12/11/2007

A má educação de Chávez


(I)

Tenho dado acrescida atenção nos últimos dias à cena política internacional e à história de algumas grandes figuras da política no passado, os grandes líderes que, durante os tempos, conseguiram mudar o mundo.

E, no meio dessa investigação, pensava para com os meus botões que já não existem grandes líderes, que os políticos de hoje são homens medíocres, incapazes de lutar verdadeiramente por uma causa ou de revolucionar o mundo. Limitam-se a gerir a economia e a lutar por interesses, ainda que sigam uma plataforma e um ideal.

E então constantemente vejo também notícias sobre Hugo Chávez. O presidente venezuelano, que tem um passado revolucionário e duvidoso, que, apesar da fachada democrática não passará de um ditador, não é um bom exemplo de homem, acredito eu. É mal educado, é agressivo, desagradável e fundamentalista. E perigoso. Aliás, isso mesmo se viu pela forma como ofendeu o ex-primeiro ministro Aznar na conferência ibero-latina que se realizou nos últimos dias, ao ponto de provocar a ira (!) do sempre pacífico rei Juan Carlos I.

Mas por outro lado, leio num semanário que Chávez criou na Venezuela uma enorme estrutura de produção e criação de cinema e que o estado venezuelano se prepara para apoiar largamente a produção de longa-metragens naquele País. Tudo em nome da cultura. Uma vez que, segundo dados do governo venezuelano, mais de 90 por cento do cinema que se vê na América Latina, é proveniente dos Estados Unidos e que é preciso voltar a lembrar ao povo que existe uma cultura própria local.

Chávez tem razão. A cultura americana, de que eu sou particularmente fã, invade em demasia todo o mundo. E cada uma das culturas locais desfaz-se. E isso, independentemente de se gostar dos filmes, da literatura, da música, do lifestyle, não pode acontecer. Em Portugal, isso é evidente, como falarei no post seguinte.

Chego à conclusão: Chávez é uma besta. Mas, provavelmente, será dos poucos políticos mundiais capazes de fazer a diferença se tiver oportunidade. Ainda que seja fundamentalista e arrogante. Ainda que seja incómodo à Europa e aos EUA. Aquele homem luta pelos seus ideais e está disposto a morrer por eles.

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