18/10/2006

Quando eu chego em casa...

Há um CD que me marcou desde a primeira vez que o ouvi e me toca profundamente sempre que o ouço. Não sei se é o facto de se tratar da junção de dois dos maiores artistas de sempre, se é a sonoridade (as batidas são hipnotizantes), se a voz melodiosa de um em contraste com a voz algo seca do outro, se os poemas magníficos,não sei. Mas a verdade é que o concerto que Chico Buarque e Caetano Veloso deram ao vivo na década de 70 e que imortalizaram em disco, é, para mim, uma das maiores obra-primas da música.

E nem sei o que dizer daquela fusão que eles fazem, fantástica em termos de significado e de ironia, dos temas "Você não entende nada" e "Quotidiano".

E para quem não conheça, aqui fica o poema da primeira música...

"Você não entende nada" (Caetano Veloso)

Quando eu chego em casa nada me consola, você está sempre aflita
Lágrimas nos olhos de cortar cebola, você é tão bonita
Você traz a coca-cola, eu tomo
Você bota a mesa, eu como, eu como, eu como, eu como, eu como
Você
não tá entendendo quase nada do que eu digo
Eu quero é ir-me embora, eu quero dar o fora
E quero que você venha comigo
Eu me sento, eu fumo, eu como, eu não agüento, você está tão curtida
Eu quero é tocar fogo neste apartamento, você não acredita
Traz meu café com suita, eu tomo
Bota a sobremesa, eu como, eu como, eu como, eu como, eu como
Você
tem que saber que eu quero é correr mundo, correr perigo
Eu quero é ir-me embora, eu quero é dar o fora
E quero que você venha comigo

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