19/11/2003

Ainda sobre o post Chacina de Cães II

O anterior post sobre este assunto (é só andar mais para baixo no blog) mereceu vários comentários dos visitantes deste espaço de conversa virtual. Tal facto deixou-me, obviamente, orgulhoso, até pela importância do tema. E aproveito agora para responder a alguns deles. O amigo Carlos Faustino diz que está farto de "ouvir as pessoas a queixarem-se deste tipo de situações. Não será melhor perder tempo a sensibilizar as pessoas a não abandonar os animais e denunciar estes casos às entidades responsáveis para tomar as medidas adequadas e sancionar aqueles que de facto são os criminosos??".
Tem toda a razão. E, por isso mesmo, é que se me sinto feliz por poder acrescentar as novidades existentes sobre o caso. Segundo informações de pessoas ligadas ao canil, desde que a notícia estourou na comunicação social, nunca houve tanta gente a deslocar-se até ao local para adoptar animais. Só ontem, uma pessoa do Algarve foi ao canil de Torres Vedras buscar sessenta! Ou seja, afinal de contas, vale a pena criticar, denunciar. É esse o importante papel, tão incompreendido, do jornalista. Não é um prazer mórbido de dar más notícias. É o dever de denunciar o que está mal para que, quem não sabe, seja avisado.
De resto, quanto à sensibilização das pessoas, concordo plenamente que seja o passo mais importante. Aliás, em qualquer caso, é sempre mais importante atacar o problema pela raíz e preveni-lo do que remediá-lo quando o mal acontece (isto levava-me a outra conversa que fica para outro post, noutro dia).
Mas a sensibilização, num País como Portugal, onde as pessoas não sabem ainda como lidar bem com a extraordinária novidade que é ter liberdade de acção (tão recente), torna-se difícil, uma vez que acabam sempre por sentir qualquer palavra exterior como uma ordem, como um momento em que alguém tenta intrometer-se no seu livre arbítrio. Ainda temos muito que aprender nesse campo. E, então, às vezes, é apenas em momentos de choque, como este, que se consegue chamar a atenção da massa crítica. E, agora sim, apelar a que não se abandone os animais. Apelar a que se castre os animais quando não há condições de ter mais nenhum. Apelar a que se trate bem deles.
Porque as pessoas já estão alertas para o problema. Porque já sabem da existência dele. Porque já se chocaram, já se indignaram. Afinal de contas, o problema é todo esse: é preciso conseguir que as pessoas se indignem para que algo possa ser feito depois.

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