28/06/2004

Durão na Europa

Compreendo que os portugueses estejam indignados com a partida de Durão Barroso para a Europa, até porque a alternativa apresentada para primeiro-ministro português é Pedro Santana Lopes (que assim sobe mais um degrau na sua escada do poder).
No entanto, olhando para trás e para a governação feita até agora, Portugal só pode ganhar com a saída de Durão. Primeiro, ganhamos uma voz importante na União Europeia e mais poder dentro da organização, ainda que a reboque da administração Bush e dos favores que fez a todo esse eixo de poder. Segundo, sem Barroso, haverá uma remodelação grande no Governo, que nunca poderá mudar para pior.
A saída de Durão só representa uma coisa: Afinal o PPD-PSD não mentiu. A retoma está mesmo a começar.

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24/06/2004

A loucura de Portugal

Finalmente o que se espera dos portugueses. Uma atitude fantástica, uma luz enorme.
Não vou falar do jogo, que foi brilhante. Não vou falar do golo de Rui Costa, que vale um Europeu inteiro.
Falo apenas da loucura. Portugal ganhou o jogo porque se relembrou do poder da loucura. Postiga, em pressão insuportável, em vez de marcar um penalty de maneira normal, picou a bola para um golo de belo efeito, mas de grande risco, que poderia crucificá-lo, caso falhasse, que podia colocar um país inteiro em lágrimas. A seguir, Ricardo tirou as luvas para defender a bola, numa atitude de louca determinação. E conseguiu. Depois, quis ser ele a marcar e deu a vitória a Portugal.
A loucura é o caminho do Português, o divino improviso, a genialidade, a ligação com o que não pode ser explicado. Assim, Portugal não poderá perder nunca. Da mesma maneira que, no passado, não perdeu batalhas em que estava em grande inferioridade numérica. Da mesma maneira que, munido de alguns marinheiros e barcos, resolveu andar pelos perigosos mares e descobriu novos mundos. A genialidade da loucura é o trunfo de Portugal e é preciso assumi-lo.
É que não se pode perder nunca aquele que não sabe qual o caminho a seguir.

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21/06/2004

Considerações

Agora, com mais calma, penso na vitória portuguesa sobre a Espanha e chego a algumas conclusões.

- Temos que agradecer parte da vitória ao nosso agente infiltrado, Carlos Queirós. Fez um excelente trabalho em Madrid, ao destruir a equipa galática do Real, desmoralizando assim os seus atletas, que foram achincalhados e humilhados pela comunicação social espanhola e mundial. Curiosamente, o único jogador do Real que escapou às críticas foi Figo. De resto, bem se viu, por exemplo, a sombra que Raul, eventualmente o melhor avançado do mundo, foi de si próprio neste Europeu. Em compensação, José António Camacho, não percebendo o duelo ibérico, chegou a Portugal e devolveu a mística ao Benfica, ajudando a que, por exemplo, Nuno Gomes estivesse confiante e moralizado no momento em que desferiu o golpe mortal no peito espanhol.

- A eliminação da Espanha acaba por ser algo prejudicial em termos económicos, pois os milhares de turistas espanhóis irão, com certeza, para casa, e não deixarão, com toda a certeza, os seus euros por cá. No entanto, temos mesmo é que rezar para que não nos calhe a Inglaterra na próxima ronda. Porque, já se sabe, iríamos "marchar contra os canhões", dar uma coça nos ingleses e enviá-los para casa e, com isso, perderíamos os muitos milhares de euros que a Sra. Beckham gasta por cada dia que passa em Portugal. E, numa altura em que estamos tão necessitados de verbas que nos permitam aumentar o PIB nacional, não podemos perder a sua estadia no nosso País. É que Vitória Beckham, sozinha, vale por muitos espanhóis. Com ou sem dinheiro, obviamente.

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20/06/2004

Até que enfim

Agora sim, Portugal mostrou qualidade. Foi um bom jogo da equipa das quinas frente à Espanha. Ricardo Carvalho e Nuno Valente foram enormes e mostraram por que razão foram campões europeus pelo Futebol Clube do Porto. No meio campo, Deco, Figo e Cristiano Ronaldo jogaram a grande nível. Figo finalmente arrancou uma grande exibição neste europeu. Maniche surpreendeu-me pela intensidade com que encarou o jogo, pela disponibilidade.
No ataque, já se sabe. Nuno Gomes é melhor que Pauleta, joga mais para o colectivo e é mais inteligente. Tinha sido outra das grandes sugestões que eu fiz após o jogo com a Grécia. Assim temos uma equipa.
Tivemos alguma sorte, é verdade. Os espanhóis enviaram duas bolas ao poste. Mas Portugal também teve boas oportunidades para aumentar a vantagem, que poderiam ter aumentado ainda mais a vergonha espanhola.
Mas os falhanços, assim como os golos, são coisas do futebol. E agora só há uma coisa realmente importante para dizer: Viva Portugal!

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16/06/2004

Esperança de estar errado

Depois da derrota com a Grécia, escrevi um post impiedoso sobre a selecção. Porque fiquei magoado, porque vi erros, porque partilhei da dor de um País que esperava um pouco de alegria. E que a merecia.
Mas agora, a poucas horas do jogo com a Rússia, quase que me esqueci do que aconteceu naquele jogo. E só passaram 3 dias desde então.
Agora já não me lembro da Grécia, nem dos erros infantis da equipa portuguesa. Só espero que os jogadores nacionais me façam engolir tudo o que escrevi há três dias. Que o Paulo Ferreira mostre que é um jogador de grande classe e que o Pauleta marque dois golos.
Espero ter errado. Tenho esperanças de que venha a ter que pedir desculpas pelas minhas palavras.

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Eleições

Evitei fazer comentários aos resultados eleitorais do passado domingo. Há muitos especialistas a fazê-lo. No entanto, agora que já passaram alguns dias, posso congratular-me com o resultado. O PSD foi castigado sim. Não vale a pena falar dos dias de praia, do 10 de Junho ou do Euro. A abstenção pode ter sido grande, o que é pena e vergonhoso, mas os que votaram não deixam de saber o que estão a fazer. A coligação tem feito um mau trabalho à frente do País e os portugueses estão fartos.
Não foi apenas um resultado de europeias. De certeza que o actual governo será penalizado nas próximas legislativas.
E atenção ao Bloco de Esquerda. Não me admiro nada que, nas próximas eleições, atinja os seis ou sete por cento dos votos.

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12/06/2004

Vergonha

Não concordo quando ouço dizer que os jogadores portugueses tiveram uma excelente atitude no primeiro encontro do Europeu. O pressing final é perfeitamente natural. Mal seria se uma equipa, a perder, ainda por cima em casa e num Europeu, não tentasse dar a volta ao resultado que lhe é adverso. Para mim, a atitude não se vê nesses momentos. Vê-se na concentração, na coragem, na forma como os jogadores encaram o encontro desde o primeiro minuto.
A equipa portuguesa jogou muito mal e a Grécia foi uma mais que justa vencedora, porque defendeu muito bem, correu mais, demonstrou mais força e mais concentração. No entanto, há que perceber que o descalabro colectivo, por vezes, nasce de erros individuais. E, neste caso, Paulo Ferreira foi o grande responsável pelo primeiro golo da Grécia e, consequentemente, por tudo o que se passou a seguir, pela desconcentração e nervosismo nacionais. Por muito que possa parecer cruel falar de erros individuais, a verdade é esta e não se pode admitir que um jogador campeão da europa, com a experiência do lateral direito português cometa um erro daqueles.
De resto, Pauleta só tem jogado bem em jogos particulares, onde marca golos a rodos. Figo só sabe fazer jogadas individuais. Maniche não demonstrou qualidade para alinhar de início contra equipas com um meio campo tão fechado, pois fechar o meio-campo não é a sua especialidade, mas sim a transição para o ataque. Petit teria sido a escolha óbvia para suster o meio campo e o contra-ataque da Grécia.
Enfim. Desta vez os portugueses não merecem isto. Apoiaram a equipa, encheram as casas e as ruas de bandeiras nacionais. Receberam os estrangeiros como deve ser. Construiram novos estádios em tempo recorde. No entanto, além de Cristiano Ronaldo, apenas Deco, que até é brasileiro, pareceram lutar com vontade pela selecção.
Agora, como sempre, lá estamos na corda bamba. Contra a Rússia é possível que Portugal consiga vencer. Contra a Espanha... contra a Espanha será preciso quase um milagre, porque é, claramente, a melhor equipa do grupo. É claro que ainda tudo é possível, mas as hipóteses são mínimas.
Somos sempre assim. Como diria Fernando Pessoa, que conhecia o espírito português como ninguém, “Quem te sagrou criou-te português / Do mar e nós em ti nos deu sinal. / Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez. / Senhor, falta cumprir-se Portugal!”.
É sempre assim. Falta sempre cumprir-se Portugal.

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10/06/2004

Patriotismo

Há muita gente que fala mal do futebol, dos futebolistas, de quem gosta de ver os jogos, de quem lê jornais desportivos, etc. No entanto, sei que, agora, em cada rua por onde ando, vejo bandeiras portuguesas espalhadas por todo o lado.
Tal não acontece por mais nenhuma outra razão, senão pelo Europeu de Futebol e pelo apoio à selecção.
Também preferia que houvesse outra razão que o explicasse, que fizesse os portugueses orgulhosos de si próprios. Mas o que me importa mesmo é saber que os portugueses recomeçam a valorizar a sua nação, a sua bandeira. Que volta a existir um sentido de nacionalidade, de patriotismo.
Isso é muito mais importante do que qualquer crítica que se faça.

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08/06/2004

Votar

Um professor dedicado à filosofia, chamado Francisco Trindade envia-me, há já alguns meses, emails a anunciar novos textos no seu site pessoal, afirmando-se seguidor de Proudhon, um pensador francês do século XIX.
Obviamente que, quando o tema me interessa, costumo ler os seus textos. Mas, o último que me enviou deixou-me bastante preocupado. Nesse texto, Francisco Trindade defende a abstenção nas próximas eleições para o Parlamento Europeu, por considerar que votar "mesmo que em branco, implica acreditar no sistema vigente. Implica participar no sistema. Participando no sistema estamos a apoiá-lo. Ao votar estamos a apoiar os governos, a guerra, a miséria, a desigualdade social (...) Ao não votar nas eleições para o Parlamento Europeu Burguês, fazendo-o de forma consciente, estamos a desacreditar o sistema. Se ainda acredita na liberdade de cada um e no respeito de todos, não vote!"
Sinceramente, choca-me o que li. Não votar não é desacreditar o sistema, é fugir às responsabilidades, é dizer que não se interessa, é perder o direito moral de reclamar, uma vez que se recusa também o direito e o dever de escolher e cumprir parte do dever cívico. Quem não concorda com o "sistema democrático" vigente, tem bom remédio: lutar para que ele mude. E isso pode ser feito nesta época. Através da colaboração em projectos sociais, educacionais e cívicos, através de associações, cooperativas, sindicatos, grupos, através da escrita, da arte, do jornalismo. Através da solidariedade, da fraternidade, da cooperação. Não é necessário adoptar posturas marginais. As sociedades mudam-se por dentro, não por fora.
Se pouca gente participa de facto na vida da sociedade não é porque não existam meios para o fazer. É porque as pessoas são preguiçosas e egoístas, porque preferem falar mal do estado das coisas no café e, depois, ir para casa ver os "Malucos do Riso", ou, então, citar teorias, filósofos e ideais, sem colocar nada realmente em prática.
A sociedade não se muda com teorias. Muda-se com actos. Votar é apenas um deles, se calhar o menos importante deles. Mas é o único que, ainda assim, faz sentido À maior parte das pessoas que vivem adormecidas. Se também esse acto ficar desacreditado, então caminhamos definitivamente para o abismo.

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01/06/2004

Sistema

Dias da Cunha, presidente da SAD do Sporting, em mais uma brilhante entrevista, afirma que o sistema está disposto a derrubá-lo.
Não sabia que a comunidade médica tinha arranjado agora outra denominação para a esquizofrenia.

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