23/10/2003

Stand up comedy

Intriga-me o facto do Fernando Rocha ter tanto sucesso. Não percebo. Ele não inventa nada, além daquelas caras de parvo que faz. Limita-se a contar anedotas que já todos ouvimos e contámos, com a diferença que não o fazemos na televisão. Além disso, escolhe as mais ordinárias possíveis, tornando-se numa espécie de "Maluco do Riso XXX". E chamam aos seus números "stand up comedy"? Basta olhar para o Jerry Seinfeld para perceber a diferença. Num espectáculo de hora e meia (I´m telling you for the last time), o brilhante cómico norte-americano não precisa de dizer um único palavrão para manter o público em delírio. E não é por não focar assuntos relacionados com sexo. É por uma questão de classe.
Mas, enfim, o sucesso de Fernando Rocha mostra bem que o nosso País ainda sofre de graves complexos em relação à sexualidade e à liberdade, o que torna qualquer palavrão ou referência ordinária numa piada, principalmente pela aparente coragem que é necessária ao comediante para a dizer de outra forma que não em surdina.
Mas, felizmente, Fernando Rocha não é único comediante de Portugal. Mesmo aqui, no universo dos blogues, é possível encontrar excelentes autores de textos inéditos e realmente engraçados, com uma dose adequada de ironia e perspicácia.
Por isso, nos próximos dias, irei postar aqui alguns excertos do espectáculo ao vivo de Jerry Seinfeld, em tradução minha e livre para português, para que se possa perceber a diferença entre fazer "stand up comedy" e contar anedotas ordinárias na televisão.

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