27/05/2005

A falta de sensibilidade

No meu trabalho de jornalista tive, recentemente, para a revista que dirijo, de desenvolver um artigo sobre a falta de acessibilidades nas cidades portuguesas. E confesso que, apesar de me considerar bem informado sobre a maior parte dos assuntos, aliás a minha profissão obriga a isso, fiquei desagradavelmente surpreendido com este caso concreto.
Realmente, existe um grande sentimento de egoísmo generalizado nas pessoas. Uma incapacidade de olhar para o lado e pensar nas necessidades alheias. Existe também a incapacidade de perceber as dificuldades que não possuímos. É como, infelizmente, diz o ditado, "com o mal dos outros posso eu bem". Pois, mas a verdade é que não devíamos poder bem com essa situação.
A vida de um deficiente motor em Portugal, a vida de alguém que ande numa cadeira de rodas, já por si uma pessoa com um problema grande o suficiente (não se trata aqui de os tratar como coitadinhos, mas reconhecer de facto os seus problemas), é uma vida difícil. Por exemplo, encontrei muitos casos de edifícios públicos, que deveriam estar preparados para o caso, que não possuem rampa para acesso a cadeira de rodas. Noutros casos, eles foram integrados posteriormente no edifício, muitas vezes em materiais diferentes do original da construção, o que torna a estética horrível, e, ainda por cima, apesar de lá existirem, não há forma de uma cadeira de rodas conseguir subir o passeio antes de lá chegar. É o caso, por exemplo, do edifício do Tribunal das Caldas da Rainha.
Como dizia um dos entrevistados, até passarem pelas coisas, as pessoas não fazem ideia de como pode ser difícil encontrar um passeio mais alto. Ou, simplesmente, um automóvel estacionado no passeio, que permite a passagem de um homem a pé, mas não de cadeira de rodas. E tal é frequente em Portugal. Já para não falar dos espertinhos que estacionam em lugares para deficientes.

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