28/10/2009

Vasco Graça Moura

Ainda sobre "Caim", excelente e esclarecedor post de Vasco Graça Moura no DN de hoje. Aconselho a leitura aqui.

25/10/2009

Saramago, Caim e os pecados de Deus

Ainda não li o novo romance de Saramago e confesso que não planeio lê-lo. Mas por nenhuma razão em especial, nada tenho contra o tema e jamais iria intrometer-me na liberdade criativa de um autor. Não o lerei apenas porque o tema não me interessa no momento e já conheço o que queria sobre a história de Abel e Caim.

É precisamente por conhecer o referido episódio, bem como muitos outros contidos nos primeiros livros do Antigo Testamento da Bíblia, que eu não compreendo onde está toda a polémica com o romance. E, baseando-me não no romance, mas nas declarações públicas do autor, só realmente quem não tiver lido, por exemplo, o Génesis, é que poderá não perceber o que Saramago quer dizer quando defende que o Deus representado no Antigo Testamento não é de fiar, é cruel e malicioso. Concordo perfeitamente. Aliás, por diversas vezes já discuti isso com amigos e já foquei o assunto em algumas crónicas no passado, como por exemplo num pequeno texto sobre o sacríficio de Isaac, neste mesmo blogue.

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22/10/2009

Uma poça de água

Com a chuva, aparecem no chão as primeiras poças de água do ano. Ontem, ao deparar-me com uma particularmente grande, pensei, aborrecido, que não tinha outra forma de passar a rua senão molhando os pés. Fi-lo contrariado, maldizendo a minha sorte.

E foi então que percebi como a idade nos transforma, nem sempre da melhor maneira.

Há vinte e poucos anos atrás, se me deparasse com uma poça daquele tamanho, não ficaria aborrecido nem incomodado. Em vez disso, olharia para ela, veria nas suas águas paradas o reflexo das casas, das árvores e do céu escuro, e ela deixaria de ser apenas uma poça para se transformar num violento oceano ou num lago tenebroso cheio de mistérios por desvendar. E eu já não seria apenas um menino a tentar passar para o outro lado da rua; seria antes um valente aventureiro que se prepara para enfrentar todo aquele mar. E, quando finalmente passasse para o outro lado, não estaria incomodado com as meias e os sapatos molhados.

Sentiria sim um orgulho enorme, uma sensação de dever cumprido. Provavelmente parecido com o que sentiu Gil Eanes ao dobrar o Bojador. Ou Cabral quando descobriu o Brasil.

Mas, agora, com tanto aborrecimento por algo tão simples e pensamentos tão adultos e responsáveis, já não sou nenhum intrépido navegador.

Agora sou apenas um velho do Restelo.