01/11/2006

Ainda "Os Grandes Portugueses"

Ao contrário do que alguns críticos dizem, o resultado deste programa jamais será representativo do que a população portuguesa sente sobre a sua história, até porque a própria população não tem realmente noção da sua História. Como disse muito bem Eduardo Lourenço, este programa vai demonstrar sim a “ignorância” que existe em relação a quem somos, às grandes figuras que lutaram pela nação, pela liberdade, pelo progresso, não apenas português, mas mundial, pois fomos uma nação que descobriu mundos e que forneceu muitos ideais e ciências a toda a humanidade.

Também, os primeiros gráficos projectados pela RTP sobre as votações mostram que há claras diferenças de participação nas votações por parte das várias faixas etárias, o que impede o resultado de ser representativo.

Mas, independentemente do resultado final, o “Grandes Portugueses” servirá pelo menos para trazer à boca dos portugueses a história do nosso País, bem como alguns nomes menos falados habitualmente, para contar algumas histórias do nosso passado, para reviver grandes momentos e, espero, para elevar um pouco a nossa auto-estima e sentimento de patriotismo, numa altura em que nos esquecemos realmente de quem fomos e, consequentemente, de quem somos.

Mas, mesmo falando apenas dos grandes vultos nacionais, é injusto comparar personalidades de áreas completamente diferentes. Eu, como escritor, valorizo, por exemplo, Saramago acima de José Malhoa e Fernando Pessoa acima do Marechal Spinola. Mas serão comparações possíveis de se fazer, uma vez que cada um desempenhou papéis tão diferentes?

Mas, já agora, por curiosidade, num exercício meramente lúdico, pois os critérios de escolha são demasiado díspares e a história portuguesa e os vários contextos de cada época são demasiado ricos para serem reduzidas a uma votação, aqui ficam os onze portugueses (não consigo reduzir a lista a dez) que eu eventualmente escolheria, não necessariamente pela ordem apresentada: “D. Dinis, Infante D. Henrique, D. Sebastião, Luiz Vaz de Camões, Fernando Pessoa, Eça de Queiroz, Agostinho da Silva, Humberto Delgado, Amália Rodrigues, Zeca Afonso e Belmiro de Azevedo”.

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