08/06/2008

Obama, McCain e a fuga para Marte

Hillary Clinton abandonou a campanha e anunciou todo o seu apoio a Barack Obama, depois de, recentemente, terem participado ambos numa reunião privada. Nesta reunião Obama terá certamente prometido um lugar de destaque no próximo governo à ex-primeira-dama americana e esta, vendo a derrota aproximar-se, terá resolvido aceitar.

Esta é uma excelente notícia até porque, em determinados momentos da campanha, cheguei a temer que os americanos dessem um voto de confiança a Hillary. Mas, felizmente, será Obama a defrontar o decrépito republicano John McCain nas eleições para presidente americano e, certamente, sairá vitorioso. McCain não tem nem o carisma nem o vigor para esgrimir argumentos com o jovem, reformador e moralizado Obama. Aliás, basta olhar para um dos últimos discursos de McCain onde fala da necessidade de investir cada vez mais nos projectos espaciais da NASA, para que, daqui a 30 anos, o Homem possa aterrar em Marte.

Não sei se é falta de visão estratégica minha, mas parece-me que, apesar da colonização espacial ser um tema muito interessante, há coisas mais importantes para tratar neste momento, como tentar arranjar alternativas quanto às energias, nomeadamente o petróleo, garantir a segurança das nações, recuperar o degradado estado ambiental do planeta, combater a pobreza e o analfabetismo funcional, entre muitas outras.

Ou será que McCain já desistiu simplesmente do planeta Terra e acha melhor investirmos em formas da população terrestre sair daqui e tentar tudo de novo noutro planeta diferente?

Ler o resto do post...

04/06/2008

Livro com dedicatória especial

A minha amizade com o poeta Paulo Ferreira Borges tem uma história curiosa. Conhecemo-nos há coisa de oito anos, numa altura em que eu trabalhava num jornal regional e era responsável pela área cultural da publicação. Na ocasião, o Paulo Ferreira Borges acabava de vencer o Grande Prémio de Revelação em Poesia da Associação Portuguesa de Escritores com o livro "Para tentear a desmesura" (Difel 2002) e eu entrevistei-o. A amizade gerou-se imediatamente, com muitas conversas sobre livros e sobre a vida em geral onde ele, com o seu eterno ar de "misticismo realista" (ele vai rir quando ler isto) me levou também a perceber um pouco mais de poesia.

Acompanhei por isso, com imensa alegria, ainda nesse mesmo ano, a publicação do seu segundo livro, maravilhoso, "A água materna dos poentes" (Hugin 2002), que também foi premiado, desta vez com o Prémio Fernando Pessoa.

Depois, colaborámos num projecto muito interessante. A convite do então vereador da Câmara Municipal das Caldas da Rainha, Jorge Mangorrinha, iniciámos a escrita de uma novela chamada "A Praça dos Artistas", passada na cidade termal, mas numa praça imaginária, onde os personagens representam figuras tipo da história caldense. A novela foi publicada em capítulos num boletim cultural da autarquia, com cada um de nós a escrever um capítulo intercaladamente e sem falarmos um com o outro sobre o assunto para a surpresa sobre o enredo ser absoluta.

Seguiram-se três anos de silêncio. De escrita, claro, pois várias foram as vezes em que nos encontrámos e trocámos impressões, embora na verdade não tantas como dantes. Mas agora os projectos voltam em grande. O Paulo Ferreira Borges, que terá brevemente uma série de novidades, acabou de editar mais um livro, este agora numa edição mais caseira, mas que terá em breve uma nova roupagem. Trata-se do livro de poesia "Do Tempo Sitiado - geopoemas s/d", publicado pela Textiverso.

É um livro que me levanta muitas memórias pois lembro-me de ter lido muitos dos poemas antes de serem publicados, ainda escritos a esferográfica. O Paulo dava-mos a ler nos nossos cafés ao final da tarde ou início de noite, enquanto eu lhe mostrava alguns esboços dos meus trabalhos de ficção. E, como se não bastasse a alegria de ver este novo livro nascer e de reconhecer alguns dos versos, o Paulo Ferreira Borges honrou-me ao dedicar um dos poemas do livro, chamado "Penar Baji", lembrando as nossas grandes conversas sobre o destino e o divino.

Deixo aqui, emocionado, o poema. Brevemente colocarei outros poemas do mesmo autor. E poderão perceber a razão do Paulo Ferreira Borges ter ganho dois prémios tão importantes com os dois primeiros livros que publicou.

Penar Baji

Investiga-me a sorte, lê-me
a sina, como se estivesse manus-
crita no papiro das sacradas
escravaturas ou no pergaminho
de um novo fundamento. Murmura,
podes murmurar o ensalmo certo,
o canto de um cometa que saiba tudo
de mim, distantemente de mim.
Desborda-me a vida, como faz o dique
para descrever no pó a viagem seminal
das irrigações. Ouvirei a tua ciência
maldita, bebida no cálice dos loucos
e dos visionários. Depois, devolve-me
a mão, o que nela se prescreve, e parte,
dissolve-te no crepúsculo, com ar
de bajibaora a rogar-me uma praga
de sorrisos. Saber-se-à
nessa tua ciência oriunda dos astros,
que numa noite, numa só noite,
o vento apaga todos os vestígios?

Caldas da Rainha, Pastelaria Machado, s/d

Ler o resto do post...

Dois prémios de teatro

Fiquei orgulhoso ao tomar conhecimento do grande feito do meu caríssimo amigo Bruno Schiappa, actor, encenador e dramaturgo (e tenho que acrescentar apreciador de Monty Python e outras comédias brilhantes, o que nos anima sempre nos jantares em que convivemos).

Acontece que o Bruno ganhou dois galardões na atribuição dos prémios do público do Guia do Teatro 2007. Numa cerimónia apresentada por Vítor de Sousa e Cátia Garcia, Bruno Schiappa venceu os prémios das categorias de Melhor actor num Papel Secundário e Melhor Espectáculo Solo, pela sua participação nas peças "Presos no Gelo" e "Imortal".

O Bruno Schiappa está por isso de parabéns e espero ansiosamente por poder vê-lo em novos projectos. Para já, aconselho todos os leitores do blog a não perderem os espectáculos da autoria deste homens dos sete ofícios, que também dá aulas no Chapitô e que tem uma mente criativa prodigiosa e provocadora.

Mas, como o Bruno não foi o único premiado nesta cerimónia, deixo aqui a lista completa dos galardões atribuídos, lista essa retirada do Notícias da Manhã:

Melhor Coreografia: Amélia Bentes, em «Cabeças no Ar» | 2 – Melhor Cenografia: José Manuel Castanheira, em «A Filha Rebelde» | 3 – Melhores Figurinos: Storytailors, em «Ricardo II» | 4 – Melhor Desenho Luz: Filipe La Féria e João Fontes, em «Jesus Cristo Superstar» | 5 – Melhor Musica Original: Fernando Mota, em «Por Trás dos Montes» (não esteve presente) | 6 – Melhor Direcção Musical: Telmo Lopes, em «Música no Coração» | 7 – Melhor Sala de Teatro: Maria Matos Teatro Municipal (recebe o prémio uma representante do teatro) | 8 – Melhor actriz num Papel Secundário: Beatriz Batarda, em «quando o Inverno Chegar» | 9 - Melhor actor num Papel Secundário e Melhor Espectáculo Solo: Bruno Schiappa, em «Presos no Gelo» | 10 – Melhor Tradução: «Sweeney Todd – O terrível barbeiro de Fleet Street» | 11 – Melhor Actor: Simão Rubim, em «As Vampiras Lésbicas do Sodoma» | 12 – Melhor Actriz: Maria João Luis | 13 – Prémio Make Up For Ever Melhor Actor Revelação: Hugo Rendas, em «Jesus Cristo Superstar», «Principezinho» e «Música no Coração» | 14 – Melhor Elenco Conjunto: Teatro Praga, em «O Avarento ou a Última Festa» | 15 – Melhor Espectáculo Infantil: Fernando Gomes, em «O barbeiro de Sevilha» | 16 – Melhor Texto Original Português: «A Minha Mulher», de José Maria Vieira Mendes (não esteve presente) | 17 – Melhor Musical: «Musica no Coração», de Filipe La Féria | 18 – Melhor Encenador: Luís Miguel Cintra, em «Tragédias de Júlio César» | 19 – Melhor Peça: «As Vampiras Lésbicas do Sodoma», de Juvenal Garcês

Ler o resto do post...