12/11/2007

A identidade nacional

(II)

Na RTP Memória vi um antigo episódio do "Hermanias", um dos primeiros programas de Herman José. Em cerca de 10 minutos, consegui contar mais de seis piadas com referências culturais que, presumo eu, hoje poucos conseguiriam perceber, mas que, se eram usadas no programa com maior popularidade, eram entendidas pela maior parte do público da altura. Piadas que metiam escritores, letristas, pintores, nomes como Natália Correia, Lídia Jorge, Fernando Pessoa, Cargaleiro, Mário Cláudio, entre outros.

Depois, novo programa da RTP Memória mostrava uma homenagem em teatro a João Vilarett. Pouco depois, ouço a "Desfolhada", de Simone de Oliveira, devidamente referenciados os seus autores, Nuno Nazareth Fernandes e José Carlos Ary dos Santos. Ou seja, há poucos anos, o público português conhecia autores nacionais, sabia quem compunha as músicas, quem escrevia os poemas, dava valor ao que era produzido aqui, conhecia os seus autores. Havia uma identidade portuguesa que ia além de cantar o hino antes dos jogos de futebol e colocar bandeiras à janela durante o Europeu.

O que nos aconteceu entretanto? Por que razão já não damos valor aos nossos autores, aqueles que transportam para a arte a realidade, o espírito e a forma de ser português? Será que o preço da liberdade é não termos identidade? Será que só a cultura que vem dos Estados Unidos, que como já referi no post anterior ( que aconselho ler para melhor entender este), também me agrada bastante, é boa?

Ou será que os portugueses são hoje menos sensíveis e inteligentes do que eram há anos atrás? O que se passa? E como resolver isto?

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