar-se o salto qualitativo em termos culturais de que Portugal bem necessita, numa altura em que estamos completamente submersos na fofoquice e no voyerismo, na música pimba e nas anedotas ordinárias, nos escândalos e na corrupção.
E é preciso lembrar que muito do desenvolvimento económico do País deveu-se, nas décadas passadas, às divisas enviadas pelos emigrantes portugueses no estrangeiro. É preciso falta de carácter para recusarmos aos outros aquilo que, para nós, foi uma solução.
É claro que há imigrantes que não se integram, que acabam por se tornar marginais. Mas isso também acontece com portugueses. Há pessoas boas e más em todos os lados, em todas as classes. É claro que, muitas vezes, os imigrantes reunem-se em grupos e sentem alguma dificuldade em dar-se com os portugueses. Pudera, se estão num país completamente diferente, onde não conhecem nada. O que é necessário é criar condições para que se consigam sentir bem e à vontade, de forma a não haver separações.
Enfim, o que eu acredito é que cada pessoa deve ter a oportunidade de mostrar o que vale. Seja no seu País ou em outro qualquer.

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