09/12/2009

Os Substitutos - Opinião sobre o filme

Apesar de muitas vezes explorado, o tema de “Os Substitutos” apresenta-se como cada vez mais actual e necessário na sociedade contemporânea. Desde o “1984” de Orwel até ao “Matrix” dos Irmãos Wachowski, passando por “Equilibrium” (fabuloso e pouco conhecido filme com Cristian Bale, Dominic Purcel e Sean Bean), o tema do re-despertar de uma sociedade adormecida e robótica em direcção ao regresso à humanidade tem sido uma constante nas obras de ficção científica.

Talvez porque os autores percebem como estamos cada vez mais dependentes da tecnologia, como cada vez mais nos esquecemos das nossas verdadeiras origens, nos colocamos mais longe dos sentimentos e desligamos da verdadeira ligação com os outros, entrando numa espiral de narcisismo e busca exagerada de status e conforto. Essa tendência, com o passar do tempo e o progresso das tecnologias, poderá tornar-se no mundo tenebroso que todas as estas obras retratam, onde o ser humano passará a ser completamente robotizado e sem qualquer capacidade de humanização.

No caso, “Surrogates” acrescenta uma outra dimensão ao problema e trata-o de uma forma original. Com a criação de versões robóticas de cada um de nós, possibilitando a cada um desfrutar a vida, indirectamente, através do conforto e segurança da sua casa, deitados com electrodos ligados à cabeça, acrescenta-se o tema da vaidade extrema e do narcisismo, pois todos os novos “robots” pessoais são fisicamente perfeitos, fortes, sem defeitos de espécie alguma, transformando a sociedade numa grande mansão da Barbie. Ou, se quisermos ir ainda mais longe, trazendo para uma realidade mais próxima e destorcida na sua intenção fenómenos como o jogo online “Second Life”, onde cada jogador desenvolve uma personagem virtual onde poderá fazer tudo o que quiser e ser aquilo com que sempre sonhou, vivendo numa sociedade constituída por outros jogadores de todas as partes do mundo, com uma economia própria, dinheiro real, eventos, etc.

Bruce Willis - que, apesar de não atingir o brilhantismo de outros filmes, tem um bom desempenho - é um agente da FBI que, ao investigar o assassinato do filho do criador de todo o novo sistema de Robots, começa a perceber como a humanidade está agora diferente. A partir dessa investigação, uma série de eventos, traições e revoluções vão acontecer, até que, no final, se decidirá o que é melhor: a perfeição de uma vida cheia de mentiras, frieza e máscaras, ou a imperfeição de sermos humanos e sentirmos cada pequena coisa à nossa volta.

De resto, destaque positivo para os efeitos especiais e para a excelente caracterização dos personagens, bem como à expressividade dos vários actores que representam os robots, aparentemente felizes mas completamente sem vida.

1 comentário:

Katiana disse...

Oi!
Não comento o filme porque não o vi, ainda.
No entanto, concordo com o tema abordado no filme. Acredito que caminhamos para uma sociedade individualista e do faz-de-conta. As novas tecnologias têm contribuindo muito.
Espero não viver o suficiente para substituir um abraçar caloroso e gostoso de um ser quente com um frio de um robot.
Bjs