Escandalosa, vergonhosa e triste, a desgraça que teve lugar em Ermesinde, onde um pai matou a filha de trinta meses, à custa de abusos sexuais.
E se o caso já é grave só por si, mais grave ainda se torna quando é sabido que a criança fora entregue aos cuidados do pai pela Segurança Social, quando este já era arguido num processo por violação de uma outra criança, desta vez com quinze anos.
Apesar do próprio caso já demonstrar a loucura que lavra na mente de algumas pessoas, o que torna todos os cenários possíveis, não quero acreditar que algum técnico da Segurança Social fechasse deliberadamente os olhos a uma situação destas. Acredito antes que se tenha tratado de um caso de incapacidade de análise motivada pelo excesso de processos e de trabalho.
E preparem-se porque, com os cortes orçamentais na área social, as coisas vão piorar ainda mais e casos como estes vão começar a aparecer com mais frequência. É que doentes mentais como este existem muitos e, em determinados locais, a marginalidade atinge proporções que não passa pela cabeça daqueles que vivem confortavelmente no seu apartamento no centro da cidade. E a verdade é que é impossível lidar com estes casos quando, em determinados concelhos existem duas pessoas nessas funções para uma população de cerca de trinta mil pessoas (e onde uma delas será despedida brevemente por culpa dos cortes orçamentais).
Numa área como esta, onde cada caso necessita de uma atenção imensa por parte dos técnicos sociais, é impossível exigir maior eficiência quando o Ministro despede pessoal qualificado e já integrado no esquema, como eu já referi aqui neste blog num dia anterior.
Não me importa que me digam que sou politicamente incorrecto: eu quero lá saber do alargamento da União Europeia ou dos três mil mancebos a marcharem todos bonitos à frente do Ministro. Quero lá saber dessas coisas todas enquanto o Governo do meu País não conseguir impedir que crianças de 30 meses morram de abusos sexuais nas mãos dos pais com antecedentes criminosos. Enquanto o Governo do meu País não olhar mais para as pessoas que o constituem e deixar de olhar para os números.
20/10/2003
A culpa irá morrer solteira
Publicada por Luís Costa Pires à(s) 10:24
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