A minha gata está grávida e, ao que parece, com muitos filhotes dentro de si. É o que diz quem sabe, a ver pelo tamanho da barriga e pela forma esforçada como se move de um lado para o outro.
Mas o que mais me fascina é a calma que ela aparenta. A Sophia (de Mello Breyner) deixa-se estar dias e noites quieta, movendo-se apenas para comer e vir saudar-me quando chego a casa. O olhar dela transmite uma serenidade impressionante, o que espanta quem sabe que aquela gata ainda nem chegou a fazer um ano e pouco mais conhece do que o meu apartamento e o seu companheiro gato (Eugénio de Andrade).
É esse instinto que é fantástico, que faz com que ela fique calmamente e durante dias à espera do momento em que vai dar à luz e, ainda por cima, lhe ensina, sem palavras ou exemplos, tudo aquilo que vai ter que fazer na altura certa.
É por isso que olho para ela e vejo tanta sabedoria. E pergunto-me se será mesmo verdade que nós também temos essa capacidade e acabamos por ser cegos ao que está dentro de nós, preocupando-nos apenas com o que vemos com os olhos.
13/10/2003
A estranha calma
Publicada por Luís Costa Pires à(s) 15:29
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