Participei num encontro organizado por alunos do Colégio Rainha Dona Leonor, nas Caldas da Rainha, para o qual foi convidado Nuno Júdice. Já tinha tido a oportunidade de estar com ele em Leiria, durante o II Encontro de Escritores da Língua Portuguesa, embora colocados em debates diferentes. Desta vez, coube-me a sorte de o apresentar e conduzir uma pequena entrevista, com a ajuda do meu amigo Rui Calisto, perante os olhares atentos dos alunos.
Aliás, uma das observações mais interessantes que faço deste encontro é precisamente a atenção demonstrada por aquele grupo de jovens, cujas idades variavam entre os 15 e os 17 anos. Paesar dos jovens estarem afastados da leitura, são sessões como esta que podem ajudar a haver uma reaproximação às palavras e ao universo da literatura, com tudo o que tem de mágico, libertador e fascinante.
Confesso-me fã da poesia de Nuno Júdice, pois a sua escrita é extremamente sensorial, não embarcando em excessos de sentimentalismo e olhando para os pequenos pormenores da existência, da vida quotidiana e das pessoas com um olhar atento e racional, mas que nem por isso deixa de ser extremamente melódico e poético.
Apresentar um autor da dimensão de Nuno Júdice é sempre um desafio. No meio da apresentação da sua obra, atrevi-me a contar aos alunos que, quando leio a sua poesia, tenho sempre a sensação de ver o poeta sentado no meio de um turbilhão de pessoas e acontecimentos, atento, olhando em redor, tomando notas e reparando nos pormenores, nos valores e nos sentimentos a que, muitas vezes, não damos atenção, mas que fazem parte de todos nós. Nuno Júdice acabaria por concordar com esta imagem, admitindo que isso acontece muitas vezes, que frequentemente se encontra a observar o que há em redor com esse olhar felino e atento.
Depois da apresentação, foi a vez da pequena entrevista, onde Nuno Júdice explicou aos alunos como é que escreve um poema, salientando que não acredita na “pura inspiração, mas sim no trabalho, dia após dia”. Contou diversas histórias do seu passado literário e comentou o estado actual da poesia e da literatura portuguesa, negando que a poesia seja mal tratada pelos leitores em Portugal, já que, em outros países como França ou Itália, com muitos mais leitores, se vende menos poesia do que em Portugal.
Obviamente que não resisti e pedi-lhe que lesse em voz alta o belíssimo "Pedro Lembrando Inês" (publicarei no próximo post para quem não o conhece), ao que ele acedeu, causando comoção nos presentes. No final, ainda leu um poema do seu novo livro que, brevemente, irei postar aqui.
Destaco ainda que, já que a pintura é uma das suas paixões, Nuno Júdice tem um blogue onde cria poemas a partir de quadros. Esse blogue pode ser visitado aqui.
25/05/2008
Encontro com Nuno Júdice
Publicada por Luís Costa Pires à(s) 02:14 0 comentários
24/05/2008
A Rosacruz e Portugal
No dia 17 de Maio desloquei-me até ao Bombarral onde, numa nova livraria chamada "Caneta Azul", cumpri a minha missão de apresentar o livro "A Rosacruz e Portugal", do meu caro amigo Delmar Domingos de Carvalho, autor de inúmeras obras de investigação e ensaios. Esta foi a segunda apresentação do livro, que foi lançado oficialmente numa outra cerimónia a que também assisti e que teve lugar no Convento de Cristo, local bastante focado no próprio livro pela sua temática templária.
Não sou, de facto, um estudioso profundo do tema Rosacruz, mas as minhas leituras em áreas que o tocam, como o estudo das religiões, do esoterismo, da história, do templarismo, etc, levaram o Delmar a fazer-me este convite que muito me honrou, até porque foi já a segunda vez que apresentei um livro seu, depois de "A Flor da Esperança" (Hugin Editores), há uns valentes anos atrás.
Quanto ao livro, aconselho claro que o leiam. Fala de uma forma leve e não demasiadamente profunda, para que os leigos da matéria possam perceber o que lá está escrita, das relações entre a filosofia da escola de pensamento Rosacruz e a história de Portugal, a forma como esta terá influenciado alguns dos nossos grandes vultos culturais, sociais e políticos, e também de que forma está presente nos nossos monumentos.
Mas, acima de tudo, é um livro que fala de valores universais que se vão perdendo com o tempo. Os tais valores que, segundo a teoria do Quinto Império, irão ajudar a criar um dia esse reino de paz, harmonia e cultura que apregoaram o Padre António Vieira, Bandarra, Fernando Pessoa e Agostinho da Silva.
Um tema a estudar, sem dúvida. A bem de cada um de nós e do mundo.
Publicada por Luís Costa Pires à(s) 02:57 1 comentários
22/05/2008
Coisas de que gosto (II)
Em quem pensar, agora, senão em ti? Tu , que
me esvaziaste de coisas incertas, e trouxeste a
manhã da minha noite. É verdade que te podia
dizer: « Como é mais fácil deixar que as coisas
não mudem, sermos o que sempre fomos, mudarmos
apenas dentro de nós próprios?» Mas ensinaste-me
a sermos dois; e a ser contigo aquilo que sou,
até sermos um apenas no amor que nos une,
contra a solidão que nos divide. Mas é isto o amor;
ver-te mesmo quando te não vejo, ouvir a tua
voz que abre as fontes de todos os rios, mesmo
esse que mal corria quando por ele passámos,
subindo a margem em que descobri o sentido
de irmos contra o tempo, para ganhar o tempo
que o tempo nos rouba. Como gosto, meu amor,
de chegar antes de ti para te ver chegar: com
a surpresa dos teus cabelos, e o teu rosto de água
fresca que eu bebo, com esta sede que não passa. Tu:
a primavera luminosa da minha expectativa,
a mais certa certeza de que gosto de ti, como
gostas de mim, até ao fim do mundo que me deste.
Nuno Júdice
Pedro, lembrando Inês
Publicada por Luís Costa Pires à(s) 02:41 2 comentários
21/05/2008
Um mês sem internet
Uma mudança de casa levou-me a ficar sem internet durante quase trinta dias. Os senhores do MEO garantiram-me que instalavam o sistema em menos de dez, mas parece que as adesões têm sido muitas e a coisa atrasou-se. Ou então foi o Ricardo Araújo Pereira que não quis largar o comando...
De qualquer forma, o serviço é fantástico. Acho que é a primeira vez que encontro um produto cujas qualidades ultrapassam a publicidade que se faz na televisão.
E agora, depois das mudanças e com tudo instalado, o regresso ao ritmo normal e aos posts.
Publicada por Luís Costa Pires à(s) 02:12 0 comentários
20/05/2008
WOK no novo Centro Cultural
Foi inaugurado, no dia 15 de Maio, na minha cidade de Caldas da Rainha, o Centro Cultural e de Congressos. Trata-se de uma mega infraestrutura cultural constituída por um grande auditório com 660 lugares, um pequeno com 100, uma excelente sala de exposições, um café concerto e um espaço envolvente muito agradável. É uma estrutura que já fazia muita falta à cidade das Caldas da Rainha, nos últimos anos injustamente apelidada de "Cidade da Cultura". Agora poderá voltar a ter direito a esse título, pois este grande Centro Cultural está ao nível de qualquer sala de espectáculos de Lisboa ou Porto.
Depois da inauguração oficial e dos discursos, com a presença do Senhor Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, assisti ao concerto de inauguração, com António Pinho Vargas a brindar os presentes, engravatados e sorridentes, com um belíssimo momento ao piano.
Mas foi à noite que me encantei verdadeiramente, ao assistir ao espectáculo de percussão "Wok - Ritmo Avassalador", dos Tocarufar. Trata-se de um espectáculo na verdadeira acepção da palavra. Com os seus trajes tribais e maquilhagem de pasmar, os incríveis intérpretes dançam e criam música com tambores e os seus próprios corpos, contando uma história curiosa e cheia de humor, intensidade e interacção com o público, que sai da sala a saber tocar parte de um dos temas do espectáculo.
Um espectáculo a não perder.
Publicada por Luís Costa Pires à(s) 03:01 1 comentários